sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Japoneses exigem saída de tropas dos EUA de Okinawa






Via Hora do Povo


Manifestantes fecharam a entrada da base militar após a chegada de novo contingente de aeronaves bélicas destinadas ao transporte de marines

Dezenas de carros foram postados por sindicatos e associações de moradores diante da entrada da base militar de Okinawa, que abriga um dos maiores contingentes de marines de toda a Ásia. A oposição disseminada, entre os moradores da ilha, se intensificou com o despacho de novas aeronaves bélicas – os MV22 Osprey - fabricadas pelos EUA para a base.

Além da manifestação do dia 1º, no mês de setembro se reuniram mais de cem mil pessoas diante da base, assim que o envio dos Osprey foi anunciado. Estas aeronaves podem funcionar como helicópteros, ao levantar vôo e pousar, e como aviões quando em vôo.

Entre as vantagens dos Ospreys, estaria a autonomia de vôo, quatro vezes maior do que os helicópteros atualmente em uso.

Segundo o repórter Martin Fackler (em reportagem para a Kiodo News e Associated Press), isto colocaria ao alcance dos militares norte-americanos despachar 15 mil marines até Taiwan.

Segundo o repórter, a medida visaria reforçar o poderio bélico norte-americano na região e com isso dissuadir a China de agir contra a ocupação de suas ilhas Diaoyu pelos belicistas japoneses, além de trazer mais presença militar para a região onde fica a República Popular Democrática da Coreia.

Ocorre que há informes de que estas aeronaves ainda não podem ser consideradas seguras e que foram mal finalizadas por seus fabricantes. Mesmo estando há pouco tempo em serviço, duas delas já caíram, durante exercícios militares na Europa.

Para os moradores de Okinawa (1,4 milhão de habitantes), particularmente os da cidade de Ginowan, onde fica localizada a base, a constante passagem de aviões e helicópteros por cima de suas cabeças, além da insuportável poluição sonora, trazem risco real de vida. Em 1995, um jato norte-americano caiu nas vizinhanças da base causando a morte de 17 moradores, incluindo 11 crianças em idade escolar.

"A ira está aumentando como uma larva de vulcão sob a superfície e os Ospreys podem ser aquilo que finalmente cause uma erupção", afirma Takeshi Onaga, prefeito de Naha, capital de ilha de Okinawa e membro do partido Liberal Democrático (agora no governo). "Forçar a presença dos Osprey poderia levar ao colapso da aliança EUA-Japão", diz o prefeito. Da nossa parte, destacamos que a ocupação do Japão, no pós-guerra, pelos EUA, não tem nada de aliança. Foi resultado - explorado há décadas pelos interesses geopolíticos do Império – da vitória na Segunda Guerra Mundial.

O ex-presidente da Universidade de Okinawa, Moriteru Arasaki, destacou que "há tanta raiva em torno desse novo despacho de aeronaves que, uma vez destampada, pode se voltar contra todas as bases dos EUA no país".

Até o ex-conselheiro para questões do Leste da Ásia da Secretaria de Defesa dos EUA, James Schoff, avaliou que "neste clima, qualquer acidente pode ser como acender um fósforo em um tonel de nafta".

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