domingo, 29 de abril de 2012

DITADURA DA MIDIA: Globo, Abril e Folha se unem contra CPI da mídia

Globo, Abril e Folha se unem contra CPI da mídia
Globo, Abril e Folha se unem contra CPI da mídiaFoto: Folhapress_Divulgação

Principais grupos de comunicação fecham pacto de não agressão e transmitem ao Planalto a mensagem de que pretendem retaliar o governo se houver qualquer convocação de jornalistas ou de empresários do setor; porta-voz do grupo na comissão é o deputado Miro Teixeira; na Inglaterra, um país livre, o magnata Rupert Murdoch depôs ontem

27 de Abril de 2012 às 05:19 via Brasil 247
247 – Há exatamente uma semana, o 247 revelou com exclusividade que o executivo Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília com uma missão: impedir a convocação do chefe Roberto Civita pela CPI sobre as atividades de Carlos Cachoeira. Jeitoso e muito querido em Brasília, Barbosa foi bem-sucedido, até agora. Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, não constam o nome de Civita nem do jornalista Policarpo Júnior, ponto de ligação entre a revista Veja e o contraventor Carlos Cachoeira. O silêncio do PT em relação ao tema também impressiona.
Surgem, aos poucos, novas informações sobre o engavetamento da chamada “CPI da Veja” ou “CPI da mídia”. João Roberto Marinho, da Globo, fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de comunicação. Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, também aderiu ao pacto de não agressão. E este grupo já tem até um representante na CPI. Trata-se do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Na edição de hoje da Folha, há até uma nota emblemática na coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães. Chama-se “Vacina” e diz o que segue abaixo:
“O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) vai argumentar na CPI, com base no artigo 207 do Código de Processo Penal, que é vedado o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo, como jornalistas. O PT tenta levar parte da mídia para o foco da investigação”.
O argumento de Miro Teixeira é o de que jornalistas não poderão ser forçados a quebrar o sigilo da fonte, uma garantia constitucional. Ocorre que este sigilo já foi quebrado pelas investigações da Polícia Federal, que revelaram mais de 200 ligações entre Policarpo Júnior e Carlos Cachoeira. Além disso, vários países discutem se o sigilo da fonte pode ser usado como biombo para a proteção de crimes, como a realização de grampos ilegais.

Inglaterra, um país livre
Pessoas que acompanham o caso de perto estão convencidas de que Civita e Policarpo só serão convocados se algum veículo da mídia tradicional decidir publicar detalhes do relacionamento entre Veja e Cachoeira. Avalia-se, nos grandes veículos, que a chamada blogosfera ainda não tem força suficiente para mover a opinião pública e pressionar os parlamentares. Talvez seja verdade, mas, dias atrás, a hashtag #vejabandida se tornou o assunto mais comentado do Twitter no mundo.
Um indício do pacto de não agressão diz respeito à forma como veículos tradicionais de comunicação noticiaram nesta manhã o depoimento de Rupert Murdoch, no parlamento inglês. Sim, Murdoch foi forçado a depor numa CPI na Inglaterra – não na Venezuela – para se explicar sobre a prática de grampos ilegais publicados pelo jornal News of the World. Nenhum jornalista, nem mesmo funcionário de Murdoch, levantou argumentos de um possível cerceamento à liberdade de expressão. Afinal, como todos sabem, a Inglaterra é um país livre.

O Brasil se vê hoje diante de uma encruzilhada: ou opta pela liberdade ou se submete ao coronelismo midiático.

sábado, 28 de abril de 2012

O QUE É O COMUNISMO?


Princípios Básicos do Comunismo [N36]


Friedrich Engels


Novembro de 1847


Link Avante



Primeira Edição: Escrito em fins de Outubro e Novembro de 1847. Publicado pela primeira vez em edição separada em 1914. Publicado segundo o manuscrito.
Fonte: Obras Escolhidas em três tomos, Editorial "Avante!"
Tradução: José BARATA-MOURA ( Traduzido do alemão.)
Transcrição: José Braz e Maria de Jesus Coutinho.
HTML: Fernando A. S. Araújo, janeiro 2006.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Editorial "Avante!" – Edições Progresso Lisboa – Moscovo, 1982.



1.ª Pergunta: Que é o comunismo?

Resposta: O comunismo é a doutrina das condições de libertação do proletariado.

2.ª P[ergunta]: Que é o proletariado?

R[esposta]: O proletariado é aquela classe da sociedade que tira o seu sustento única e somente da venda do seu trabalho e não do lucro de qualquer capital; [aquela classe] cujo bem e cujo sofrimento, cuja vida e cuja morte, cuja total existência dependem da procura do trabalho e, portanto, da alternância dos bons e dos maus tempos para o negócio, das flutuações de uma concorrência desenfreada. Numa palavra, o proletariado ou a classe dos proletários é a classe trabalhadora do século XIX.

3.ª P[ergunta]: Portanto, nem sempre houve proletários?

R[esposta]: Não. Classes pobres e trabalhadoras sempre houve; e as classes trabalhadoras eram, na maioria dos casos, pobres. Mas nem sempre houve estes pobres, estes operários vivendo nas condições que acabamos de assinalar, portanto, [nem sempre houve] proletários, do mesmo modo que a concorrência nem sempre foi livre e desenfreada.

4.ª P[ergunta]: Como é que apareceu o proletariado?

R[esposta]: O proletariado apareceu com a revolução industrial, que se processou em Inglaterra na segunda metade do século passado e que, desde então, se repetiu em todos os países civilizados do mundo. Esta revolução industrial foi ocasionada pela invenção da máquina a vapor, das várias máquinas de fiar, do tear mecânico e de toda uma série de outros aparelhos mecânicos. Estas máquinas, que eram muito caras e, portanto, só podiam ser adquiridas pelos grandes capitalistas, transformaram todo o modo de produção anterior e suplantaram os antigos operários, na medida em que as máquinas forneciam mercadorias mais baratas e melhores do que as que os operários podiam produzir com as suas rodas de fiar e teares imperfeitos. Estas máquinas colocaram, assim, a indústria totalmente nas mãos dos grandes capitalistas e tornaram a escassa propriedade dos operários (ferramentas, teares, etc.) completamente sem valor, de tal modo que, em breve, os capitalistas tomaram tudo nas suas mãos e os operários ficaram sem nada. Assim se instaurou na confecção de tecidos o sistema fabril. Uma vez dado o impulso para a introdução da maquinaria e do sistema fabril, este sistema foi também muito rapidamente aplicado a todos os restantes ramos da indústria, nomeadamente, à estampagem de tecido e à impressão de livros, à olaria, à indústria metalúrgica. O trabalho foi cada vez mais dividido entre cada um dos operários, de tal modo que o operário que anteriormente fizera toda uma peça de trabalho agora passou a fazer apenas uma parte dessa peça. Esta divisão do trabalho tornou possível que os produtos fossem fornecidos mais depressa e, portanto, mais baratos. Ela reduziu a actividade de cada operário a um gesto mecânico muito simples, repetido mecanicamente a cada instante, o qual podia ser feito por uma máquina não apenas tão bem, mas ainda muito melhor. Deste modo, todos estes ramos da indústria caíram, um após outro, sob o domínio da força do vapor, da maquinaria e do sistema fabril, da mesma maneira que a fiação e a tecelagem.

Mas por este facto elas caíram, ao mesmo tempo, completamente nas mãos dos grandes capitalistas e aos operários foi assim retirado também o último resto de independência. Pouco a pouco, para além da própria manufactura, também o artesanato caiu cada vez mais sob o domínio do sistema fabril, uma vez que, aqui também, os grandes capitalistas suplantaram os pequenos mestres por meio da montagem de grandes oficinas, com as quais muitos custos eram poupados e o trabalho podia igualmente ser dividido. Chegámos assim a que, nos países civilizados, quase todos os ramos de trabalho são explorados segundo o modelo fabril e, em quase todos os ramos de trabalho, o artesanato e a manufactura foram suplantados pela grande indústria.

Por isso, a antiga classe média, em especial os pequenos mestres artesãos, fica cada vez mais arruinada, a anterior situação dos operários fica completamente transformada e constituem-se duas novas classes, que a pouco e pouco absorvem todas as restantes, a saber:

  1. A classe dos grandes capitalistas que, em todos os países civilizados, estão quase exclusivamente na posse de todos os meios de existência e das matérias-primas e dos instrumentos (máquinas, fábricas) necessários para a produção dos meios de existência; Esta é a classe dos burgueses, ou a burguesia.
  2. A classe dos que nada possuem, os quais, em virtude disso, estão obrigados a vender o seu trabalho aos burgueses a fim de obter em troca os meios de existência necessários ao seu sustento. Esta classe chama-se a classe dos proletários, ou o proletariado.

5.ª P[ergunta]: Em que condições tem lugar esta venda do trabalho dos proletários aos burgueses?

R[esposta]: O trabalho é uma mercadoria como qualquer outra, e daí que o seu preço seja determinado precisamente pelas mesmas leis que o de qualquer outra mercadoria. O preço de uma mercadoria, sob o domínio da grande indústria ou da livre concorrência – o que, como veremos, vem a dar ao mesmo -, é, porém, em média, sempre igual aos custos de produção dessa mercadoria. O preço do trabalho é, portanto, também igual aos custos de produção do trabalho. Os custos de produção do trabalho consistem, porém, precisamente, em tantos meios de existência quantos os [que são] necessários para manter os operários em condições de continuar a trabalhar e para não deixar extinguir-se a classe operária. O operário não obterá, portanto, pelo seu trabalho mais do que aquilo que é necessário para esse fim; o preço do trabalho, ou o salário, será, portanto, o mais baixo possível, o mínimo que é necessário para o sustento. Pelo facto de que, porém, os tempos ora são piores, ora são melhores, para o negócio, o operário ora receberá mais, ora receberá menos, tal como o fabricante receberá ora mais, ora menos, pela sua mercadoria. Do mesmo modo, porém, que o fabricante, na média dos tempos bons e dos [tempos] maus para o negócio, não obtém pela sua mercadoria nem mais nem menos do que os seus custos de produção, também o operário, em média, não receberá nem mais nem menos do que aquele mesmo mínimo. Esta lei económica do salário realizar-se-á tanto mais rigorosamente quanto mais a grande indústria se for apoderando de todos os ramos do trabalho.

6.ª P[ergunta]: Que classes de trabalhadores houve antes da revolução industrial?

R[esposta]: Consoante as diversas etapas de desenvolvimento da sociedade, assim as classes trabalhadoras viveram em condições diversas e tiveram posições diversas relativamente às classes proprietárias e dominantes. Na Antiguidade, os trabalhadores eram escravos dos proprietários, como ainda o são em muitos países atrasados e, inclusiva mente, na parte sul dos Estados Unidos. Na Idade Média eram servos dos nobres proprietários de terras, como ainda o são na Hungria, na Polónia e na Rússia. Na Idade Média, e até à revolução industrial, houve ainda, além disso, nas cidades, oficiais artesãos que trabalhavam ao serviço de mestres pequeno-burgueses e, a pouco e pouco, com o desenvolvimento da manufactura, apareceram os operários das manufacturas que eram já empregados por grandes capitalistas.

7.ª P[ergunta]: Como se diferencia o proletário do escravo?

R[esposta]: O escravo está vendido de uma vez para sempre; o proletário tem de se vender a si próprio diariamente e hora a hora. O indivíduo escravo, propriedade de um senhor, tem uma existência assegurada, por muito miserável que seja, em virtude do interesse do senhor; o indivíduo proletário – propriedade, por assim dizer, de toda a classe burguesa -, a quem o trabalho só é comprado quando alguém dele precisa, não tem a existência assegurada. Esta existência está apenas assegurada a toda a classe dos proletários. O escravo está fora da concorrência, o proletário está dentro dela e sente todas as suas flutuações. O escravo vale como uma coisa, não como um membro da sociedade civil; o proletário é reconhecido como pessoa, como membro da sociedade civil. O escravo pode, portanto, levar uma existência melhor do que a do proletário, mas o proletário pertence a uma etapa superior do desenvolvimento da sociedade e está ele próprio numa etapa superior à do escravo. O escravo liberta-se ao abolir, de entre todas as relações de propriedade privada, apenas a relação de escravatura e ao tornar-se, assim, ele próprio proletário; o proletário só pode libertar-se ao abolir a propriedade privada em geral.

8.ª P[ergunta]: Como se diferencia o proletário do servo?

R[esposta]: O servo tem a posse e o usufruto de um instrumento de produção, de uma porção de terra, contra a entrega de uma parte do produto, ou contra a prestação de trabalho. O proletário trabalha com instrumentos de produção de outrem por conta desse outrem, contra o recebimento de uma parte do produto. O servo entrega, o proletário recebe. O servo tem uma existência assegurada, o proletário não a tem. O servo está fora da concorrência, o proletário está dentro dela. O servo liberta-se fugindo para as cidades e tornando-se aí artesão, ou dando ao seu amo dinheiro, em vez de trabalho e produtos, e tornando-se rendeiro livre, ou expulsando o senhor feudal e tornando-se ele próprio proprietário: em suma, entrando, de uma ou de outra maneira, na classe proprietária e na concorrência. O proletário liberta-se abolindo a concorrência, a propriedade privada e todas as diferenças de classes.

9.ª P[ergunta]: Como se diferencia o proletário do artesão?

R[esposta]: (1)

10.ª P[ergunta]: Como se diferencia o proletário do operário manufactureiro?

R[esposta]: O operário manufactureiro dos séculos XVI a XVIII ainda tinha quase sempre na sua posse um instrumento de produção: o seu tear, as rodas de fiar para a família, um pequeno terreno que cultivava nas horas vagas. O proletário não tem nada disso. O operário manufactureiro vive quase sempre no campo e em relações mais ou menos patriarcais com o seu amo ou patrão; o proletário vive, na maioria dos casos, em grandes cidades e está numa pura relação de dinheiro com o seu patrão. O operário manufactureiro é arrancado das suas relações patriarcais pela grande indústria, perde a propriedade que ainda possuía e só então se torna ele próprio proletário.

11.ª P[ergunta]: Quais foram as consequências imediatas da revolução industrial e da divisão da sociedade em burgueses e proletários?

R[esposta]: Em primeiro lugar, em todos os países do mundo, o velho sistema da manufactura ou da indústria assente na trabalho manual foi completamente destruído pelo facto de os preços dos artigos industriais se tornarem cada vez mais baratos em consequência do trabalho das máquinas. Todos os países semibárbaros, os quais, até então, tinham permanecido mais ou menos alheios ao desenvolvimento histórico, e cuja indústria, até então, assentara na manufactura, foram, desta forma, violentamente arrancados ao seu isolamento. Compraram as mercadorias mais baratas dos Ingleses e deixaram arruinar os seus próprios operários manufactureiros. Assim, países que há milénios não faziam qualquer progresso, como por exemplo a Índia, foram revolucionados de uma ponta a outra, e a própria China caminha agora para uma revolução. As coisas chegaram a tal ponto que uma nova máquina hoje inventada na Inglaterra deixa sem pão, no espaço de um ano, milhões de operários na China. Deste modo, a grande indústria colocou em relação uns com os outros todos os povos da Terra, juntou todos os pequenos mercados locais no mercado mundial, preparou, por toda a parte, o terreno para a civilização e o progresso, de modo que tudo aquilo que acontece nos países civilizados tem de repercutir-se em todos os outros países. De tal modo, que se agora em Inglaterra ou em França, os operários se libertarem, isso terá de arrastar consigo revoluções em todos os países, as quais, mais tarde ou mais cedo, conduzirão igualmente à libertação dos operários locais.

Em segundo lugar, em toda a parte em que a grande indústria substituiu a manufactura, a burguesia desenvolveu, no mais alto grau, a sua riqueza e o seu poder, e tornou-se a primeira classe do país. A consequência disto foi que, em toda a parte onde isso aconteceu, a burguesia tomou nas suas mãos o poder político e desalojou as classes até então dominantes: a aristocracia, os burgueses das corporações e a monarquia absoluta que os representava a ambos. A burguesia aniquilou o poder da aristocracia, da nobreza, ao abolir os morgadios ou a inalienabilidade da propriedade fundiária e todos os privilégios da nobreza. Destruiu o poder dos burgueses das corporações, ao abolir as corporações e os privilégios dos artesãos. A ambos substituiu pela livre concorrência, isto é, o estado da sociedade em que cada um tem o direito de explorar qualquer ramo da indústria e em que nada o pode impedir da exploração do mesmo a não ser a falta do capital para tanto necessário. A introdução da livre concorrência e, portanto, a declaração pública de que, daí em diante, os membros da sociedade são apenas desiguais na medida em que os seus capitais são desiguais, de que o capital se tornou o poder decisivo e [de que], com isso, os capitalistas, os burgueses [se tornaram] a primeira classe da sociedade. A livre concorrência é, porém, necessária para o começo da grande indústria, porque é o único estado da sociedade em que a grande indústria pode crescer. A burguesia, depois de ter aniquilado por esta forma o poder social da nobreza e dos burgueses das corporações, aniquilou-lhes também o poder político. Assim como na sociedade se elevou a primeira classe, proclamou-se também como primeira classe politicamente. Fê-lo com a introdução do sistema representativo, que assenta na igualdade burguesa perante a lei, no reconhecimento legal da livre concorrência, e que nos países europeus foi instaurado sob a forma da monarquia constitucional. Nestas monarquias constitucionais são apenas eleitores aqueles que possuem um certo capital, ou seja, apenas os burgueses elegem os deputados, e estes deputados burgueses, por meio do direito de recusar impostos, elegem um governo burguês.

Em terceiro lugar, ela [a revolução industrial] desenvolveu por toda a parte o proletariado na mesma medida em que desenvolveu a burguesia. Na proporção em que os burgueses se tornavam mais ricos, tornavam-se os proletários mais numerosos. Uma vez que os proletários somente por meio do capital podem ter emprego e o capital só se multiplica quando emprega trabalho, a multiplicação do proletariado avança precisamente ao mesmo passo que a multiplicação do capital. Ao mesmo tempo, concentra tanto os burgueses como os proletários em grandes cidades, nas quais se torna mais vantajoso explorar a indústria, e com esta concentração de grandes massas num mesmo lugar dá ao proletariado a consciência da sua força. Além disso, quanto mais [a revolução industrial] se desenvolve, quanto mais se inventam novas máquinas que suplantam o trabalho manual, tanto mais, como já dissemos, a grande indústria reduz os salários ao seu mínimo e torna, por esse facto, a situação do proletariado cada vez mais insuportável. Deste modo, ela prepara, por um lado, com o descontentamento crescente e, por outro lado, com o poder crescente do proletariado, uma revolução da sociedade pelo proletariado.

12.ª P[ergunta]: Que outras consequências teve a revolução industrial?

R[esposta]: A grande indústria criou, com a máquina a vapor e as outras máquinas, os meios para multiplicar até ao infinito a produção industrial num tempo curto e com poucos custos. Sendo a produção tão fácil, a livre concorrência necessariamente decorrente desta grande indústria muito depressa assumiu um carácter extremamente intenso; um grande número de capitalistas lançou-se na indústria e, a breve trecho, produzia-se mais do que podia ser consumido. A consequência disso foi que as mercadorias fabricadas não podiam ser vendidas e sobreveio uma chamada crise comercial. As fábricas tiveram de ficar paradas, os fabricantes caíram na bancarrota e os operários ficaram sem pão. Por toda a parte sobreveio a maior miséria. Depois de algum tempo foram-se vendendo os produtos em excesso, as fábricas voltaram a trabalhar, o salário subiu e, pouco a pouco, os negócios passaram a ir melhor do que nunca. Mas não por muito tempo, já que de novo voltaram a produzir-se mercadorias em excesso e sobreveio uma nova crise, que seguiu precisamente o mesmo curso que a anterior. Assim, desde o começo deste século, a situação da indústria tem oscilado continuamente entre épocas de prosperidade e épocas de crise, e quase regularmente, de cinco em cinco anos, ou de sete em sete anos, sobreveio uma destas crises, de todas as vezes conjugada com a maior miséria dos operários, com uma agitação revolucionária geral e com o maior perigo para toda a ordem vigente.

13ª P[ergunta]: o que é que resulta destas crises comerciais que se repetem regularmente?

R[esposta]: Em primeiro lugar, que a grande indústria, apesar de na sua primeira época de desenvolvimento ter ela própria dado origem à livre concorrência, está agora, contudo, a abandonar a livre concorrência; que a concorrência e, em geral, a exploração da produção industrial por singulares se tomou para ela um grilhão que tem de quebrar e quebrará; que a grande indústria, enquanto for empreendida na base actual, somente se pode manter por meio de uma perturbação geral repetida de sete em sete anos, a qual ameaça, de cada vez, toda a civilização, e não só faz cair os proletários na miséria como também arruína um grande número de burgueses; que, portanto, ou a própria grande indústria tem de ser completamente abandonada – o que é uma absoluta impossibilidade -, ou então ela torna absolutamente necessária uma organização totalmente nova da sociedade, na qual já não são os fabricantes individuais, em concorrência entre si, mas toda a sociedade, de acordo com um plano estabelecido e segundo as necessidades de todos, quem dirige a produção industrial.

Em segundo lugar, que a grande indústria e a expansão da produção até ao infinito por ela tornada possível, tornam possível um estado da sociedade em que é produzido tanto de tudo o que é necessário à vida que cada membro da sociedade ficará por esse facto em condições de desenvolver e de pôr em prática todas as suas forças e aptidões em completa liberdade. De tal modo que precisamente aquela qualidade da grande indústria que dá origem, na sociedade de hoje, a toda a miséria e a todas as crises comerciais, é a mesma que, numa outra organização social, acabará com essa miséria e com essas oscilações que causam tanta infelicidade.

De tal modo que fica provado da maneira mais clara:

  1. que de agora em diante todos estes males são de imputar à ordem social que já não se adequa às condições existentes, e
  2. que já existem os meios para eliminar completamente estes males por meio de uma nova ordem social.

14.ª P[ergunta]: De que tipo terá de ser esta nova ordem social?

R[esposta]: Antes do mais, ela tirará a exploração da indústria e de todos os ramos da produção em geral das mãos de cada um dos indivíduos singulares em concorrência uns com os outros e, em vez disso, terá de fazer explorar todos esses ramos da produção por toda a sociedade, isto é, por conta da comunidade, segundo um plano da comunidade e com a participação de todos os membros da sociedade. Abolirá, portanto, a concorrência e estabelecerá, em lugar dela, a associação. Uma vez que a exploração da indústria por singulares tinha como consequência necessária a propriedade privada, e que a concorrência não é mais do que o modo da exploração da indústria pelos proprietários privados individuais, a propriedade privada não pode ser separada da exploração individual da indústria nem da concorrência. A propriedade privada terá, portanto, igualmente de ser abolida e, em seu lugar, estabelecer-se-á a utilização comum de todos os instrumentos de produção e a repartição de todos os produtos segundo acordo comum, ou a chamada comunidade dos bens. A abolição da propriedade privada é mesmo a expressão mais breve e mais característica desta transformação de toda a ordem social necessariamente resultante do desenvolvimento da indústria, e por isso é com razão avançada pelos comunistas como reivindicação principal.

15.ª P[ergunta]: Então a abolição da propriedade privada não era possível anteriormente?

R[esposta]: Não. Todas as transformações da ordem social, todas as revoluções nas relações de propriedade, têm sido consequência necessária da criação de novas forças produtivas que já não se iam adequar às antigas relações de propriedade. Foi assim que a própria propriedade privada surgiu. Porque a propriedade privada nem sempre existiu; quando, nos finais da Idade Média, foi criado na manufactura um novo tipo de produção que não se deixava subordinar à propriedade feudal e corporativa da altura, é que esta manufactura, que já não cabia dentro das antigas relações de propriedade, deu, então, origem a uma nova forma de propriedade. Para a manufactura e para a primeira etapa do desenvolvimento da grande indústria não era possível, porém, qualquer outra forma de propriedade a não ser a propriedade privada. Enquanto não puder ser produzido tanto que seja não só suficiente para todos, mas que também fique um excedente de produtos para aumento do capital social e para a formação de mais forças produtivas, terá sempre de haver uma classe dominante, dispondo das forças produtivas da sociedade, e uma classe pobre e oprimida. A maneira como estas classes serão constituídas dependerá da etapa de desenvolvimento da produção. A Idade Média, dependente do cultivo da terra, dá-nos o barão e o servo; as cidades da baixa Idade Média mostram-nos o mestre da corporação, o oficial e o jornaleiro; o século XVII tem o proprietário da manufactura e o operário manufactureiro; o século XIX – o grande fabricante e o proletário. É claro que até aqui as forças produtivas não estavam ainda tão desenvolvidas ao ponto de se poder produzir o suficiente para todos e de a propriedade privada se ter tornado para essas forças produtivas um grilhão e um entrave. Hoje, porém, quando, pelo desenvolvimento da grande indústria se criaram, em primeiro lugar, capitais e forças produtivas numa quantidade nunca antes conhecida e existem meios para, num curto lapso de tempo, multiplicar essas forças produtivas até ao infinito; quando, em segundo lugar, essas forças produtivas estão concentradas nas mãos de poucos burgueses, enquanto a grande massa do povo se converte cada vez mais em proletários, enquanto a sua situação se torna mais miserável e insuportável, na mesma proporção em que se multiplicam as riquezas dos burgueses; quando, em terceiro lugar, estas forças produtivas poderosas e que se multiplicam facilmente ultrapassaram de tal maneira a propriedade privada e os burgueses que provocam a cada momento as mais violentas perturbações na ordem social – agora a abolição da propriedade privada não se tornou apenas possível, tornou-se inteiramente necessária.

16.ª P[ergunta]: Será possível a abolição da propriedade privada por via pacífica?

R[esposta]: Seria de desejar que isso pudesse acontecer, e os comunistas seriam certamente os últimos que contra tal se insurgiriam. Os comunistas sabem muitíssimo bem que todas as conspirações são não apenas inúteis, como mesmo prejudiciais. Eles sabem muitíssimo bem que as revoluções não são feitas propositada nem arbitrariamente, mas que, em qualquer tempo e em qualquer lugar, elas foram a consequência necessária de circunstâncias inteiramente independentes da vontade e da direcção deste ou daquele partido e de classes inteiras. Mas eles também vêem que o desenvolvimento do proletariado em quase todos os países civilizados é violentamente reprimido e que, deste modo, os adversários dos comunistas estão a contribuir com toda a força para uma revolução. Acabando assim o proletariado oprimido por ser empurrado para uma revolução, nós, os comunistas, defenderemos nos actos, tão bem como agora com as palavras, a causa dos proletários.

17.ª P[ergunta]: Será possível abolir a propriedade privada de um só golpe?

R[esposta]: Não, do mesmo modo que não se podem fazer aumentar de um só golpe as forças produtivas já existentes tanto quanto é necessário para a edificação da comunidade (2). Por isso a revolução do proletariado, que com toda a naturalidade se vai aproximando, só a pouco e pouco poderá, portanto, transformar a sociedade actual, e somente poderá abolir a propriedade privada quando estiver criada a massa de meios de produção necessária para isso.

18ª P[ergunta]: Que curso de desenvolvimento tomará essa revolução?

R[esposta]: Ela estabelecerá, antes do mais, uma Constituição democrática do Estado, e com ela, directa ou indirectamente, o domínio político do proletariado. Directamente, em Inglaterra, onde os proletários constituem já a maioria do povo. Indirectamente, em França e na Alemanha, onde a maioria do povo não consiste apenas em proletários mas também em pequenos camponeses e pequenos burgueses, os quais começam a estar envolvidas no processo de passagem ao proletariado, se tornam cada vez mais dependentes deste em todos os seus interesses políticos e, portanto, têm de se acomodar em breve às reivindicações do proletariado. Isto custará, talvez, uma segunda luta, a qual, porém, só pode terminar com a vitória do proletariado.

A democracia seria totalmente inútil para o proletariado se ela não fosse utilizada imediatamente como meio para a obtenção de outras medidas que ataquem directamente a propriedade privada e assegurem a existência do proletariado. As medidas principais, tal como decorrem, já agora, como consequência necessária, das condições existentes, são as seguintes:

  1. Restrição da propriedade privada por meio de impostos progressivos, altos impostos sobre heranças, abolição da herança por parte das linhas colaterais (irmãos, sobrinhos, etc.), empréstimos forçados, etc.
  2. Expropriação gradual dos latifundiários, fabricantes, proprietários de caminhos-de-ferro e armadores de navios, em parte pela concorrência da indústria estatizada, em parte, directamente, contra indemnização em papéis do Estado.
  3. Confiscação dos bens de todos os emigrantes (3) e rebeldes contra a maioria do povo.
  4. Organização do trabalho ou ocupação dos proletários em herdades nacionais, fábricas e oficinas, pela qual se elimina a concorrência dos operários entre si e os fabricantes são obrigados, enquanto ainda subsistirem, a pagar o mesmo salário elevado que o Estado.
  5. Igual obrigação de trabalho para todos os membros da sociedade até à completa abolição da propriedade privada Formação de exércitos industriais, sobretudo, para a agricultura.
  6. Centralização do sistema de crédito e da banca nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e repressão de todos os bancos privados e banqueiros.
  7. Multiplicação do número de fábricas, oficinas, caminhos-de-ferro e navios nacionais, cultivo de todas as terras e melhoramento das já cultivadas, na mesma proporção em que se multiplicarem os capitais e os operários que se encontram à disposição da nação.
  8. Educação de todas as crianças, a partir do momento em que podem passar sem os cuidados maternos, em estabelecimentos nacionais e a expensas do Estado. Combinar a educação e o trabalho fabril.
  9. Construção de grandes palácios nas herdades nacionais para habitações colectivas das comunidades de cidadãos que se dedicam tanto à indústria como à agricultura, e que reúnam em si tanto as vantagens da vida citadina como as da rural, sem partilhar da unilateralidade e dos defeitos de ambos os modos de vida.
  10. Destruição de todas as habitações e bairros insalubres e mal construídos.
  11. Igualdade de direito de herança para os filhos ilegítimos e legítimos.
  12. Concentração de todo o sistema de transportes nas mãos da nação.

Naturalmente, nem todas estas medidas podem ser empreendidas de uma só vez. Porém, uma arrasta sempre atrás de si a outra. Uma vez realizado o primeiro ataque radical contra a propriedade privada, o proletariado ver-se-á obrigado a seguir sempre para diante, a concentrar cada vez mais nas mãos do Estado todo o capital, toda a agricultura, toda a indústria, todo o transporte, toda a troca. É para aí que todas estas medidas apontam; e elas tornar-se-ão aplicáveis e desenvolverão as suas consequências centralizadoras na precisa medida em que as forças produtivas do país sejam multiplicadas pelo trabalho do proletariado. Finalmente, quando todo o capital, toda a produção e toda a troca estiverem concentrados nas mãos da nação, a propriedade privada desaparecerá por si própria, o dinheiro tornar-se-á supérfluo e a produção aumentará tanto e os homens transformar-se-ão tanto, que poderão igualmente tombar as últimas formas de intercâmbio [N7] da antiga sociedade.

19.ª P[ergunta]: Poderá esta revolução realizar-se apenas num único país?

R[esposta]: Não. A grande indústria, pelo facto de ter criado o mercado mundial, levou todos os povos da terra – e, nomeadamente, os civilizados – a uma tal ligação uns com os outros que cada povo está dependente daquilo que acontece a outro. Além disso, em todos os países civilizados ela igualou de tal maneira o desenvolvimento social, que em todos esses países a burguesia e o proletariado se tornaram as duas classes decisivas da sociedade e a luta entre elas a luta principal dos nossos dias. A revolução comunista não será, portanto, uma revolução simplesmente nacional; será uma revolução que se realizará simultaneamente em todos os países civilizados, isto é, pelo menos em Inglaterra, na América, em França e na Alemanha [N14]. Ela desenvolver-se-á em cada um destes países mais rápida ou mais lentamente, consoante um ou outro país possuir uma indústria mais avançada, uma maior riqueza, uma massa mais significativa de forças produtivas. Na Alemanha ela será efectuada, portanto, mais lenta e dificilmente, em Inglaterra mais rápida e facilmente. Ela terá igualmente uma repercussão significativa nos restantes países do mundo, transformará totalmente e acelerará muito o seu actual modo de desenvolvimento. Ela é uma revolução universal e terá, portanto, também um âmbito universal.

20.ª P[ergunta]: Quais são as consequências da abolição final da propriedade privada?

R[esposta]: Pelo facto de a sociedade retirar das mãos dos capitalistas privados o usufruto de todas as forças produtivas e meios de comunicação, assim como a troca e a repartição dos produtos, e os administrar segundo um plano resultante dos meios disponíveis e das necessidades de toda a sociedade, serão eliminadas, antes do mais, todas as consequências nefastas que agora ainda se encontram ligadas à exploração da grande indústria. As crises desaparecerão; a produção alargada que, para a ordem actual da sociedade, é uma sobreprodução e uma causa tão poderosa da miséria, já não será então suficiente e terá de ser alargada ainda muito mais. Em vez de ocasionar a miséria, a sobreprodução assegurará, para além das necessidades imediatas da sociedade, a satisfação das necessidades de todos, e criará novas necessidades e, ao mesmo tempo, os meios para as satisfazer. Ela será condição e motivo de novos progressos, e realizará estes progressos sem que, por esse facto, como sempre até aqui, a ordem social seja perturbada. A grande indústria, liberta da pressão da propriedade privada, desenvolver-se-á numa tal extensão que, comparado com ela, o seu actual desenvolvimento parecerá tão pequeno como o da manufactura comparada com a grande indústria dos nossos dias. Este desenvolvimento da indústria colocará à disposição da sociedade uma massa suficiente de produtos para com eles satisfazer as necessidades de todos. Do mesmo modo, a agricultura, que também em virtude da pressão da propriedade privada e do parcelamento tem sido impedida de apropriar os aperfeiçoamentos e os desenvolvimentos científicos já realizados, conhecerá um ascenso totalmente novo e colocará à disposição da sociedade uma quantidade plenamente suficiente de produtos. Desta maneira, a sociedade produzirá produtos bastantes para poder organizar de tal modo a repartição que as necessidades de todos os membros sejam satisfeitas. A separação da sociedade em diversas classes opostas umas às outras tornar-se-á, assim, supérflua. Ela não se tornará, porém, apenas supérflua; será mesmo incompatível com a nova ordem social. A existência de classes proveio da divisão do trabalho, e a divisão do trabalho, no seu modo actual, desaparecerá totalmente. É que para trazer a produção industrial e agrícola até ao nível descrito, não bastam apenas os meios auxiliares mecânicos e químicos; as capacidades dos homens que põem em movimento esses meios auxiliares têm igualmente de ser desenvolvidas em medida correspondente. Assim como os camponeses e os operários manufactureiros do século passado transformaram todo o seu modo de vida e se tornaram eles próprios homens completamente diferentes quando foram incorporados na grande indústria, do mesmo modo também a exploração comum da produção por toda a sociedade e o novo desenvolvimento da produção dela decorrente necessitarão de, e também criarão, homens completamente diferentes. A exploração comum da produção não pode ser levada a cabo por homens como os de hoje, que estão subordinados, acorrentados, a um único ramo da produção, que são por ele explorados, homens que desenvolveram apenas uma das suas aptidões em detrimento de todas as outras, que conhecem apenas um ramo ou apenas um ramo de um ramo da produção total. Já a indústria actual precisa cada vez menos destes homens. A indústria explorada em comum, e em conformidade com um plano, por toda a sociedade pressupõe inteiramente homens cujas aptidões estejam integralmente desenvolvidas e que estejam em condições de abarcar todo o sistema da produção. A divisão do trabalho, minada já hoje pelas máquinas, que faz de um camponês, do outro sapateiro, do terceiro operário fabril, do quarto especulador de bolsa, desaparecerá, portanto, totalmente. A educação permitirá aos jovens passar rapidamente por todo o sistema de produção; colocá-los-á em condições de passar sucessivamente de um ramo de produção para outro, conforme o proporcionem as necessidades da sociedade ou as suas próprias inclinações. Retirar-lhes-á, portanto, o carácter unilateral que a actual divisão do trabalho impõe a cada um deles. Deste modo, a sociedade organizada numa base comunista dará aos seus membros oportunidade de porem em acção, integralmente, as suas aptidões integralmente desenvolvidas. Com isso, porém, desaparecerão também necessariamente as diversas classes. De tal maneira que, por um lado, a sociedade organizada numa base comunista é incompatível com a existência de classes e, por outro lado, a edificação dessa sociedade fornece ela própria os meios para suprimir essas diferenças de classes.

Decorre daqui, por conseguinte, que a oposição entre cidade e campo desaparecerá igualmente. A exploração da agricultura e da indústria pelos mesmos homens, em vez de por duas classes diferentes, é já, por causas totalmente materiais, uma condição necessária da associação comunista. A dispersão da população rural pelo campo, a par da concentração da população industrial nas grandes cidades, é uma situação que apenas corresponde a um estádio ainda não desenvolvido da agricultura e da indústria, um impedimento já hoje muito sensível para todo o desenvolvimento ulterior.

A associação geral de todos os membros da sociedade para a exploração comum e planificada das forças de produção, a expansão da produção num grau tal que satisfaça as necessidades de todos, a liquidação da situação em que as necessidades de uns são satisfeitas à custa dos outros, a aniquilação total das classes e dos seus antagonismos, o desenvolvimento integral das capacidades de todos os membros da sociedade por meio da eliminação da divisão do trabalho até agora vigente, por meio da educação industrial, por meio da troca de actividades, por meio da participação de todos nos prazeres criados por todos, por meio da fusão da cidade e do campo – eis os resultados principais da abolição da propriedade privada.

21.ª P[ergunta]: Que influência exercerá a ordem social comunista sobre a família?

R[esposta]: Ela fará da relação de ambos os sexos uma pura relação privada, que diz respeito apenas às pessoas que nela participam e em que a sociedade não tem de imiscuir-se.

Ela pode fazê-lo, uma vez que aboliu a propriedade privada e educa as crianças comunitariamente e, por este facto, anula as duas bases fundamentais do actual matrimónio: a dependência, por intermédio da propriedade privada, da mulher relativamente ao homem e dos filhos relativamente aos pais. Aqui se encontra também a resposta à gritaria tão moralista dos filisteus contra a comunidade comunista das mulheres. A comunidade das mulheres é uma relação que pertence totalmente à sociedade burguesa e hoje em dia reside inteiramente na prostituição. A prostituição repousa, porém, sobre a propriedade privada, e cai com ela. Portanto, a organização comunista, em vez de introduzir a comunidade das mulheres, muito pelo contrário, suprime-a.

22.ª P[ergunta]: Qual será a atitude da organização comunista face às nacionalidades existentes?

- fica [N37]

23.ª P[ergunta]: Qual será a sua atitude face às religiões existentes?

- fica

24.ª P[ergunta]: Como se diferenciam os comunistas dos socialistas?

R[esposta]: Os chamados socialistas dividem-se em três classes.

A primeira classe consiste nos partidários da sociedade feudal e patriarcal que foi aniquilada, e que continua ainda a ser diariamente aniquilada, pela grande indústria, pelo comércio mundial e pela sociedade burguesa por ambos criada. Esta classe tira dos males da sociedade actual a conclusão de que a sociedade feudal e patriarcal teria de ser restabelecida, porque estava livre destes males. Todas as suas propostas se dirigem, por caminhos direitos ou tortuosos, para este objectivo. Esta classe de socialistas reaccionários, apesar da sua pretensa compaixão e das suas lágrimas ardentes pela miséria do proletariado, será, todavia, contínua e energicamente combatida pelos comunistas, porque:

  1. se esforça por atingir algo de puramente impossível;
  2. procura restabelecer o domínio da aristocracia, dos mestres das corporações e dos proprietários de manufacturas, com o seu cortejo de reis absolutos ou feudais, de funcionários, de soldados e de padres, uma sociedade que, por certo, estava livre dos males da sociedade actual, mas que, em contrapartida, trazia consigo, pelo menos, outros tantos males e não oferecia a perspectiva de libertação dos operários oprimidos por meio de uma organização comunista;
  3. ela mostra os seus verdadeiros desígnios quando o proletariado se torna revolucionário e comunista, aliando-se então imediatamente com a burguesia contra os proletários.

A segunda classe consiste nos partidários da sociedade actual aos quais os males dela necessariamente decorrentes provocaram apreensões quanto à subsistência desta sociedade. Eles procuram, por conseguinte, conservar a sociedade actual, mas eliminar os males que a ela estão ligados. Com este objectivo, propõem, uns, simples medidas de beneficência, outros, grandiosos sistemas de reformas que, sob o pretexto de reorganizarem a sociedade, querem conservar as bases da sociedade actual e, com elas, a sociedade actual. Estes socialistas burgueses terão igualmente de ser combatidos constantemente pelos comunistas, uma vez que eles trabalham para os inimigos dos comunistas e defendem a sociedade que os comunistas querem precisamente derrubar.

A terceira classe consiste, finalmente, nos socialistas democráticos que, pela mesma via que os comunistas, querem uma parte das medidas indicadas na pergunta...(4); porém, não como meio de transição para o comunismo, mas como medidas que são suficientes para abolir a miséria e fazer desaparecer os males da sociedade actual. Estes socialistas democráticos ou são proletários que ainda não estão suficientemente esclarecidos acerca das condições da libertação da sua classe; ou são representantes dos pequenos burgueses, uma classe que, até à conquista da democracia e das medidas socialistas dela decorrentes, sob muitos aspectos tem os mesmos interesses que os proletários. Por isso, os comunistas entender-se-ão, nos momentos de acção, com esses socialistas democráticos e em geral terão de seguir com eles, de momento, uma política o mais possível comum, desde que esses socialistas não se ponham ao serviço da burguesia dominante e não ataquem os comunistas. É claro que este modo de acção comum não exclui a discussão das divergências com eles.

25.ª P[ergunta]: Qual a atitude dos comunistas face aos restantes partidos políticos do nosso tempo?

R[esposta]: Esta atitude é diversa nos diversos países.

Na Inglaterra, na França e na Bélgica, onde a burguesia domina, os comunistas têm, por enquanto, um interesse comum com os diversos partidos democráticos e, na realidade, um interesse tanto maior quanto mais os democratas se aproximam do objectivo dos comunistas com as medidas socialistas agora por toda a parte por eles defendidas, isto é, quanto mais clara e determinantemente eles defendem os interesses do proletariado e quanto mais se apoiam no proletariado. Na Inglaterra, por exemplo, os cartistas [N38], integrados por operários, estão infinitamente mais próximos dos comunistas do que os pequenos burgueses democráticos ou os chamados radicais.

Na América, onde foi introduzida a constituição democrática, os comunistas têm de apoiar o partido que quer voltar essa constituição contra a burguesia e utilizá-la no interesse do proletariado, isto é, os reformadores agrários nacionais.

Na Suíça, os radicais, apesar de serem eles próprios ainda um partido muito heterogéneo, são, todavia, os únicos com os quais os comunistas se podem entender, e entre estes radicais os mais progressistas são, por sua vez, os valdenses e os de Genebra.

Na Alemanha, finalmente, só agora está iminente a luta decisiva entre a burguesia e a monarquia absoluta. Como, porém, os comunistas não podem contar com uma luta decisiva entre eles próprios e a burguesia antes de que a burguesia domine, o interesse dos comunistas é ajudar a levar os burgueses ao poder tão depressa quanto o possível, para, por sua vez, os derrubar o mais depressa possível. Os comunistas têm, portanto, de continuamente tomar partido pelos burgueses liberais face aos governos e apenas de se precaver de partilhar as auto-ilusões dos burgueses ou de dar crédito às suas afirmações sedutoras sobre as consequências benéficas da vitória da burguesia para o proletariado. As únicas vantagens que a vitória da burguesia trará aos comunistas consistirão:

  1. em diversas concessões que facilitarão aos comunistas a defesa, discussão e propagação dos seus princípios e, com isso, a união do proletariado numa classe estreitamente coesa, preparada para a luta e organizada;
  2. na certeza de que, no dia em que os governos absolutos caírem, chegará a hora da luta entre os burgueses e os proletários. Desse dia em diante, a política partidária dos comunistas será a mesma que naqueles países em que agora domina já a burguesia.




Notas:

(1) Para a resposta que falta, Engels deixou em branco meia página do manuscrito. (retornar ao texto)

(2) Comunidade (Gemeinschaft), entenda-se: a sociedade comunista. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)

(3) Latifundiários e capitalistas, em geral, fugidos para o estrangeiro, sabotando a economia. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)

(4) O manuscrito está aqui em branco; trata-se, porém, da pergunta 18. (retornar ao texto)


capa

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pastor Ricardo Gondim é ameaçado de morte por fanatico evangelico


Pr. Ricardo Godim é ameaçado por evangélicos fanaticos



Após defender o Estado laico e o reconhecimento jurídico da união homoafetiva em entrevista a revista CartaCapital no fim de abril, o pastor Ricardo Gondim, líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista, virou alvo de ferrenhos ataques de grupos evangélicos na internet. Um fiel chegou a dizer, pelo Twitter, que se pudesse “arrancaria a cabeça” do pastor herege. “É como se vivêssemos nos tempos da Inquisição”, comenta Gondim, que já previa uma reação de setores do mainstream evangélico, os movimentos neopentecostais com forte apelo midiático. Surpreendeu-se, no entanto, ao ser informado que, graças às declarações feitas à revista, não poderia mais escrever para uma publicação evangélica na qual é colunista há 20 anos.

“Fui devidamente alertado pelo reverendo Elben Lenz Cesar de que meus posicionamentos expostos para a CartaCapital trariam ainda maior tensão para a revista Ultimato”, escreveu Gondim em seu site pessoal, na sexta-feira 20. “Respeito o corpo editorial da Ultimato por não se sentir confortável com a minha posição sobre os direitos civis dos homossexuais. Todavia, reafirmo minhas palavras: em um Estado laico, a lei não pode marginalizar, excluir ou distinguir como devassos, promíscuos ou pecadores, homens e mulheres que se declaram homoafetivos e buscam constituir relacionamentos estáveis. Minhas convicções teológicas ou pessoais não podem intervir no ordenamento das leis.”





Qual foi a justificativa dada pela revista Ultimato para descontinuar a sua coluna na publicação?
Ricardo Gondim: Eu escrevi para a Ultimato por 20 anos. Trata-se de uma publicação evangélica bimensal, na qual eu tinha total liberdade para escrever sobre o que quisesse. Não falava apenas da doutrina, mas de muitos assuntos relacionados ao cotidiano evangélico. E nunca sofri qualquer tipo de censura. Mas, agora, eles entenderam que as minhas declarações a CartaCapital eram incompatíveis com o que a Ultimato defende e expuseram três argumentos para justificar a decisão. Eu não concordo com essas teses e, para dar uma satisfação aos leitores, publiquei uma carta de despedida no meu site (
www.ricardogondim.com.br).


A defesa dos direitos civis de homossexuais foi um dos aspectos criticados pelo corpo editorial da revista?
RG: Sim. Eles entendem que o apoio à união civil de homossexuais abriria um precedente dentro das igrejas evangélicas para a legitimação do ato em si, a homossexualidade. Tentei explicar que uma coisa é teologia, outra é o ordenamento das leis. Num Estado é laico, não podemos impor preceitos religiosos à toda a sociedade. Uma coisa não transborda para a outra. Dei como exemplo o fato de a Igreja católica viver muito bem em países que reconhecem juridicamente o divórcio, embora ela condene a prática e se recuse a casar pessoas divorciadas. Eu não fiz uma defesa da homossexualidade, e sim dos direitos dos homossexuais. O direito deve premiar a todos. Num Estado democrático, até mesmo os assassinos têm direitos. Não é porque eles cometeram um crime que possam ser torturados ou agredidos, por exemplo. As igrejas podem ter uma posição contrária à homossexualidade, mas não podem confundir seus preceitos com o ordenamento jurídico do país ou tentar impor sua vontade.  Muitos disseram que o Supremo Tribunal Federal tripudiou sobre as igrejas evangélicas ao reconhecer a união estável homoafetiva. Nada disso, o STF estava apenas garantindo os direitos de um segmento da sociedade. Essa é sua função.
...

E entre os fiéis da sua igreja? Houve algum constrangimento?
RG: Alguns, influenciados pelo bafafá na internet, vieram me questionar. Então fiz questão de dar uma satisfação à minha comunidade. Após discursar, acabei aplaudido de pé, fiquei até meio constrangido diante daquela manifestação de apoio.

ABSURDO: PASTORES VESTIDO DE PROFESSORES ENGANAM ALUNOS

Obtusidade religiosa: fósseis foram formados na época do dilúvio

Sanguessugado do Ornitorrinco
image
O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO), ao cumprimentar os presentes nesta grandiosa quermesse em louvor de Nossa Senhora da Mas Completa Obtusidade Religiosa, informa que neste colégio adventista este professor está a mentir de forma criminosa para seus alunos.
Observem que para esta gente obtusa, os fósseis foram "formados na época do dilúvio", como se vê no lado esquerdo da lousa.
Confiram, aqui, que "Os alunos do 6º ano com a supervisão do professor Toni Carlos Sanches tiveram uma aula de História diferente. Simularam a produção de fósseis. Foi uma aula interessante. A discussão girou em torno da questão  se os fósseis se formaram há milhões de anos atrás como sugere o Evolucionismo, ou, se foram formados há milhares de anos atrás por ocasião do Dilúvio, como sugere o Criacionismo. Após os experimentos os alunos ficaram entusiasmados e muitos confirmaram a crença em um dilúvio universal."
Se quiserem contar esta lorota em seus cultos e funções religiosas, tudo bem, a Constituição lhes garante este direito.
Agora, transmitir tamanha sandice religiosa numa sala de aula, bem, isto para mim é crime contra o futuro dos alunos, e tanto é que alguns passaram a acreditar nesta porcaria.
E depois querem que eu respeite religiões.

MARX: O MAIOR PENSADOR DE TODOS OS TEMPOS

BBC elege Marx mais importante filósofo da história
14 de julho de 2005 14h31 atualizado às 14h41 via BBC/TERRA
Karl Marx (1818-1883) foi eleito pelos ouvintes da Radio 4, da emissora pública britânica BBC, "o filósofo mais importante da história" . O autor de O Capital pode ter perdido espaço no Leste europeu e seu nome pode ter desaparecido de praças e ruas, mas seu prestígio parece ter sobrevivido à queda do muro de Berlim, pelo menos no Reino Unido.


Marx recebeu 28% dos 30 mil votos dos ouvintes, muito na frente do segundo lugar, o escocês David Hume.


Os jornalistas da revista The Economist tentaram, em vão, fazer uma campanha entre seus leitores para angariar votos a favor de Hume, grande representante do empirismo e defensor de um ceticismo moderado, como única forma de frear Marx.

Hume, pensador anti-dogmático que influenciou na filosofia moral e nos trabalhos econômicos do amigo Adam Smith, o maior dos economistas clássicos, obteve apenas 12,7% dos votos.

Outros meios britânicos apoiaram diferentes filósofos. O jornal The Guardian, de centro-esquerda, apadrinhou outro alemão, Immanuel Kant, que ficou em sexto.

Com certo esnobismo, um jornal mais a esquerda, The Independent, inclinou-se pelo austríaco Ludwig Wittgenstein, iniciador da chamada Filosofia Analítica do século XX, que ficou em terceiro da lista.

Vários famosos pediram voto para filósofos como o imperador romano Marco Aurelio, Friedrich Nietzsche e o dinamarquês Soren Kierkegaard.
Platão, considerado por muitos o maior pensador de todos os tempos, ficou em quinto lugar, com 5,65%, imediatamente atrás de Nietzsche (6,49%).

Nietzsche recebeu mais votos do que Kant, que obteve 5,61% e ficou em sexto, que São Tomás de Aquino (4,82%) e que os gregos Sócrates (4,82%) e Aristóteles (4,52%).

Karl Popper foi o menos votado dos dez filósofos (4,20%), muito abaixo de seu compatriota e antigo rival de Oxford, Wittgenstein.

O filósofo votado pelos ouvintes como o maior de todos os tempos esteve por certo muito vinculado ao Reino Unido, onde foi jornalista, pesquisou o fenômeno da era industrial e foi durante anos assíduo visitante do Museu Britânico.

Seu túmulo, enfeitado com seu busto e que recebe homenagem dos partidos comunistas de todos os países, está no cemitério de Highgate, no norte da capital.

A popularidade de Marx é explicada pelo historiador marxista Eric Hobsbawm pelo fato de que, com o fim do comunismo, o autor de O Manifesto Comunista tenha sido libertado da deformação de seu pensamento nos antigos países do chamado socialismo real.

A feminista americana Camille Paglia se queixa de que na lista da BBC apareçam só filósofos homens e propõe uma formada exclusivamente por pensadoras, que inclui Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, Mary Wollstonecraft e a neo-platônica Hipátia, de Alexandria, que viveu entre os anos 370 e 415 d.C. e foi matemática e astrônoma.


Por que Marx segue tão atual?
via Carta Maior 16/07/2005
Quando a revista Time fez uma consulta aos leitores para escolher o personagem do século XX, apavorada com os resultados, fez correr a notícia de que Hitler estava em primeiro lugar, em um desesperado apelo aos leitores para brecar esse acesso de sinceridade dos que se haviam pronunciado. Uma articulação paralela levou á vitória de Einstein – em uma homenagem inócua à “ciência”, a partir da teoria da relatividade, sobre a qual a maioria esmagadora dos leitores da Time não entende o significado. Mas foi salva a cara.


A BBC já havia noticiado de que Marx liderava a lista dos maiores filósofos de todos os tempos em pesquisa que estava realizando, como que apelando para alguma articulação paralela que evitasse essa vitória. A revista The Economist foi buscar, no fundo do baú dos filósofos clássicos, e decidiu que aquele que poderia fazer frente ao barbudo subversivo era... David Hume – talvez considerando que o David poderia ser associado a Beckham e dar popularidade ao empirista inglês. Outros apelaram para Wittgenstein, para Kant, Nietszche e quase para Churchill.

Não deu: Marx foi eleito, pelos ouvintes da BBC – a vetusta emissora estatal britânica, durante o terceiro mandato da “terceira via” de Tony Blair, sob o patronato teórico de Antony Giddens – o maior filósofo de todos os tempos.
O resultado, imprevisto para os apostadores da Bolsa de Londres, colocou a Marx em primeiro lugar, com 28% dos votos. Isto é, quase um de cada três ouvintes da BBC escolheu a Marx como o maior filósofo de todos os tempos.

Bem antes da BBC, Marx já havia recebido outras consagrações, como a de Sartre:
“O marxismo é a filosofia insuperável de nosso tempo”.

Porém, desde o fim da URSS, a direita se apropriou da idéia de que “a roda da história não volta para trás”, de que o horizonte insuperável da história é o da economia capitalista de mercado e o da democracia liberal e de que a liberdade se identifica com o “livre comércio”.

Passada a euforia do curto ciclo expansivo da economia dos EUA nos anos 90, que teve em Davos, na Microsoft e no McDonalds seus ícones, depois que se deram conta de que as promessas da “nova economia” de que o capitalismo a partir do toque de Midas dos computadores cresceria sem parar, eram falácias, algumas publicações conservadoras voltaram a dar valor a Marx. Mas, atenção! Conforme o capitalismo de mercado se estendia a zonas inesperadas do mundo – da China às empresas públicas privatizadas, da exploração do trabalho escravo e de crianças à exploração do trabalho de presidiários – e conforme se revelava dramaticamente que as análises de Marx sobre as crises cíclicas continuavam a acompanhar o capitalismo como sua pele insuperável – de que a crise, acompanhada dos maiores escândalos da sua história econômica, dos EUA, a crise do sudeste asiático, do Brasil, da Argentina, eram apenas alguns novos exemplos -, Marx era revalorizado.Mas apenas como analista.

Como tantos “ marxólogos” ou ex-marxistas convertidos a Witgenstein, a Kant ou a Foucault, passou-se a separar o Marx analista do Marx político.

Aquele seria resgatável, para tentar prevenir as crises do capitalismo, para entender fenômenos de produtividade do trabalho, para calcular a taxa de exploração da força de trabalho. Mas o político seria um desastre. Seus “prognósticos” teriam resultados em quimeras – revolução no centro do capitalismo – ou em desastres – a URSS.

Mas então, por que Marx? Por que ele foi eleito o maior filósofo de todos os tempos, no país do apóstolo fundador do liberalismo, John Locke, por um órgão conservador de imprensa?

Porque a obra de Marx segue sendo o instrumento fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo, um século e meio depois de ser escrita. Tantos que “abandonaram” o marxismo, o substituíram por que visão do mundo?

 Que grandes obras foram produzidas por esses refúgios alternativos ao “marxismo superado”?

Quais as visões do mundo produzidas por esses “superadores” do marxismo?

Enquanto isso, é no marco das análises de Marx que se consegue inteligibilidade do mundo contemporâneo, dominado cada vez mais pela lógica do capital, da mercadoria, das crises cíclicas. Mas também pela lógica da luta de classes, quando o capitalismo liberal reproduz da forma mais aguda as contradições entre proprietários do capital e a esmagadora maioria da humanidade, que vive do seu trabalho.

A hegemonia do capital financeiro corrói por dentro a capacidade do capitalismo de se impor como “força civilizatória”, contraposta à barbárie plebéia dos proletários.

O reconhecimento de Marx como o maior filósofo de todos os tempos só recoloca com força suas idéias e o seu método – a dialética -, como marcos insuperáveis de compreensão e de proposta de transformação revolucionária do mundo.

A leitura de suas obras e sua aplicação criadora seguem sendo os instrumentos essenciais de todos os revolucionários.

Suas palavras ecoam com mais força que nunca, no novo século: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”

domingo, 22 de abril de 2012

SERRA E REVISTA VEJA: UMA GRANDE UNIAO

José Serra contrata editor da Veja para coordenar campanha

Roberto Civita, dono da Veja e José Serra
Será sugestão de Cachoeira?

O candidato tucano não podia ser mais previsível. Na eleição passada também recrutou Marcio Aith dos quadros da revista Veja.

Deu na Folha de São Paulo:
O jornalista Fábio Portela vai assumir a coordenação de imprensa da campanha do ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo.
Ao assumir a função, Portela deixará o posto de editor de Brasil na revista "Veja", em São Paulo. Ele trabalhará com o marqueteiro Luiz Gonzalez, que chefiará a comunicação da campanha.

COMBATER OS BANCOS E A EXPLORAÇÃO DO POVO É BOM? PARA A VEJA ISSO NAO É BOM NAO

Voce já ouviu falar em agiotagem? Sabe o que é agiotagem ou lisura?

Quando uma pessoa esta com problemas e precisa de dinheiro mas nao tem, ela pode pedir emprestado a alguém. Imagina que seu pai se acidentou, e esta prestes a morrer, e vc precisa de dinheiro para cuidados médicos, ai então vc recorre a um "amigo" e ele te empersta 1 mil reais, mas vc tera 10 meses para pagar, só que nao irá pagar os 1 mil reais, mas 2 mil reais. Achou ruim? Injusto? Pois saiba que é exatamente isso que os bancos sempre fizeram com os brasileiros, o pior é que ele empresta o nosso proprio dinheiro. Sim, pois quando vc abre uma cardeneta de poupassa e recebe 0,50 centavos/mes por cada 100 reais depositado, ele pega este seus 100 reais e empresta para os desesperados e cobra 10 reais por dia. Sim, os bancos pegam nosso dinheiro, nos pagam uma merreca e chegam a lucrar mais de 100% por ano em cima de nosso dinheirinho. É por isso que banco nunca fale (a nao ser quando é para nao pagar direitos trabalhistas).

Segundos dados oficiais, os bancos lucram 200% mais no Brasil do que em outros lugares do mundo.

Mas por que ninguém faz nada? Como nossos governantes pode deixar nosso povo ser esfoliado deste modo?

Poisé, são raros os governantes que resolvem ter coragem de defender seu povo e bater de frente com os bancos pdoerosos.

Chaves fez isso na Venezuela, e hj todo jornal (patrocinado por bancos) o acusam de ditador (mesmo tendo sido eleito pro maioria total de voto e tendo enorme aceitação entre a maioria do povo venezuelano).

Mas agora foi a vez de Dilma dizer: "Calma! Vcs querem esfolar o povo brasileiro, entao terao que diminuir essa exploração, abaixem os juros ou eu......" rs...

Poisé, Dilma nao fez como Chaves (nao teve tanta coragem), nao nacionalizou os bancos exploradores de pobres e nem os mandou sair do Brasil, mas esta os obrigando a abaixar seus lucros exorbitantes e seus juros desumanos.

Não esta correto o brasileiro ser tao explorado, disse Dilma.

Mas o caso é que nem todos estão felizes com este ato nobre e corajoso de nossa presidenta, a revista Veja por exemplo nao gostou e tomou as dores de seus patrocinadores, os bancos.
Após Dilma anunciar o ato mais corajoso desde a sua eleição, a revista Veja, vem com a maior cara de pau defender os interesses dos banqueiros bandidos, vejam:


Esse "em alguns casos" citado acima, é esclarecido em outro texto: trata-se do HSBC

Ora, ninguém vai "perceber efeitos da redução de juros" se não for na agência exigir refinanciar sua dívida, ou se não trocar de banco não é mesmo?

Vocês acham que bancos privados vão ser "bonzinhos" a ponto de baixar juros automaticamente para quem já tem dívidas contratadas e ficar acomodado sem reclamar? É claro que não. Oras, será que a Veja é tão inocente? Ou sera que mais uma vez esta tentando induzir nosso povo e imepdi-lo de ver que o ato de Dilma foi um ato de coragem? O que a Veja queria? Que os bancos continuassem a esfoliar nosso povo com as taxas de juros mais altas do mundo?

O masi interessante é que a  Veja tem seus papagaios que ainda pensam que os banqueiros seriam "bonzinhos" e baixariam juros no piloto automático, vejam os comentários dos papagaios no site da revista:



Fala a verdade, esses leitores a revista não se merecem?

Como podem ser tão tapados e papagaios, será que eles acreditam mesmo no que postaram, ou só postaram isso para agradar a revista e terem seus rostinhos lindos publicados no site da Veja? (vai entender alguns "humanos").

Além disso, há na "reporcagem" acima, o merchandising descarado do banco privado Santander. Quanta cara de pau!

Em outro texto, na mesma data, no site da revista chega a surtar em matéria de lamber as botas dos banqueiros. Escreve coisas para fazer propaganda negativa de bancos públicos, explorando viés ideológico:

O Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF) agiam a soldo do Palácio do Planalto, que, preocupado em estimular a economia, não pensou duas vezes em intimar os “seus” a serem indutores da redução dos chamados spreads (diferença entre o custo de captação e de empréstimo no setor).
Mas como mentira tem perna curta, a Veja acaba entregando o jogo, sem querer, já no título da "reporcagem":



Ou seja, de fato existe uma tentativa dos bancos PRIVADOS de falarem que baixam juros, mas não estão cumprindo na prática para a maioria dos clientes.
Mas não seria eticamente correto a revista cobrar e denunciar o ato milindroso dos bancos privados ao invés de tentar manchar a imagem dos nossos bancos públicos?


A catimba é dos bancos PRIVADOS, como o corpo do texto acaba entregando:


...Em alguns casos, como no Santander, gerentes do segmento pessoa física nem estavam a par das reduções. “Tenho recebido seguidos e-mails de clientes perguntando sobre as novas taxas, mas nada mudou internamente. Continuamos fechando operações com os juros de sempre”, afirma uma gerente...

No HSBC, por exemplo, não basta ter conta salário no banco e ser adimplente. Para ter acesso a um crédito mais barato, os clientes devem investir em produtos do banco, tais como fundos ou seguros; não podem ter nenhum contrato de financiamento ativo na instituição; e ainda precisam de um avalista que seja correntista – alguém com renda suficiente para eventualmente arcar, em caso de atraso, com as parcelas do empréstimo que o tomador inicial almeja.

Se dependesse da Veja, o Brasil continuaria na roda presa dos juros escorchantes, e os brasileiros extorquidos pela agiotagem dos banqueiros privados. Como pdoe uma revista brasileira defender tanto bancos bandidos internacionais ao inves do nosso povo?



A verdade é que os bancos privados, continuarão financiando revistas como a Veja e telejornais como os da TV Globo, para "convencer" (enganar) os brasileiros a se acomodarem à agiotagem, a aceitarem a exploração. Reparem qeu segundo o balanço trimestral do Santander, 25% de todo lucro mundial do banco, saiu dos bolsos dos pobres brasileiros que foram explorados com as mais altas taxas de juros do mundo conhecido.
A revista Veja amis uma vez demonstra que não tem compromisso nenhum com o nosso povo, e que esta ai para defender os intresses de entidades criminosas que vem la de fora para esfoliar nosso povo. Até quando iremos aceitar isso?



DESESPERO DA REVISTA VEJA

Em plena era do "bullying" e nossa criminosa e corporativista revista Veja resolve atacar os "baixinhos gordinhos" em sua materia principal e com isso desvia a atenção do nosso povo do caso mais espetacular da historia da nossa mídia nacional: O envolvimento entre o criminoso (preso) Carlinhos Cachoeira com o redator-chefe da revista, Policarpo Júnior.

Segundo o que andam dizendo por ai, com sua "fonte" presa (Cachoeira), a revista anda meio desesperada e por hora interrompeu a sua eterna mania: O denuncismo e os ataques ao governo de Dilma, que sumiu da capa da revista nos últimos dias.

Agora, desesperada e sem saber para onde atirar, a Veja  volta-se contra os "baixinhos" (e gordinhos), vejam:



Atenção: Apesar de parecer montagem, essa capa NÃO é montagem, nem sátira do blog.
A revista realmente publicou isso aí (acredite se quiser).

Para não bastar a picaretagem da revista, ela ainda publica em sua capa "Cristina Kirchner rumo ao abismo populista", criticando a atitude louvavel da presidenta da Argentina que resolveu combater de frente uma das empresas que mais saqueava as riquezas naturais de seu povo e que havia ganho permissão através de uma ação criminosa e entreguista do governo Menen.

Ah! para não dizer que a Veja esta completamente calada, há sim uma menção à CPI do Cachoeira. Mas nada de falar sobre os 200 telefonemas do redator-chefe da revista, Policarpo Júnior, nem da previsível convocação para depor do dono, Roberto Civita. A revista desvia o tema apenas para a empreiteira Delta (isso a mesma empresa que a tempos atras ela enchia de elogios).

Obs: Cabe lembrar que a revista ajudou Cachoeira e Claudio Abreu (ex-executivo da Delta)
a fazer denúncias contra a diretoria do DNIT para derrubá-la, quando foi do interesse do grupo.

É meu caro leitor da revista Veja, nao irei me espantar se caso vc esteja  atônito, pois eu também estou!


Para ver o tamanho do desespero da revista Veja, basta lembrarmos que na semana passada a alegação da revista Veja era de que a CPI do Cachoeira seria apenas um malefício para desviar do chamado "mensalão", uma cortina de fumaça, como dizia a revista.

Já nesta semana o discurso mudou, agora a revista Veja esta alegando que a CPI teria utilidade pública: haveria muito o que investigar na Delta.

Vejam o tamanho do desespero.

Obs: Ha ainda no site da revista, uma nota onde o diretor da revista fala de ética jornalista e diz que uma revista não pode ser culpada se suas fontes sao criminosos, olha o tamanho da cara de pau! O diretor da Veja ainda reclama da lei que o governo quer aprovar que iria impedir que revistas publicassem reportagens onde denunciam e ofendem as pessoas sem ter qualquer prova. Olha o desespero e cara de pau da revista mais lida desse país, ela quer ter o direito de caluniar, mentir, e enganar o nosso povo livremente, até quando iremos aceitar este abuso?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Você tem a Mente Condicionada ?




Você tem a Mente Condicionada para não ver ?
Você passaria no teste deste video ?
Você está preparado para questionar aquilo que você pensa ser verdade ?
Trecho de um filme chamado "Interstate 60".
Interstate 60 (br: Viagem sem destino / pt: Estrada 60) é um filme estadunidense lançado em 2002.
O filme foi considerado pelo próprio diretor Bob Gale uma mistura das Viagens de Gulliver, Alice no País das Maravilhas e Além da Imaginação, onde a mensagem principal é tomar cuidado com o que se deseja.

Entenda pq as Drogas nao devem ser liberadas




www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=sCS_nctHzG8
Trecho de um filme chamado "Interstate 60".
Interstate 60 (br: Viagem sem destino / pt: Estrada 60) é um filme estadunidense lançado em 2002.
O filme foi considerado pelo próprio diretor Bob Gale uma mistura das Viagens de Gulliver, Alice no País das Maravilhas e Além da Imaginação, onde a mensagem principal é tomar cuidado com o que se deseja.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Cristina Kirchner: O exemplo de estadista e defensora de seu povo

Argentina retoma petróleo privatizado. Viva a Argentina. Viva Cristina Kirchner


A presidente Cristina Kirchner acaba de enviar ao Congresso argentino uma nova lei de petróleo, recolocando sob controle estatal a Yacimentos Petrolíferos Fiscales (YPF), que era dirigida pela espanhola Repsol.

O projeto tem o objetivo prioritario obter a autossuficência do pais em exploração, refino, transporte e comercialização de petróleo e seus derivados, cria o Conselho Federal de Petróleo, desapropria 51% da YPF, determinando o afastamento de todos os diretores indicados pela parte privada.

Posto aí em cima o video, da leitura da mensagem de Cristina ao Congresso, em ato na sede do Governo, a Casa Rosada, depois do que a presidenta falou em rede de rádio e televisão. Assim que conseguir o discurso, posto.

Cristina reestatiza o petróleo argentino

A CONSCIENCIA SOCIAL DO BANCO ITAU

Camponeses começam jejum contra o Banco Itaú e Judiciário em Catalão


Via Gilson Sampaio em seu blog

Após fracasso da reunião realizada na ultima quinta-feira (12), o Banco Itaú rejeitou acordo para pagamento da dívida dos camponeses Elvira Cândida de Jesus Pereira e João Batista Pereira e manteve a ordem de despejo contra a família do casal de uma pequena propriedade rural no município de Catalão, no sudeste de Goiás.

A reunião foi mediada pelo Ministério Público Federal e contou com a participação, além do Banco Itaú e do casal de camponeses, de representantes do Movimento Camponês Popular (MCP). Durant e areunião o Banco Itaú propôs o pagamento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), reconhecendo assim o absurdo do valor que esta sendo cobrado na justiça de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Mas, vinculou o recebimento da dívida à homologação do leilão e ao despejo da família da propriedade, o que foi rechaçado pela família que luta para permanecer na terra. Diante disso, ficou claro o objetivo do Banco Itaú que não receber a dívida, mas, sim, em expropriar a família que esta disposta a pagar a dívida junto ao Banco, mas, garantir o direito de permanecer na terra.

Diante de tamanha insensibilidade social por parte do Banco Itaú e da Justiça local a senhora Elvira Cândida de Jesus decidiu entrar em processo de jejum, por tempo indeterminado, e está disposta a dar sua vida para defender seu local de moradia e de seus quatro filhos e um genro e sua única fonte de sobrevivência. Em solidariedade a família, o camponês e membro da Direção do MCP, Ronaldo Rodrigues da Costa, também entrou em jejum para conclamar por justiça.

A senhora Elvira Cândida de Jesus mesmo sabendo que o povo brasileiro, de longe, considera o poder judiciário, o mais injusto, o mais antidemocrático, o mais corporativo, o mais servil aos interesses dos ricos, como vem ocorrendo no caso do Itaú, ainda mantém esperança no cancelamento do leilão, especialmente porque quando foi feito o financiamento do PRONAF, seu João deu como garantia a penhora de animais e a hipoteca da terra, mas, estranhamente, o Judiciário de Catalão em vez de executar a penhora, que seria uma forma menos agravante, leiloou a terra, por menos da metade de seu valor e, agora, quer despejar a família que não tem para onde ir.

Diante de tantas tentativas, sem sucesso, para solucionar o problema e garantir sua única fontede moradia e de sobrevivência, a senhora Elvira Cândida de Jesus entrou em jejum para exigir que:

1) O Banco Itaú peça imediatamente o cancelamento do Leilão.

2) O Judiciário de Catalão cancele o leilão de sua terra.

3) O Ministério da Justiça, dado ao clima de medo instalado na região após a violência da Polícia Militar de Goiás e as ameaças sofridas por varias pessoas, intervenha para garantir a segurança das pessoas que estão sendo ameaçadas.

4) O Governo Federal – que até agora mesmo tendo conhecimento do caso, através do MDA, nada fez – intervenha junto ao Banco Itaú para que o mesmo apresente o valor atualizado da dívida, baseada na resolução 4.028 do Banco Central, que permite a repactuação de dívidas. Além disso, como na propriedade tem investimento do Governo Federal do Minha Casa Minha, através do Programa Nacional Habitação Rural (PNHR) e que se quer constam nos autos do processo de leilão da terra.

O QUINTO REI DO BARALHO.




Via
Mauro Santayana



O Rei Juan Carlos caiu em Botsuana, quando caçava elefantes, e fraturou a bacia. O Rei Juan Carlos é presidente de honra da Ong WWW-Adena, que existe para proteger os elefantes da extinção. A caça de elefantes em Botsuana é legal: paga-se 20.000 euros por animal abatido, e se gasta pelo menos mais 30.000 pela viagem. Os gastos do Rei são pagos pelo povo espanhol, que está sendo castigado por medidas de austeridade, com o desemprego acelerado e a redução de despesas sociais. Em lugar de exercer o dever de todos os monarcas, e buscar resolver os graves problemas de seu país, o Rei vai caçar elefantes. Por isso mesmo, o povo começa a perguntar-se se não é melhor ficar apenas com os quatro reis do baralho – e enviar os Bourbón para caçar elefantes na África. Só os monarquistas, como saída, defendem a abdicação do rei e sua substituição pelo filho mais velho, o Príncipe de Astúrias, inakide cuja inteligência pouco se sabe. Nas vésperas da morte de Franco, quando preparavam a sua substituição por Juan Carlos, dizia-se que ele havia sido condecorado com duas medalhas, uma por idiota, e outra para substituir a primeira, se a perdesse. Está merecendo uma terceira, de igual referência.

Enfim, Juan Carlos é tão útil como um quinto rei no baralho.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O PAPA E O MARXISMO

"O marxismo não é mais útil"


O papa Bento XVI tem razão: o marxismo não é mais útil. Sim, o marxismo conforme muitos na Igreja Católica o entendem: uma ideologia ateísta, que justificou os crimes de Stalin e as barbaridades da revolução cultural chinesa. Aceitar que o marxismo conforme a ótica de Ratzinger é o mesmo marxismo conforme a ótica de Marx seria como identificar catolicismo com Inquisição. Poder-se-ia dizer hoje: o catolicismo não é mais útil. Porque já não se justifica enviar mulheres tidas como bruxas à fogueira nem torturar suspeitos de heresia. Ora, felizmente o catolicismo não pode ser identificado com a Inquisição, nem com a pedofilia de padres e bispos.

Do mesmo modo, o marxismo não se confunde com os marxistas que o utilizaram para disseminar o medo, o terror, e sufocar a liberdade religiosa. Há que voltar a Marx para saber o que é marxismo; assim como há que retornar aos Evangelhos e a Jesus para saber o que é cristianismo, e a Francisco de Assis para saber o que é catolicismo.

Ao longo da história, em nome das mais belas palavras foram cometidos os mais horrendos crimes. Em nome da democracia, os EUA se apoderaram de Porto Rico e da base cubana de Guantánamo. Em nome do progresso, países da Europa Ocidental colonizaram povos africanos e deixaram ali um rastro de miséria. Em nome da liberdade, a rainha Vitória, do Reino Unido, promoveu na China a devastadora Guerra do Ópio. Em nome da paz, a Casa Branca cometeu o mais ousado e genocida ato terrorista de toda a história: as bombas atômicas sobre as populações de Hiroshima e Nagasaki. Em nome da liberdade, os EUA implantaram, em quase toda a América Latina, ditaduras sanguinárias ao longo de três décadas (1960-1980).

O marxismo é um método de análise da realidade. E, mais do que nunca, útil para se compreender a atual crise do capitalismo. O capitalismo, sim, já não é útil, pois promoveu a mais acentuada desigualdade social entre a população do mundo; apoderou-se de riquezas naturais de outros povos; desenvolveu sua face imperialista e monopolista; centrou o equilíbrio do mundo em arsenais nucleares; e disseminou a ideologia neoliberal, que reduz o ser humano a mero consumista submisso aos encantos da mercadoria.

Hoje, o capitalismo é hegemônico no mundo. E de 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta, 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecem fome crônica. O capitalismo fracassou para 2/3 da humanidade que não têm acesso a uma vida digna. Onde o cristianismo e o marxismo falam em solidariedade, o capitalismo introduziu a competição; onde falam em cooperação, ele introduziu a concorrência; onde falam em respeito à soberania dos povos, ele introduziu a globocolonização.

A religião não é um método de análise da realidade. O marxismo não é uma religião. A luz que a fé projeta sobre a realidade é, queira ou não o Vaticano, sempre mediatizada por uma ideologia. A ideologia neoliberal, que identifica capitalismo e democracia, hoje impera na consciência de muitos cristãos e os impede de perceber que o capitalismo é intrinsecamente perverso. A Igreja Católica, muitas vezes, é conivente com o capitalismo porque este a cobre de privilégios e lhe franqueia uma liberdade que é negada, pela pobreza, a milhões de seres humanos.

Ora, já está provado que o capitalismo não assegura um futuro digno para a humanidade. Bento XVI o admitiu ao afirmar que devemos buscar novos modelos. O marxismo, ao analisar as contradições e insuficiências do capitalismo, nos abre uma porta de esperança a uma sociedade que os católicos, na celebração eucarística, caracterizam como o mundo em que todos haverão de “partilhar os bens da Terra e os frutos do trabalho humano”. A isso Marx chamou de socialismo.

O arcebispo católico de Munique, Reinhard Marx lançou, em 2011, um livro intitulado O Capital – um legado a favor da humanidade. A capa contém as mesmas cores e fontes gráficas da primeira edição de O Capital, de Karl Marx, publicada em Hamburgo, em 1867.”Marx não está morto e é preciso levá-lo a sério”, disse o prelado por ocasião do lançamento da obra. “Há que se confrontar com a obra de Karl Marx, que nos ajuda a entender as teorias da acumulação capitalista e o mercantilismo. Isso não significa deixar-se atrair pelas aberrações e atrocidades cometidas em seu nome no século 20″.

O autor do novo O Capital, nomeado cardeal por Bento XVI em novembro de 2010, qualifica de “sociais-éticos” os princípios defendidos em seu livro, critica o capitalismo neoliberal, qualifica a especulação de “selvagem” e “pecado”, e advoga que a economia precisa ser redesenhada segundo normas éticas de uma nova ordem econômica e política.”As regras do jogo devem ter qualidade ética. Nesse sentido, a doutrina social da Igreja é crítica frente ao capitalismo”, afirma o arcebispo.

O livro se inicia com uma carta de Reinhard Marx a Karl Marx, a quem chama de “querido homônimo”, falecido em 1883. Roga-lhe reconhecer agora seu equívoco quanto à inexistência de Deus. O que sugere, nas entrelinhas, que o autor do Manifesto Comunista se encontra entre os que, do outro lado da vida, desfrutam da visão beatífica de Deus. (Frei Beto)