sábado, 30 de junho de 2012

O Paraguai, o PSDB e o dilema do Senado

Via Jornal do Brasil
Mauro Santayana
O novo governo paraguaio pode ficar tranquilo: o senador Álvaro Dias garantiu ao presidente Franco o apoio incondicional do PSDB à nova ordem estabelecida em Assunção. Com essa solidariedade, o chefe de governo do país vizinho está apto a reverter a situação de repúdio continental, vencer a parada no Mercosul e roncar grosso — como, aliás, está começando a fazer — contra o Brasil, a Argentina e o Uruguai.
O problema todo é que o bravíssimo senador Álvaro Dias, companheiro de dueto, até há poucas semanas, do senador Demóstenes Torres nas objurgatórias morais contra o governo, não combinou esse apoio com o povo paraguaio, que irá às urnas em abril e, provavelmente, nelas, dirá o que pensa da “parlamentada” de Assunção. E, mais ainda: não será ouvido nos foros internacionais que estão tratando do tema. Nesses centros de decisão, quem estará decidindo serão os chefes de Estado e os chanceleres dos países do continente. Por enquanto, estando na oposição, os tucanos não podem falar em nome do Brasil.

A posição brasileira, prudente e moderada, está sendo assumida em consultas com os países vizinhos

A posição brasileira, prudente e moderada, está sendo assumida em consultas com os países vizinhos e com as organizações regionais. Nenhum desses países, por mais veementes tenham sido os protestos, violou um milímetro sequer da soberania do Paraguai — embora, na destituição de Lugo, o soberano real, que é o povo paraguaio, não tenha sido ouvido.
O Brasil já anunciou que nada fará que possa prejudicar diretamente o povo paraguaio. Mas as suas elites devem estar advertidas de que a decisão de construir regimes democráticos sólidos, com o respeito absoluto à vontade popular, manifestada em eleições limpas e livres, é irrevogável na América do Sul.

O dever de julgar
Estando já em pauta o processo contra parlamentares de vários partidos envolvidos no esquema de financiamento político administrado pelo publicitário Marcos Valério, terá que ser ele julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Serão os juízes que examinarão denúncias e provas e estabelecerão se houve violação da lei, ou não, e, se decidirem, diante dos autos, que houve crime, ditar as penas a serem cumpridas.
As sociedades, desde que criaram leis, e ditaram as normas de convívio a fim de garantir sua sobrevivência, instituíram tribunais para estabelecer as culpas e determinar o castigo a ser imposto aos criminosos. Os tribunais não são perfeitos, mas devem ser respeitados. Se, eventualmente, cometem erros, induzidos pelas manobras dos delinquentes e seus defensores, não há como deles prescindir, nem substituí-los por quaisquer outras instâncias que pudessem vir a ser admitidas para exercer a justiça.
O julgamento, que se iniciará em agosto, se não servir a outros fins, servirá para abrir um grande debate nacional sobre novos pactos constitucionais que venham a aprimorar o processo político, com o financiamento público das campanhas eleitorais e maior legitimidade dos poderes republicanos — entre eles, o Judiciário. Depois desse processo, outros terão que ser levados aos tribunais, como o da conexão goiana e, em um dia que virá, o da privatização açodada do patrimônio público, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

O Senado e a retidão
Ainda que o voto seja secreto, a opinião nacional espera que o senador Demóstenes Torres perca, no plenário,  por não ter procedido com retidão para com o país,  em suas relações com o empresário de múltiplas atividades Carlos Cachoeira. Os parlamentares devem estar advertidos, se não em sua consciência mas pelo rumor das ruas, de que não é o escorregadio senador por Goiás que será julgado pelo plenário mas a própria alta Câmara federativa. A absolvição de Demóstenes, depois de tantas evidências de culpa, divulgadas por todos os meios de comunicação, será a ata de cumplicidade daquela casa legislativa, com todo o esquema de corrupção operado pelo “empresário” de Goiânia e Anápolis.

A renúncia de Samuel
Estas notas já estavam redigidas quando se soube da renúncia do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães ao cargo de alto representante do Mercosul, para o qual havia sido escolhido pelos quatro países signatários do Tratado. Conversei, por telefone, com Samuel, que ainda se encontra em Mendonza, na Argentina. Ele me confirmou que já havia tomado essa decisão há algumas semanas e esperava o melhor momento, o da reunião de chanceleres, para oficializá-la.
Samuel confirmou a versão, já divulgada, de que lhe faltou o apoio dos quatro países — o que se pressupõe, também do brasileiro — para exercer com plenitude o seu mandato. Samuel, em sua honestidade pessoal e em comprometimento político, não é homem para ocupar uma posição decorativa, nem necessita de um emprego expressivo. Ele é um homem plenamente realizado como servidor do Estado e um dos mais importantes intelectuais brasileiros.

FREUD: UMA RARA ENTREVISTA

O valor da vida. Uma entrevista rara de Freud.

Roubartilhado do Gilson Sampaio

Tradução de Paulo Cesar Souza – 20 de abril de 2010
Entre as preciosidades encontradas na biblioteca da Sociedade Sigmund Freud está essa entrevista. Foi concedida ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926. Deve ter sido publicada na imprensa americana da época. Acreditava-se que estivesse perdida, quando o Boletim da Sigmund Freud Haus publicou uma versão condensada, em 1976. Na verdade, o texto integral havia sido publicado no volume Psychoanalysis and the Fut número especial do “Journal of Psychology”, de Nova Iorque, em 1957. É esse texto que aqui reproduzimos, provavelmente pela primeira vez em português.
Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade.
Quem fala é o professor Sigmund Freud, o grande explorador da alma. O cenário da nossa conversa foi uma casa de verão no Semmering, uma montanha nos Alpes austríacos.
Eu havia visto o pai da psicanálise pela última vez em sua casa modesta na capital austríaca. Os poucos anos entre minha última visita e a atual multiplicaram as rugas na sua fronte. Intensificaram a sua palidez de sábio. Sua face estava tensa, como se sentisse dor. Sua mente estava alerta, seu espírito firme, sua cortesia impecável como sempre, mas um ligeiro impedimento da fala me perturbou.
Parece que um tumor maligno no maxilar superior necessitou ser operado. Desde então Freud usa uma prótese, para ele uma causa de constante irritação.

S. Freud: Detesto o meu maxilar mecânico, porque a luta com o aparelho me consome tanta energia preciosa. Mas prefiro ele a maxilar nenhum. Ainda prefiro a existência à extinção.
Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos.
Freud se recusa a admitir que o destino lhe reserva algo especial.
- Por quê – disse calmamente – deveria eu esperar um tratamento especial? A velhice, com sua agruras chega para todos. Eu não me rebelo contra a ordem universal. Afinal, mais de setenta anos. Tive o bastante para comer. Apreciei muitas coisas – a companhia de minha mulher, meus filhos, o pôr do sol. Observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?

George Sylvester Viereck: O senhor teve a fama, disse que Sua obra influi na literatura de cada país. O homem olha a vida e a si mesmo com outros olhos, por causa do senhor. E recentemente, no seu septuagésimo aniversário, o mundo se uniu para homenageá-lo – com exceção da sua própria Universidade.

S. Freud: Se a Universidade de Viena me demonstrasse reconhecimento, eu ficaria embaraçado. Não há razão em aceitar a mim e a minha obra porque tenho setenta anos. Eu não atribuo importância insensata aos decimais.
A fama chega apenas quando morremos, e francamente, o que vem depois não me interessa. Não aspiro à glória póstuma. Minha modéstia não e virtude.

George Sylvester Viereck: Não significa nada o fato de que o seu nome vai viver?

S. Freud: Absolutamente nada, mesmo que ele viva, o que não e certo. Estou bem mais preocupado com o destino de meus filhos. Espero que suas vidas não venham a ser difíceis. Não posso ajudá-los muito. A guerra praticamente liquidou com minhas posses, o que havia poupado durante a vida. Mas posso me dar por satisfeito. O trabalho é minha fortuna.
Estávamos subindo e descendo uma pequena trilha no jardim da casa. Freud acariciou ternamente um arbusto que florescia.

S. Freud: Estou muito mais interessado neste botão do que no que possa me acontecer depois que estiver morto.

George Sylvester Viereck: Então o senhor é, afinal, um profundo pessimista?

S. Freud: Não, não sou. Não permito que nenhuma reflexão filosófica estrague a minha fruição das coisas simples da vida.

George Sylvester Viereck: O senhor acredita na persistência da personalidade após a morte, de alguma forma que seja?

S. Freud: Não penso nisso. Tudo o que vive perece. Por que deveria o homem construir uma exceção?

George Sylvester Viereck: Gostaria de retornar em alguma forma, de ser resgatado do pó? O senhor não tem, em outras palavras, desejo de imortalidade?

S. Freud: Sinceramente não. Se a gente reconhece os motivos egoístas por trás de conduta humana, não tem o mínimo desejo de voltar a vida, movendo-se num círculo, seria ainda a mesma.
Além disso, mesmo se o eterno retorno das coisas, para usar a expressão de Nietzsche, nos dotasse novamente do nosso invólucro carnal, para que serviria, sem memória? Não haveria elo entre passado e futuro.
Pelo que me toca estou perfeitamente satisfeito em saber que o eterno aborrecimento de viver finalmente passará. Nossa vida é necessariamente uma série de compromissos, uma luta interminável entre o ego e seu ambiente. O desejo de prolongar a vida excessivamente me parece absurdo.

George Sylvester Viereck: Bernard Shaw sustenta que vivemos muito pouco, disse eu. Ele acha que o homem pode prolongar a vida se assim desejar, levando sua vontade a atuar sobre as forças da evolução. Ele crê que a humanidade pode reaver a longevidade dos patriarcas.
- É possível, respondeu Freud, que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer.
Assim como amor e ódio por uma pessoa habitam em nosso peito ao mesmo tempo, assim também toda a vida conjuga o desejo de manter-se e o desejo da própria destruição.
Do mesmo modo com um pequeno elástico esticado tende a assumir a forma original, assim também toda a matéria viva, consciente ou inconscientemente, busca readquirir a completa, a absoluta inércia da existência inorgânica. O impulso de vida e o impulso de morte habitam lado a lado dentro de nós.
A Morte é a companheira do Amor. Juntos eles regem o mundo. Isto é o que diz o meu livro: Além do Princípio do Prazer.
No começo, a psicanálise supôs que o Amor tinha toda a importância. Agora sabemos que a Morte é igualmente importante.
Biologicamente, todo ser vivo, não importa quão intensamente a vida queime dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação da “febre chamada viver”, anseia pelo seio de Abraão. O desejo pode ser encoberto por digressões. Não obstante, o objetivo derradeiro da vida é a sua própria extinção.
Isto, exclamei, é a filosofia da autodestruição. Ela justifica o auto-extermínio. Levaria logicamente ao suicídio universal imaginado por Eduard von Hartamann.

S.Freud: A humanidade não escolhe o suicídio porque a lei do seu ser desaprova a via direta para o seu fim. A vida tem que completar o seu ciclo de existência. Em todo ser normal, a pulsão de vida é forte o bastante para contrabalançar a pulsão de morte, embora no final resulte mais forte.
Podemos entreter a fantasia de que a Morte nos vem por nossa própria vontade. Seria mais possível que pudéssemos vencer a Morte, não fosse por seu aliado dentro de nós.
Neste sentido acrescentou Freud com um sorriso, pode ser justificado dizer que toda a morte é suicídio disfarçado.
Estava ficando frio no jardim.
Prosseguimos a conversa no gabinete.
Vi uma pilha de manuscritos sobre a mesa, com a caligrafia clara de Freud.

George Sylvester Viereck: Em que o senhor está trabalhando?

S. Freud: Estou escrevendo uma defesa da análise leiga, da psicanálise praticada por leigos. Os doutores querem tornar a análise ilegal para os não médicos. A História, essa velha plagiadora, repete-se após cada descoberta. Os doutores combatem cada nova verdade no começo. Depois procuram monopoliza-la.

George Sylvester Viereck: O senhor teve muito apoio dos leigos?

S. Freud: Alguns dos meus melhores discípulos são leigos.

George Sylvester Viereck: O senhor está praticando muito psicanálise?

S. Freud: Certamente. Neste momento estou trabalhando num caso muito difícil, tentando desatar os conflitos psíquicos de um interessante novo paciente.
Minha filha também é psicanalista, como você vê…
Nesse ponto apareceu Miss Anna Freud acompanhada por seu paciente, um garoto de onze anos, de feições inconfundivelmente anglo-saxonicas.

George Sylvester Viereck: O senhor já analisou a si mesmo?

S. Freud: Certamente. O psicanalista deve constantemente analisar a si mesmo. Analisando a nós mesmos, ficamos mais capacitados a analisar os outros.
O psicanalista é como o bode expiatório dos hebreus. Os outros descarregam seus pecados sobre ele. Ele deve praticar sua arte à perfeição para desvencilhar-se do fardo jogado sobre ele.

George Sylvester Viereck: Minha impressão, observei, é de que a psicanálise desperta em todos que a praticam o espírito da caridade cristão. Nada existe na vida humana que a psicanálise não possa nos fazer compreender. “Tout comprec’est tout pardonner”.
Pelo contrário! – bravejou Freud, suas feições assumindo a severidade de um profeta hebreu. Compreender tudo não é perdoar tudo. A análise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que podemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância com o mal não e de maneira alguma um corolário do conhecimento.
Compreendi subitamente porque Freud havia litigado com os seguidores que o haviam abandonado, por que ele não perdoa a sua dissensão do caminho reto da ortodoxia psicanalítica. Seu senso do que é direito é herança dos seus ancestrais. Una herança de que ele se orgulha como se orgulha de sua raça.
Minha língua, ele me explicou, é o alemão. Minha cultura, mina realização é alemã. Eu me considero um intelectual alemão, até perceber o crescimento do preconceito anti-semita na Alemanha e na Áustria. Desde então prefiro me considerar judeu.
Fiquei algo desapontado com esta observação.
Parecia-me que o espírito de Freud deveria habitar nas alturas, além de qualquer preconceito de raças que ele deveria ser imune a qualquer rancor pessoal. No entanto, precisamente a sua indignação, a sua honesta ira, tornava o mais atraente como ser humano.
Aquiles seria intolerável, não fosse por seu calcanhar!,
Fico contente, Herr Professor, de que também o senhor tenha seus complexos, de que também o senhor demonstre que é um mortal!
Nossos complexos, replicou Freud, são a fonte de nossa fraqueza; mas com freqüência são também a fonte de nossa força.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

ZIZEK : Vivendo no fim dos tempos


Vivendo no fim dos tempos: o Apocalipse segundo Zizek

Em seu novo livro, "Vivendo no fim dos tempos" (Boitempo Editorial), Slavoj Zizek defende que o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Ele identifica os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. Zizek apresenta sua obra como "parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta".

Não deveria haver mais nenhuma dúvida: o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Slavoj Žižek identifica neste livro os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. E pergunta: se o fim do capitalismo parece para muitos o fim do mundo, como é possível para a sociedade ocidental enfrentar o fim dos tempos?

Para explicar porque estaríamos tentando desesperadamente evitar essa verdade, mesmo que os sinais da “grande desordem sob o céu” sejam abundantes em todos os campos, Žižek recorre a um guia inesperado: o famoso esquema de cinco estágios da perda pessoal catastrófica (doença terminal, desemprego, morte de entes queridos, divórcio, vício em drogas) proposto pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, cuja teoria enfatiza também que esses estágios não aparecem necessariamente nessa ordem nem são todos vividos pelos pacientes.

De acordo com Žižek, podemos distinguir os mesmos cinco padrões no modo como nossa consciência social trata o apocalipse vindouro. “A primeira reação é a negação ideológica de qualquer ‘desordem sob o céu’; a segunda aparece nas explosões de raiva contra as injustiças da nova ordem mundial; seguem-se tentativas de barganhar (‘Se mudarmos aqui e ali, a vida talvez possa continuar como antes...’); quando a barganha fracassa, instalam-se a depressão e o afastamento; finalmente, depois de passar pelo ponto zero, não vemos mais as coisas como ameaças, mas como uma oportunidade de recomeçar. Ou, como Mao Tsé-Tung coloca: ‘Há uma grande desordem sob o céu, a situação é excelente’”.

Os cinco capítulos se referem a essas cinco posturas.

O capítulo 1, “Negação”, analisa os modos predominantes de obscurecimento ideológico, desde os últimos campeões de bilheteria de Hollywood até o falso apocaliptismo (o obscurantismo da Nova Era, por exemplo).

O capítulo 2, “Raiva”, examina os violentos protestos contra o sistema global, em especial a ascensão do fundamentalismo religioso.

O capítulo 3, “Barganha”, trata da crítica da economia política, com um apelo à renovação desse ingrediente fundamental da teoria marxista.

O capítulo 4, “Depressão”, descreve o impacto do colapso vindouro, principalmente em seus aspectos menos conhecidos, como o surgimento de novas formas de patologia subjetiva.

E, por fim, o capítulo 5, “Aceitação”, distingue os sinais do surgimento da subjetividade emancipatória e procura os germes de uma cultura comunista em suas diversas formas, inclusive nas utopias literárias e outras.

Žižek é otimista quanto ao que pode surgir desse processo de emancipação e apresenta sua obra como parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta. Para ele, engajar-se nessa luta significa endossar a fórmula de Alain Badiou, para quem mais vale correr o risco e engajar-se num Evento-Verdade, mesmo que essa fidelidade termine em catástrofe, do que vegetar na sobrevivência hedonista-utilitária. Rejeita, assim, a ideologia liberal da vitimação, que leva a política a renunciar a todos os projetos positivos e buscar a opção menos pior.

Trecho do livro
“Essa virada na direção do entusiasmo emancipatório só acontece quando a verdade traumática não só é aceita de maneira distanciada, como também vivida por inteiro: ‘A verdade tem de ser vivida, e não ensinada. Prepara-te para a batalha!’. Como os famosos versos de Rilke (“Pois não há lugar que não te veja. Deves mudar tua vida”), esse trecho de O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, só pode parecer um estranho non sequitur: se a Coisa me olha de todos os lados, por que isso me obriga a mudar? Por que não uma experiência mística despersonalizada, em que ‘saio de mim’ e me identifico com o olhar do outro? E, do mesmo modo, se é preciso viver a verdade, por que isso envolve luta? Por que não uma experiência íntima de meditação?

Porque o estado ‘espontâneo’ da vida cotidiana é uma mentira vivida, de modo que é necessária uma luta contínua para escapar dessa mentira. O ponto de partida desse processo é nos apavorarmos com nós mesmos.

Quando analisou o atraso da Alemanha em sua obra de juventude Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx fez uma observação sobre o vínculo entre vergonha, terror e coragem, raramente notada, mas fundamental:

É preciso tornar a pressão efetiva ainda maior, acrescentando a ela a consciência da pressão, e tornar a ignomínia ainda mais ignominiosa, tornando-a pública. É preciso retratar cada esfera da sociedade alemã como a partie honteuse [parte vergonhosa] da sociedade alemã, forçar essas relações petrificadas a dançar, entoando a elas sua própria melodia! É preciso ensinar o povo a se aterrorizar diante de si mesmo, a fim de nele incutir coragem.”

Sobre o autor
Slavoj Žižek nasceu em 1949 na cidade de Liubliana, Eslovênia. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós‑modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é diretor internacional do Instituto de Humanidades da Universidade Birkbeck de Londres.

Vivendo no fim dos tempos é o seu sétimo livro traduzido pela Boitempo. Dele, a editora também publicou Bem‑vindo ao deserto do Real!, em 2003, Às portas da revolução (escritos de Lenin de 1917), em 2005, A visão em paralaxe, em 2008, Lacrimae Rerum, em 2009, Em defesa das causas perdidas e Primeiro como tragédia, depois como farsa, os dois últimos em 2011.


Ficha técnica
Título: Vivendo no fim dos tempos
Título original: Living in the end times
Autor: Slavoj Žižek
Tradução: Maria Beatriz de Medina
Orelha: Emir Sader
Páginas: 368
ISBN: 978-85-7559-212-0
Preço: R$ 52,00
Editora: Boitempo

IRAQUE, AFEGANISTÃO E LIBIA: A HISTORIA SE REPETE NA SIRIA


"As ideias dominantes são as ideias da classe dominante" dizia Karl Marx a dezenas de anos trás e hoje o que vemos ocorrer é basicamente isso. A grande mídia propaga incansavelmente somente aquilo que atende aos interesses da classe dominante, mas quem é o que é esta tal classe?

A classe dominante na época de Marx era a burguesia que havia decaptado os reis absolutistas, tomado suas terras e o controle do rebanho de gado humano. Com o tempo esta classe evoluiu muito, porém os objetivos permancem os mesmo, ou seja, dominar as terras, o rebanho humano e aquilo  que tem debaixo del suas terras, o petroleo.

No Iraque a ideia propagada pela grande midia  foi de que haviam armas biologicas que colocavam em risco o mundo. Invadiram, decapitaram o rei (Saddam), vasculharam cada metro quadrado e nenhuma arma biolgica fora encontrado, mas ainda hoje continuam por la controlando as terras e o que esta debaixo dela, o petroleo.

Assim foi também no Afeganistão, onde a desculpa era o tal do terrorista Bin Laden (que depois foi dito que fora encontrado num hotel de 5ª categoria no Paquistão, morto e jogado em um pedaço de rio qualquer), mas continuam por lá e controlando suas terras e o que ha por cima dela, a papoula (que serve para fazer heroina e exportar pro mundo todo).

Na Libia nao foi diferente, a ideia que nos fora apresentada foi a de que Kaddafi estuprava criancinhas. Invadiram, tomaram suas terras e o que ha por de baixo delas, o petroleo.

Agora chegou a vez do Irã (um dos maiores exportadores de petroleo do mundo), porem para conseguir (ou facilitar) a invasão, inventaram que o Irã estaria criando armas de destruição em massa (lembra da desculpa usada contra o Iraque, pois é). Com tudo, para poder chegar até o Irã é preciso abrir caminho e quem esta impedindo este caminho é a Siria, portanto é necessário invadir e dominar antes a Siria para somente depois partir para o Irã.

O texto a seguir, de autoria de Luis Garcia, explica com mais detalhes o que vem ocorrendo de fato na Siria e como que mais uma vez vem nos sendo apresentada a mentirosa ideia da clase dominante, segue o texto:

O Pearl Harbor Turco

PERSPECTIVA HISTÓRICA
Quando dou o título a este artigo de O Pearl Harbor Turco, refiro-me claramente ao recente incidente ocorrido no espaço aéreo da Síria: o avião de combate turco F-4 Phantom abatido pela força aérea síria. Escolhi este título por ser mais facilmente reconhecido pelo público em geral mas, talvez não seja este o mais correcto, uma vez que no caso da Segunda Guerra Mundial o porto norte-americano foi de facto atacado pelas forças armadas japonesas, com a ressalva de que os EUA estariam a par e consentiram que o dito ataque se desenrolasse para poderem ter um motivo palpável para entrar na guerra.
A situação em curso poderá mais correctamente ser comparada com um outro estratagema para começar uma guerra, e que foi utilizado pelos EUA no Vietnam, o Incidente do Golfo de Tonkin. Este assemelha-se ao caso turco-sírio em 2 aspectos essenciais: primeiro, a entrada do destróier USS Maddox em águas territoriais Vietnamitas e o suposto ataque realizado por três lanchas torpedeiras da marinha norte-vietnamita contra aquele; segundo, porque os EUA apoiavam já política, financeira e militarmente o Vietname do Sul contra o norte comunista mas sem terem ainda entrado em guerra directa, da mesma forma que a NATO, Israel e os estados árabes aliados (Arábia Saudita, Qatar e Bahrein) apoiam, financiam e armam a “resistência síria” contra o governo oficial de Bashar Al-Assad.


O CONTEXTO DA SITUAÇÃO
Com a retórica barata de intervenções humanitárias (para espalhar caos e terror e criar bases militares permanentes como os EUA têm feito em todas as partes deste planeta nas últimas décadas) mais do que gasta, e negada a “autorização” da ONU (vetos da Rússia e da China) para invadir “legalmente” a Síria, os EUA-NATO apostaram claramente no patrocínio de guerrilhas e de atentados terroristas na Síria (ainda hoje saiu a notícia de 40 alemães capturados pelas forças sírias enquanto tentavam fazer entrar armamento no país), suportados pela gigante campanha mediática de mentira e envenenamento da opinião pública contra o regime sírio, que consegue não só esconder e eliminar as evidências de intervenção estrangeira ilegal, como ainda se atreve a responsabilizar o regime sírio pelos actos bárbaros perpetrados pelos mercenários contratados pela NATO&Aliados. Não sou defensor do regime ditatorial sírio da mesma forma que nunca defenderia a ditadura de Salazar e Marcelo Caetano em Portugal, mas é completamente compreensível que perante ataques claramente armados dentro do seu país por forças estrangeiras (uso de blindados, lança rockets, granadas, mercenários armados), o legítimo poder político e militar da Síria tenha não só o direito como também o dever de responder militarmente, seja com aviões de combate, com tanques ou com exércitos armados. Senão vejamos, por causa de apenas umas dezenas de protestantes violentos em Inglaterra, o governo desse estado terrorista mandou a polícia carregar violentamente sobre os ditos protestantes e ameaçou, em directo nas TV’s de todo o mundo, que se a violência alastrasse poderia mesmo optar por usar forças militares dentro do seu país. Que esperar então de um governo sírio confrontado por guerra aberta dentro das suas fronteiras? Ficar a dormir? Não, este respondeu e responde militarmente, o que se tornou desculpa perfeita para os media manipulados acusarem Al-Assad de chacina e genocídio… Al-Assad até caiu na armadilha do cessar fogo, aceitou-o, e enquanto este durou, as forças mercenárias estrangeiras continuaram com as campanhas de morte e terror, agora mais facilmente por não enfrentarem resistência do exército legítimo, e a máquina de propaganda deu-se até ao luxo de acusar as forças armadas sírias pelos atropelos e massacres cometidos pelas forças estrangeiras enquanto aqueles ingenuamente respeitavam o cessar fogo.
Consequências de todo este desenrolar de acções: a escalada de acusações mútuas entre os EUA e a Rússia de corrida ao armamento, críticas recíprocas aos recém-instalados sistemas anti-mísseis na RepúblicaCheca/Polónia (EUA) e Kaliningrado (Rússia), e a deslocação de pelo menos uma frota naval russa para as águas territoriais da Síria. A Guerra Fria 2.0 ao seu melhor estilo.


A ARMADILHA
Ontem, à conversa online com um amigo turco sobre o avião de combate turco abatido pela Síria, este dizia-me que a TV turca “informava” que o grande problema teria sido “a perda de contacto de radar e rádio com o avião”, e pensava – a acreditar nas fontes oficiais – que a “possível entrada em espaço aéreo sírio teria acontecido sem intencionalidade”. Ahaha, pois claro… Eu fui respondendo dizendo que para mim não passava de propaganda da NATO, da qual infelizmente a grande nação turca faz parte, e que por tal estaria envolvida nesta mais recente manobra suja dessa máquina de guerra. Concordando comigo no descontentamento da presença turca dentro da NATO, o meu amigo deixou no entanto transparecer algumas dúvidas quanto à minha opinião sobre o sucedido. E eu insisti, terminando ontem por afirmar que as forças armadas turcas iriam criar falsas provas capazes de demonstrar que o avião de combate turco teria afinal sido abatido no espaço aéreo turco e não sírio e, consequentemente, a Turquia invadiria a Síria, numa clara demonstração que a história repete-se vezes sem conta, e que as invasões norte-americanas começam sempre desta mesmíssima maneira.
Hoje, parece que me enganei, mas por pouco, ou se preferirem, quase acertei. Comecemos pela “notícia” de ontem do Público sobre o assunto, com o título Ancara diz que avião militar turco poderá ter violado espaço aéreo sírio. Neste texto a propaganda dos EUA leva-nos a acreditar que existiria de facto dúvidas dentro do governo e forças armadas turcas se o seu caça teria ou não entrado no espaço aéreo sírio. Pura manobra de diversão meus caros. Ao afirmar tal, a Turquia faz passar subtilmente a mensagem de que nenhum plano, nenhum esquema maquiavélico teria jamais ocorrido. Pelo contrário, até colocavam a hipótese de terem culpas no cartório… Hehe, e ficava assim conquistada a opinião pública para a tese de a coisa ter acontecido por acaso. Ora hoje, o mesmo folhetim de propaganda norte-americana em Portugal (o Público), através de outra “notícia” (Turquia pede reunião urgente da NATO por causa de jacto abatido pela Síria), “informa-nos” que o avião terá sido abatido não no espaço aéreo sírio, não no espaço aéreo turco (como eu apostara que diriam), mas sim em espaço internacional. Ah, que conveniente, dois coelhos de uma cajadada só, não tendo sido na Turquia assegura-se ao fiéis turcos a inviolabilidade da sua nação, mas ao mesmo tempo pode-se acusar a Síria de ter atacado a Turquia, e consequentemente, ter accionado o mecanismo legal que coloca a Síria virtualmente em guerra com todas as nações que assinam os tratados da NATO. Muito conveniente, de facto…


A INGENUIDADE SÍRIA
Quem parece não ter lido muitos livros de história, ou pelo menos, parecem ser muitíssimo ingénuos são os responsáveis políticos e militares do governo legítimo da Síria. Pois senão, que raio lhes passou pela cabeça para, dadas todas as circunstâncias e dadas as ameaças de eminente ataque da NATO, caír na armadilha de abater o caça turco que invadiu o seu espaço aéreo!?! Pois claro, é fácil de perceber que acreditaram que a entrada do caça turco no seu país era a prova do real início da invasão, e que portanto, não lhes restava outra alternativa senão abater o dito intruso, e accionar consequentemente o alerta vermelho por todo o país face à eminente chegada de mais caças da NATO. Mas pois claro que não! A Rússia tem um vaso de guerra estacionado em águas sírias e tem uma frota naval a caminho; e vetou todas as resoluções da ONU que permitiriam à NATO invadir a Síria.
Agora o caça turco já ardeu, a lei do mais forte vai fazer provar que a Turquia é afinal a vítima e não o agressor, e o artigo 5 da NATO: O Princípio de Defesa Colectiva fará o resto, que é como quem diz, accionar a invasão da Síria, passo final e decisivo para o cerco total à República Islâmica do Irão.


A VERSÃO SÍRIA
Embora esteja condenada a ser eliminada da história pela lei do mais forte e pela sua máquina de propaganda planetária, aqui fica a versão oficial das forças armadas sírias:
1. O caça F-4 Phantom descolou da base aérea de Erhac, na Turquia;
2. A força aérea síria detectou a sua entrada no espaço aéreo sírio às 11:40 (8:40 GMT) do dia 22 de Junho;
3. As forças armadas turcas afirmam ter perdido contacto com o seu avião às 11:58 (08:58 GMT), quando sobrevoava a província de Hatay;
4. As defesas aéreas sírias atingiram o caça turco acerca de 1 km da costa da Síria (portanto espaço aéreo sírio); o caça acabou por se despenhar no mar  10 km a oeste de Om al-Tuyour.


SINAIS DE ESPERANÇA
Sinais de esperança para a Síria? Poucos ou praticamente nulos, pois mesmo sem a eminente invasão oficial da NATO o país já está completamente mergulhado no caos da guerra entre guerilhas, mercenários estrangeiros, organizações terroristas islâmicas e atentados à bomba, tal como Iraque, Afeganistão ou Líbia, tal como qualquer pedaço de terra em que os states ponha a mão encima…
Ainda assim, não está tudo perdido para a Síria, e a história pode mostrar-lhes, se se derem ao trabalho de a aprender, que nem sempre as invasões americanas são bem sucedidas, e que esta armadilha do caça turco abatido poderá não resultar. Gosto de relembrar que A Invasão da Baía dos Porcos prova-nos que nem sempre os norte-americanos e o seu Império da Guerra saem bem sucedidos…
Luís Garcia, 24.06.2012, Chervey, França via G Sampaio.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O QUE A TRIBO UBUNTU PODE NOS ENSINAR?


O que a tribo Ubuntu pode nos ensinar?
A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz em Floripa, nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.

Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Como tinha muito tempo ainda até o embarque, ele então, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí, ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam:

"Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
 
Ele ficou pasmo. Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo... Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Muitas vezes trabalhamos em cima de uma idéia ou de uma convicção tão obsessivamente, para "ajudar" aqueles que consideramos "carentes" ou para mudar os "inferiores" e não percebemos que eles têm o mesmo valor que nós. E até nos surpreendem, muitas vezes, com seu sentido ético e sua maneira de se relacionarem.

Falta ainda um pouco mais de tempo para compreendermos que não existe tal coisa como uma hierarquia cultural, ou seja, expressões culturais boas e más, certas ou erradas.

Na ação de cada gesto ou na consideração que fazemos do "outro," só conseguimos olhar para o próprio umbigo efrequentemente nos vermos como modelo e referencial.. Olhamos as outras manifestações culturais, outros valores, outras práticas sociais pelo nosso prisma,com os valores da nossa cultura.

A isso a Sociologia e a Psicologia chamam de "etnocentrismo".

Ubuntu significa: Sou quem sou, por quem somos todos nós.

(autor não identificado).


Atente para o detalhe: por quem SOMOS, não pelo que temos...

Este texto nos faz um chamamento a que mudemos esta espécie de "superioridade" que damos a determinadas culturas, religiões e modos de ser (geralmente a nossa própria), em detrimento de outros, para não mais agirmos considerando uma determinada cultura como "gabarito" cultural entre outras diferentes... Na verdade, todos aprendem e crescem com todos, trocando, enriquecendo-se, complementando-se, participando..

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Para Chauí, ditadura iniciou devastação física e pedagógica da escola pública


Por: Paulo Donizetti de Souza, Rede Brasil Atual

Publicado em 30/03/2012, 08:30
Última atualização em 13/06/2012, 10:49

Para Chauí, ditadura iniciou devastação física e pedagógica da escola pública
"Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, se ia ser preso, se ia ser morto. Não sabia." (Foto: Gerardo Lazzari/ Sindicato dos Bancários)
São Paulo – Violência repressiva, privatização e a reforma universitária que fez uma educação voltada à fabricação de mão-de-obra, são, na opinião da filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, as cicatrizes da ditadura no ensino universitário do país. Chauí relembrou as duras passagens do período e afirma não mais acreditar na escola como espaço de  formação de pensamento crítico dos cidadãos, mas sim em outras formas de agrupamento, como nos movimentos sociais, movimentos populares, ONGs e em grupos que se formam com a rede de internet e nos partidos políticos. 
Chauí, que "fechou as portas para a mídia" e diz não conceder entrevistas desde 2003, falou à Rede Brasil Atual após palestra feita no lançamento da escola 28 de de Agosto, iniciativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo que elogiou por projetar cursos de administração que resgatem conteúdos críticos e humanistas dos quais o meio universitário contemporâneo hoje se ressente.
Quais foram os efeitos do regime autoritário e seus interesses ideológicos e econômicos sobre o processo educacional do Brasil?
Vou dividir minha resposta sobre o peso da ditadura na educação em três aspectos. Primeiro: a violência repressiva que se abateu sobre os educadores nos três níveis, fundamental, médio e superior. As perseguições, cassações, as expulsões, as prisões, as torturas, mortes, desaparecimentos e exílios. Enfim, a devastação feita no campo dos educadores. Todos os que tinham ideias de esquerda ou progressistas foram sacrificados de uma maneira extremamente violenta.
Em segundo lugar, a privatização do ensino, que culmina agora no ensino superior, começou no ensino fundamental e médio. As verbas não vinham mais para a escola pública, ela foi definhando e no seu lugar surgiram ou se desenvolveram as escolas privadas. Eu pertenço a uma geração que olhava com superioridade e desprezo para a escola particular, porque ela era para quem ia pagar e não aguentava o tranco da verdadeira escola. Durante a ditadura, houve um processo de privatização, que inverte isso e faz com que se considere que a escola particular é que tem um ensino melhor. A escola pública foi devastada, física e pedagogicamente, desconsiderada e desvalorizada.
E o terceiro aspecto?
A reforma universitária. A ditadura introduziu um programa conhecido como MEC-Usaid, pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, para a América Latina toda. Ele foi bloqueado durante o início dos anos 1960 por todos os movimentos de esquerda no continente, e depois a ditadura o implantou. Essa implantação consistiu em destruir a figura do curso com multiplicidade de disciplinas, que o estudante decidia fazer no ritmo dele, do modo que ele pudesse, segundo o critério estabelecido pela sua faculdade. Os cursos se tornaram sequenciais. Foi estabelecido o prazo mínimo para completar o curso. Houve a departamentalização, mas com a criação da figura do conselho de departamento, o que significava que um pequeno grupo de professores tinha o controle sobre a totalidade do departamento e sobre as decisões. Então você tem centralização. Foi dado ao curso superior uma característica de curso secundário, que hoje chamamos de ensino médio, que é a sequência das disciplinas e essa ideia violenta dos créditos. Além disso, eles inventaram a divisão entre matérias obrigatórias e matérias optativas. E, como não havia verba para contratação de novos professores, os professores tiveram de se multiplicar e dar vários cursos. 
"Fazer uma universidade comprometida com o que se passa na realidade social e política se tornou uma tarefa muito árdua e difícil"
Houve um comprometimento da inteligência?
Exatamente. E os professores, como eram forçados a dar essas disciplinas, e os alunos, a cursá-las, para terem o número de créditos, elas eram chamadas de “optatórias e obrigativas”, porque não havia diferença entre elas. Depois houve a falta de verbas para laboratórios e bibliotecas, a devastação do patrimônio público, por uma política que visava exclusivamente a formação rápida de mão de obra dócil para o mercado. Aí, criaram a chamada licenciatura curta, ou seja, você fazia um curso de graduação de dois anos e meio e tinha uma licenciatura para lecionar. Além disso, criaram a disciplina de educação moral e cívica, para todos os graus do ensino. Na universidade, havia professores que eram escalados para dar essa matéria, em todos os cursos, nas ciências duras, biológicas e humanas. A universidade que nós conhecemos hoje ainda é a universidade que a ditadura produziu. 
Essa transformação conceitual e curricular das universidade acabou sendo, nos anos 1960, em vários países, um dos combustíveis dos acontecimentos de 1968 em todo mundo.
Foi, no mundo inteiro. Esse é o momento também em que há uma ampliação muito grande da rede privada de universidades, porque o apoio ideológico para a ditadura era dado pela classe média. Ela, do ponto de vista econômico, não produz capital, e do ponto de vista política, não tem poder. Seu poder é ideológico. Então, a sustentação que ela deu fez com que o governo considerasse que precisava recompensá-la e mantê-la como apoiadora, e a recompensa foi garantir o diploma universitário para a classe média. Há esse barateamento do curso superior, para garantir o aumento do número de alunos da classe média para a obtenção do diploma. É a hora em que são introduzidas as empresas do vestibular, o vestibular unificado, que é um escândalo, e no qual surge a diferenciação entre a licenciatura e o bacharelato. 
Foi uma coisa dramática, lutamos o que pudemos, fizemos a resistência máxima que era possível fazer, sob a censura e sob o terror do Estado, com o risco que se corria, porque nós éramos vigiados o tempo inteiro. Os jovens hoje não têm ideia do que era o terror que se abatia sobre nós. Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, não sabia se ia ser preso, se ia ser morto, não sabia o que ia acontecer, nem você, nem os alunos, nem os outros colegas. Havia policiais dentro das salas de aula.
Houve uma corrente muito forte na década de 60, composta por professores como Aziz Ab'Saber,  Florestan Fernandes, Antonio Candido, Maria Vitória Benevides, a senhora, entre outros, que queria uma universidade mais integrada às demandas da comunidade. A senhor tem esperança de que isso volte a acontecer um dia?
Foi simbólica a mudança da faculdade para o “pastus”, não é campus universitário, porque, naquela época, era longe de tudo: você ficava em um isolamento completo. A ideia era colocar a universidade fora da cidade e sem contato com ela. Fizeram isso em muitos lugares. Mas essa sua pergunta é muito complicada, porque tem de levar em consideração o que o neoliberalismo fez: a ideia de que a escola é uma formação rápida para a competição no mercado de trabalho. Então fazer uma universidade comprometida com o que se passa na realidade social e política se tornou uma tarefa muito árdua e difícil. 
"Esse é o momento também em que há uma ampliação muito grande da rede privada de universidades, porque o apoio ideológico para a ditadura era dado pela classe média"
Não há tempo para um conceito humanista de formação?
É uma luta isolada de alguns, de estudantes e  professores, mas não a tendência da universidade.
Hoje, a esperança da formação do cidadão crítico está mais para as possibilidades de ajustes curriculares no ensino fundamental e médio? Ou até nesses níveis a educação forma estará comprometida com a produção de cabeças e mãos para o mercado?
Na escola, isso, a formação do cidadão crítico, não vai acontecer. Você pode ter essa expectativa em outras formas de agrupamento, nos movimentos sociais, nos movimentos populares, nas ONGs, nos grupos que se formam com a rede de internet e nos partidos políticos. Na escola, em cima e em baixo, não. Você tem bolsões, mas não como uma tendência da escola.

sábado, 23 de junho de 2012

DEBATE:CRISTIANISMO, MARXISMO E O ESFORÇO PESSOAL

Não é raro as pessoas virem até mim me questionando como o marxismo trata de modo injusto o esforço pessoal e o direito pessoal a propriedade privada. Outra coisa que ouço muito, principalmente por parte dos religiosos é que o comunismo é contrário a ética cristã. Devido a tais questionamentos e afirmações, resolvi postar aqui um debate que participei na Universidade Metodista de São Paulo com um aluno ( o Jefferson) do curso de Ciencias Sociais, segue o debate na integra:



Imagem de JEFERSON MARQUES MONTEIRO
O Marxismo e o esforço pessoal
por JEFERSON MARQUES MONTEIRO - sexta, 22 junho 2012, 21:20
A minha pergunta é a fala de um aluno no nosso debate da AA,ele disse que o marxismo chama qualquer um que com esforço conquista algo de burguês requerendo assim uma luta antagonica com este, Marx era contra o esforço pessoal para conquista pessoal?




Ecce Hommo
Re: O Marxismo e o esforço pessoal
por MARIVALTON RISSATTO - sábado, 23 junho 2012, 04:57
Jefferson eu sei que a sua pergunta foi direcionada a bela professora Claudete, porém eu não pude resistir em meter o meu bicão e comenta-la ok?

Acho que não ficara ofendido pela minha intromissão, correto?
Vamos lá:

Darwin disse que "o homem não foi criado por deus, ele evoluiu dos macacos"

Marx disse que "no comunismo ninguém irá ter propriedade privada, o estado irá tomar tudo que as pessoas produziram com suor e esforço próprio".

Jafferson; durante o funeral de Marx em 1883, estiveram presentes muitos de seus amigos mais próximos para prestar-lhe uma última homenagem, dentre eles estavam Liebknecht e Friedrich Engels. Este último foi quem declamou as seguintes palavras :

“ Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por esta suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. (…) Como consequência, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal. ” 

Jeferson Darwin foi quem descobriu que as espécies não foram criadas prontas, mas que era fruto de uma longa historia evolutiva controlada pela seleção natural. Marx foi quem descobriu que os homens não foram criação dos deuses (como defendia os hegelianos), mas que os deuses foram criados pelos homens (como dissera Feuerbach).

Jefferson repare que ainda hoje, as pessoas acrditam que quem criou os homens foi deus e que a sociedade precisa de deus para ser controlada. Os homens devem primeiro "buscar o reinos dos céus" pois assim logo depois "todas as demais coisas lhes serao acrescentadas".

Isto é bíblico, e homens tem usado a bíblia para controlar a bíblia. O poder religioso e a instituição igreja ainda comandam a nossa sociedade. Existe um monte de projetos de leis engavetados devido ao poder religioso em nossa sociedade. O poder religioso esta desde a Constituição (aprova-se e valida-se esta constituição esta sob o poder de deus) até o dinheiro (deus seja louvado), passando pelas escolas (todas tem um crucifixo nas paredes e a bíblia nas bibliotecas, as que nao tem, querem colocar).

Assim, te digo sem medo de errar que quem tem mais medo do materialismo histórico, seja o materialismo histórico biológico de Darwin, seja o materialismo histórico dialético de Marx, são os dominadores, poderosos, etc., que tem usado a fé e a religião para reproduzir esta sociedade estabelecida na divisão em classes, entre dominados e dominadores.

Darwin jamais disse que o homem veio dos macacos, ele disse que assim como os macacos, os homens são fruto de um longo processo histórico material, os macacos então não seriam nossos antepassados, nao seriam nossos "avós", mas nossos "primos".

Assim como Darwin nunca disse tal besteira e absurdo, Marx também nunca disse que os homens teriam seus bens e suas propriedades tomadas pelos comunistas. O que Marx disse é que a propriedade dos MEIOS DE PRODUÇÃO deveriam ser tomados da burguesia e controlados pelos proletariados ( ver tese sobre a ditadura do proletariado).

Como o próprio Engels já previu, Marx seria muito caluniado e odiado, não a sua pessoa, mas suas ideias. E hoje o que mais vemos acontecer é isso. Até mesmo no meio acadêmico vemos "intelectuais" distorcendo as palavras de Marx e o caluniando.

Burguês não é aquele que se esforça e constrói seu patrimônio com suor do seu trabalho. Burguês é aquele que por um meio ou outro conseguiu tomar para si os meios de produção. O que são meios de produção? Meios de produção são antes de qualquer coisa as terras, as maquinas, os equipamentos, etc.

 Veja nosso Brasil, tem pessoas (coronés) que possuem fazendas do tamanho da Alemanha, mas quem deu isso a eles? Deus? Não, não foi, mas eles se consideram o próprio deus, e buscam na palavra de deus e nas leis a legitimação e desculpa para ser dono de tudo enquanto a grande maioria do nosso povo morre de fome por não tem um pedaço de terra para plantar.

Esta correto isso? Mas e se o Brasil fosse comunista neste comunismo defendido por Marx, como seriam as coisas, como ficaria a questão dos bens que cada um sua para conquistar?

Existe um texto de Marx bastante interessante onde ele debate um pouco esta problemática, o texto se chama "Critica ao programa de Gotha". Este texto-documento foi direcionado ao partido social democrata alemão para servir de base e responder a questões sobre como se daria o projeto estratégico dos comunistas durante o período de transição do capitalismo para o comunismo e também como deveria se estabelecer as bases dessa nova sociedade, a sociedade comunista, vamos a um trecho do texto:

"Na fase superior da sociedade comunista, quando houver desaparecido a subordinação escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, o contraste entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; quando o trabalho não for somente um meio de vida, mas a primeira necessidade vital; quando, com o desenvolvimento dos indivíduos em todos os seus aspectos, crescerem também as forças produtivas e jorrarem em caudais os mananciais da riqueza coletiva, só então será possível ultrapassar-se totalmente o estreito horizonte do direito burguês e a sociedade poderá inscrever em suas bandeiras: De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades ."


Marx neste texto esta deixando claro como se daria a ideia de "salários" na sociedade comunista. De cada qual segundo a sua capacidade significa que cada um deva receber de acordo com seus esforços. É muito obvio que se eu produzir muito trabalhar muito terei muito. Por exemplo, se eu tenho muita vontade de trabalhar e produzir, nada irá me impedir de construir uma grande casa para minha família, cultivar um belo jardim, uma bela varanda, etc etc.. A cada um a qual segundo suas necessidades significa que eu poderei ter a minha casa do jeito que eu quiser, mas não poderei ser donos de varias casas e assim deixar faltar casas as demais pessoas.
Jefferson isso não lhe parece totalmente justo e coerente? Pra mim sim. E te digo mais, apesar de ser ateu, eu sei que até a bíblia concorda com Marx neste ponto, olha o que esta escrita na bíblia:
" E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade , e ausentou-se logo para longe. " - Mateus 25-15

" Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos , à medida que alguém tinha necessidade ." - Atos 2-45
"Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum . Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça." - Atos 4-32

Jefferson repare que tanto Jesus quanto os apóstolos ja praticavam o comunismo, apesar dos textos não estarem dizendo isso explicitamente, qualquer sincero de bom coração conseguira entender tal coisa, mas para que alguns "irmãos" crentelhos por ai venham me acusar de falsário e estar distorcendo as escrituras, segue mais um trecho das "sagradas" escrituras:

"Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade . " - Atos 4-32/35

Resta ainda alguma duvida de que tanto Jesus quanto os apostolos não eram comunistas? Qual a diferença entre o que o evangelista são Lucas e Mateus estao dizendo aqui e que Marx havia dito? Não lhe parece muito claro que Jesus e os apostolos eram comunistas?

Por que os crentelhos insistem em negar o comunismo e acusar Marx de inimigo de deus e da propriedade alheia?

Se tem uma coisa que Marx não era, é bobo. Marx entendia de religião (seus pais era religioso, cresceu em meio aos religiosos), Marx viu que os religiosos, os crentelhos, so tiravam da bíblia aquilo que lhes eram convenientes (igual muitos de nossos amigos e parentes e conhecidos). Por isso Marx ter se posicionado tão contra alguns religiosos. Marx optou por ficar do lado das ovelhinhas e nao dos lobos, por isso muitos comunistas entenderam que a melhor solução era fechar as igrejas (mesmo pq, como esta escrita na biblia, deus não habita em templos construídos pelas mãos dos homens pecadores, mas no coração dos homens de bem).

A luta de Marx e de nos comunistas é a luta contra a opressão, contra a dominação e a alienação, o próprio Marx jamais disse que deveria se proibir deus por leis, mas que deus seria extinto pela própria vontade humana. Deus aqui não é aquele amor ao ser divino que nos preenche a alma, mas este deus antropomorfizado que os religiosos criaram, cultivam e monopolizam para servir aos seus interesses próprios.



Respondendo a pergunta de seu amigo. Marx nao era contra a aquisição de bens através do  esforço pessoal não, Marx e os comunistas são contra os burgueses, e quem trabalha e
conquista seus bens no é burguês, Burguês é quem explora os outros através da alienação.

Desculpe se isto que lhes digo vos ofendes, mas não posso deixar de dizer esta verdade. Pois o que seria mais errado, ofender com a verdade ou agradar-lhes com mentiras?

O comunismo Jefferson não vai impedir as riquezas e dividir a miséria como teorizou Churchill e Hayek. O mundo por si só é rico por demais da conta. Um incrível banquete foi nos dado por “deus”, isto é, pela mãe natureza. O mundo, a natureza nos oferece tudo que precisamos com folga.

O comunismo apenas iria dividir coerentemente essas riquezas. Pode ter certeza que não iria faltar nada pra ninguém e ainda iria sobrar muita coisa. Segundo estatísticas, 40% de todo alimento produzido vai parar no lixo, enquanto a cada 5 segundos uma pessoa perde a visão em decorrência da falta de vitamina A.
Uma criança morre de fome a cada 4 segundos no mundo (dados da Unesco).
Mais da metade dos medicamentos apodrecem e passam do prazo de validade nas prateleiras das farmácias esperando compradores.
E uma grande parcela das moradias esta vazia esperando quem as alugue ou compre, igualmente são os carros e motos que envelhecem nos pátios das garagens de montadoras a espera por compradores. Por mes milhoes de aparelhos de celulares vão parar no lixo simplesmente por que foi lançado um novo modelo mais "bonitinho", junto dos aparelhos vão também suas baterias de litio (que poluem a terra, agua e ar). Os paises (capitalisats) dizem não ter dinheiro para investir em politicas sociais, mas gastam zilhoes de dolares em manutenção de seus exercitos e na fabricação de caças, misséis, bombas e afins.
Já existe carros movidos a energia eletrica, a ar comprimido, a nitrogenio (agua) e até a luz solar, mas vender gasolina (petroleo) rende mais e ninguém investe em carros que não utilizam petroleo.

Já existe a cura pra inúmeras doenças, mas os medicamentos não são anunciados por que a cura de doenças não interessa para a indústria farmacêutica, pois esta lucra muito mais com a venda de medicamentos que apenas trata ou ameniza seus efeitos. Soube que já existe um tratamento definitivo à cárie dentária a base de peptídeo (P 11-4), mas isso não é divulgado pois o tratamento habitual das cáries é que gera muito mais lucros à industria odontológica.

Soube também que um dos únicos paises a investir em pesquisas de cura do cancer e AIDS é a comunista Cuba do "ditador" Fidel, eles já estao bem avançados, mas devido ao bloqueio economico imposto por EUA (a maior nação cristã do mundo), são impedidos de avançar nas pesquisas pois falta alguns equipamentos e são impedidos de comprar estes equipamentos pois EUA não deixa Cuba usar suas patentes.

Sim, o capitalismo é anti-cientifico, antiético e anti-humano e só pune aqueles mais frágeis, os mais humildes e inocentes e quem defende este sistema nefasto esta também defendendo toda esta lógica macabra e insana.

Há uma sumula papal (uma lei do Vaticano) que diz que todo aquele que se assumir, defender, apoiar o comunismo (ou socialismo), esta automaticamente excomungado, isto é, expulso do corpo de cristo. Recentemente o papa disse publicamente que o marxismo foi a pior coisa que já surgiu sob a face da terra.

Por que será que eles têm tanto ódio assim do comunismo e do marxismo? Medo de o povo conhecer a verdade e não aceitar mais que os “santos” homens de deus continuem a viver sentados sobre assentos de ouro enquanto milhões de crianças estão por ai pelas ruas das grandes cidades ou nos lixões disputando o que comer com os porcos, ratos e baratas?

Finalizando:
Então meu caro Jefferson, quando seu amigo (ou outra pessoa) que também tenha crescido em um ambiente cristão e se infectado com as mentiras e calunias que a burguesia dispara contra Marx e os comunistas, esfregue na cara deles este texto, ou as passagens do texto-documento de Marx bem como também as passagens bíblicas que citei aqui.
Abraços, e mais uma vez me desculpe pela sinceridade e acidez de minhas palavras, mas com religiosos (pilantras e safados) eu tenho muito pouca paciência mesmo. E lembre-se do que o velho Marx nos disse:

“De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. - Marx, 1875 in A Critica ao Programa de Gotha