quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Globo cancela debate em SP. Quem fugiu?
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Por Altamiro Borges
Em nota divulgada nesta terça-feira, a TV Globo anunciou o cancelamento do debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo, que estava marcado para quinta-feira (4). A decisão foi tomada após Levy Fidélix (PRTB) conseguir liminar para garantir a sua participação e a de Carlos Giannazi (Psol) no programa. A desculpa usada pela Rede Globo para cancelar o evento é que “faltou tempo para garanti-lo na Justiça” e “que seis [candidatos] é o número máximo de participantes para a realização de um debate produtivo”.
O argumento soa estranho. A própria emissora já realizou outros debates com mais participantes. O desfecho, porém, é péssimo para a capital paulista, a maior cidade do país e que reúne tantos problemas urbanos. Esta será a eleição em São Paulo com menos debates nos canais privados, que exploram concessões públicas. Antes da TV Globo, a Record também já havia cancelado um debate agendado. A quem serve este “boicote” ao confronto democrático de ideias e propostas nas eleições paulistanas?
Quem fugiu: Serra ou Russomanno?
No caso da TV Globo, a suspeita é natural. Serve a José Serra, que sempre manteve sólidos vínculos com a famiglia Marinho – inclusive com a doação de um terreno em área nobre na capital paulista. Em queda nas pesquisas, o tucano evita maior exposição e a TV Globo deu apenas uma ajudinha. Já no caso da TV Record, a suspensão foi provocada por atritos com a direção do PSDB, mas serviu ao candidato Celso Russomanno, empregado da emissora e famoso pela ausência de propostas e por sua trajetória de “laranja”.
Em nota oficial, a TV Record alegou que o candidato tucano não respondeu se participaria do evento, o que serviu de desculpa para o seu cancelamento. “O nosso objetivo claro e imparcial desde o primeiro momento era garantir a José Serra o mesmo espaço oferecido aos outros sete candidatos que, pela legislação eleitoral em vigor, devem participar com direitos iguais de toda a cobertura eleitoral da emissora. O candidato e o partido jamais responderam aos documentos protocolados”, justificou.
Concessões públicas aviltadas
O comando do PSDB também emitiu nota contestando a emissora e acusando-a de proteger Russomanno. “Em momento algum a campanha se recusou a participar do programa. O lamentável cancelamento foi uma decisão exclusiva da TV Record, e assim deve ser assumido... A decisão de Russomanno de faltar aos debates e a decisão da Rede Record de não mais realizar o programa previsto para o dia 1º de outubro não podem ser imputadas a qualquer outra candidatura”.
O triste nesta história toda é que emissoras privadas de televisão utilizam concessões públicas para defender os seus “candidatos”. Não há qualquer compromisso com a prestação de serviços à sociedade. E o governo Dilma Rousseff ainda vacila – para dizer o mínimo – em deflagrar um debate democrático sobre a urgente regulação dos meios de comunicação. Continua alimentado cobras!
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