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MODOS COMO O CAPITALISMO NEGA OU TIRA A SUA LIBERDADE
Um dos mais fortes argumentos a favor
do capitalismo utilizado por seus defensores é que ele seria um sistema que
garante a liberdade. Será mesmo?
Por
Robson Fernando de Souza
Dizem por aí que o capitalismo —
em especial o liberal, com o mínimo de regulação estatal — vem
“trazer liberdade” para as pessoas.
Seria tanto a liberdade de ganhar e acumular muito
dinheiro e fazer o que quiser sem ser impedido por um “Estado-babá” quanto a de
escolher que produtos e serviços e de que marcas e empresas consumir ou não
consumir.
Mas, se formos ver o que há por trás dessa máscara
e investigar mais a fundo a natureza da ordem social, econômica, política e
moral capitalista, será que ainda veremos um sistema econômico que traz
liberdade para o ser humano?
Ou descobriremos que ele nega ou tira a
grande maioria das liberdades individuais das pessoas?
Convido você a conhecer, por meio deste artigo, dez
maneiras com que o capitalismo mina as suas liberdades, mesmo
aquelas mais básicas e desejadas, e submete-o a algo absurdamente próximo da
escravidão.
1Nega a você a liberdade de optar por não se
sujeitar ao próprio capitalismo
A História humana nos ensina que existem inúmeros
modos de viver em sociedade, dos mais bucólicos e igualitários aos
mais urbanos e hierarquizados. Da mesma maneira, reforça que existe ou existia
toda uma diversidade de sistemas econômicos, entre eles o escambo, os mercados
pré-capitalistas baseados em moedas, o comunismo primitivo e o próprio
capitalismo.
Mas este último, à medida que se espalhou pelo
mundo por meio da colonização política, econômica e cultural, acabou se
configurando como sistema econômico e social hegemônico. Isso não
foi pacífico: significou a aniquilação de incontáveis culturas e formas de vida
socioeconômica, seja por meio da invasão cultural, seja pela subjugação
econômica, seja pelo puro extermínio por forças militares.
Com isso, chegamos ao ponto em que o mesmo
capitalismo que dizem “trazer liberdade para o ser humano” lhe nega a liberdade
individual de conhecer e optar por modos de vida alternativos e,
assim, rejeitar se submeter aos ditames (a)morais do mercado.
Isso porque a maioria das pessoas é obrigada a
trabalhar em empregos e subempregos degradantes ou, no mínimo, que detestam, e
dedicar a maior parte de seu dia a dia, senão todo ele, a esse trabalho. Ficam
assim privadas de tempo livre, o qual poderia ser utilizado para leituras,
viagens, diálogos com outras culturas etc., além de nunca terem dinheiro
suficiente para esse contato cultural presencial.
Além disso, os detentores do capital e seus
capangas têm atuado de maneira que estão literalmente exterminando povos
nativos que ainda não se sujeitaram totalmente ao mercado dos brancos. São
exemplos notórios disso os latifundiários na América Latina e as grandes
indústrias que poluem e exterminam ecossistemas e ferem de morte os povos que
dependem destes.
Ou seja, o capitalismo tanto tem
negado aos cidadãos a possibilidade de conhecer maneiras de viver alternativas
quanto as tem destruído implacavelmente, almejando tornar real o atributo de
único modo existente no planeta em que os seres humanos podem vivem.
2Convence você de que “não existe” vida humana, nem
alternativas de sociedade e economia, fora do capitalismo
Paralelamente a essa tradição de exterminar
culturas nativas, ecossistemas, modos de vida alternativos e esperanças, muitos
formadores de opinião pró-capitalistas argumentam falaciosamente que “não
existe” vida humana possível fora do capitalismo.
Afinal, segundo dizem, a (a)moralidade capitalista
é “da natureza humana”, e o “fracasso do comunismo” seria uma prova de que
modos de vida não capitalistas “não funcionam”.
Só que essa suposta “naturalidade” do modo de vida
capitalista é uma falsidade histórica, já que existem e existiram
sistemas socioeconômicos e morais não capitalistas, como o dos Guaranis
pré-colombianos, os de centenas de povos tradicionais brasileiros e o
anarquismo moderno. Ou seja, ao contrário do que a direita contemporânea
costuma dizer, o ser humano não é um ser “naturalmente” capitalista.
Além disso, a hegemonia atual do capitalismo chega
ao ponto de fazê-lo aparentar ser a única ordem socioeconômica humana possível
justamente porque ele se ocupa em destruir, reprimir e desencorajar
violentamente modelos não capitalistas de sociedade, como os povos indígenas,
os países adeptos do “socialismo real” —- como Cuba, país sufocado há décadas
pelo embargo econômico estadunidense — e as comunidades e federações
anarquistas.
Em outras palavras, alternativas ao
capitalismo existem e são bastante viáveis, mas os
interessados na manutenção do status quo capitalista e
conservador não querem que você saiba disso.
3Força você a se submeter à hierarquia de uma
empresa e a um trabalho de que não gosta em troca de dinheiro, como é o caso da
maioria dos assalariados
Por trás da máscara da “liberdade de consumo”,
existe uma ordem de coisas na qual a grande maioria das pessoas — ou seja,
os trabalhadores — é obrigada a vender sua força de trabalho a empresas cuja
estrutura organizacional é fortemente hierarquizada e repleta
de relações autoritárias entre o empresário, os diretores, os gerentes e os
funcionários mais básicos.
Em muitos casos, esse trabalho, além de submetido a
uma pesada hierarquia e aos caprichos dos “superiores”, é um ofício
profundamente detestado. Resgato aqui, para exemplificar isso,
alguns dados que expus no artigo sobre 15 maneiras como o capitalismo
impede as pessoas de serem felizes.:
● Pesquisa do Gallup de 2013 revelou que 87%
dos trabalhadores de todo o mundo odeiam ou não gostam dos trabalhos que
exercem;
● O mesmo Gallup, em 2014, afirmou que 68% dos
trabalhadores dos Estados Unidos ou detestam ou não veem graça nenhuma no seu
emprego;
● Diversos trabalhos são profundamente odiados em
razão da precariedade que trazem a quem os exerce, como o de professor de
ensino básico, o de policial, o de operador de call-center e telemarketing e
dezenas de outros;
Em muitos casos, a “alternativa” dada
a esses empregos é o puro desemprego e, subsequentemente,
perda de serviços diversos (água, luz, telefone e internet, celular, gás etc.),
fome e miséria. Não há empregos salubres, confortáveis, bem pagos, aprazíveis e
com direitos suficientes para todos, mas sim para uma pequena minoria.
No caso do Brasil, isso piorou ainda mais com a entrada em vigor da
famigerada reforma trabalhista, em novembro de 2017.
Ou seja, o “sistema da liberdade”
força bilhões de pessoas à mais absurda servidão, sob pena de muito
sofrimento e privações diversas.
4Mantém você aprisionado numa rotina muito difícil
de sair
Se você é assalariado, provavelmente está
aprisionado numa rotina da qual é extremamente difícil sair
por meios voluntários. Acorda, toma café da manhã, passa uma hora ou mais no
trânsito, trabalha por oito horas ou mais, volta para casa depois de mais um
bocado de tempo na lentidão do tráfego, janta, realiza tarefas domésticas muito
cansativas, descansa um pinguinho e vai dormir, para no dia seguinte tudo isso
se reiniciar.
Isso pode até ter um fim temporário se você pedir
demissão. Mas aí virá o desemprego, a dificuldade imensa de encontrar um
trabalho novo que corresponda às suas habilidades e especialidades. Se não
tiver um bom colchão financeiro nem robustos conhecimentos sobre
empreendedorismo, não conseguirá abrir um negócio próprio como alternativa. E
então o risco de seus serviços de água, luz, telefone, internet etc. serem
cortados e você ser jogado na miséria dispara. Pior ainda é quando você tem
filhos pequenos ou adolescentes para sustentar.
É assim que você fica
verdadeiramente aprisionado num dia a dia vicioso, maçante,
infeliz, cansativo e que não lhe rende uma qualidade de vida decente.
5Submete você às regras, muitas vezes autoritárias e
arbitrárias, da empresa onde trabalha, sob pena de demissão
Nesse contexto de submissão do trabalhador à
empresa e à ordem hierárquica dela, é muito comum ele ter que baixar a cabeça,
mediante coerção, para regras absurdas, puramente autoritárias e arbitrárias,
impostas pelo patrão ou por outros “superiores” com a anuência dele. Isso sem
falar naquelas situações de assédio moral contra subordinados.
Ai de quem questionar e rejeitar
esses caprichos e abusos: será demitido. E agora com a reforma trabalhista do
Governo Temer, está bem difícil entrar com processo contra as
empresas abusivas.
6Submete você a aprisionamentos físicos temporários
A “economia da liberdade” é a mesma que força os
trabalhadores a aprisionamentos físicos. São diversos os ambientes
onde a ordem moral, social e econômica capitalista confina você ao longo da
vida: a escola, o prédio da empresa, o escritório, o quarto da casa (em casos
de trabalho home-office), as avenidas com trânsito lento e, nos
casos mais extremos, o presídio.
Nesses lugares, passamos horas e
horas de cada um de nossos dias, com a esperança de que esses confinamentos
acabarão na aposentadoria. As prisões, aliás, são o local onde aqueles mais
insubordinados à ordem vigente — que nem sempre são criminosos no sentido
do senso comum, podendo ser, por exemplo, ativistas políticos anticapitalistas
—, ou mesmo inocentes, como Rafael Braga Vieira, são forçados a passar vários
meses ou anos de suas vidas.
7Nega a você horas realmente livres no seu dia a dia
A maçante rotina do trabalho capitalista
acaba privando a grande maioria dos seres humanos de horas
realmente livres no seu dia a dia.
O ocupadíssimo dia a dia da grande maioria das
pessoas tem um horário extremamente reduzido — quando este
sequer existe — para atividades como lazer, leituras de livros, meditação,
atividades religiosas individuais etc. Isso tem sido piorado por
ocupações fora do trabalho, como o uso compulsivo das redes sociais, o
exercício do consumismo em shoppings e centros urbanos, o
transporte lento e o trabalho extra trazido pelos famigerados empregos que
exigem atenção 24/7 dos trabalhadores.
Temos tido cada vez menos horas
realmente ociosas que nos deem a liberdade de agir de acordo com nossas
vontades. Temos ficado muito submetidos tanto às empresas em que trabalhamos
quanto aos ditames e influências psicológicas do mercado, como mostrado no
tópico a seguir.
8Sujeita você às vontades do mercado e das grandes
corporações
Até as horas extralaborais dos nossos dias estão
cada vez mais voltadas a obedecer as vontades do mercado e das
grandes corporações. Nossas horas de distração têm sido destinadas a comprar e
consumir, desde em restaurantes e lanchonetes de grandes redes de fast-food até
em shoppings aonde vamos adquirir roupas, produtos
eletrônicos, mídias físicas, brinquedos, entre muitos outros objetos. Isso sem
falar no tradicional ato de ocupar aquele único dia “livre” indo a super e
hipermercados “fazer feira” ou ao banco ou casa lotérica pagar contas e mais
contas.
Mesmo aquelas horas que passamos diante da TV, do
computador ou do smartphone têm sido momentos de exposição constante às forças
psicológicas da publicidade das grandes empresas. Elas nos bombardeiam
o tempo todo com mensagens, das mais sutis àquelas de marketing mais
esperto, dizendo para comprarmos produtos e serviços que nos farão “mais
felizes”.
A situação hoje, aliás, chegou ao ponto em que as
grandes corporações de comunicação estão violando nossa privacidade, capturando
nossos dados pessoais e até mesmo vigiando o que conversamos na nossa casa..
Diante do leviatã chamado Mercado,
liberdade é uma palavra que soa completamente utópica e até mesmo absurda, numa
realidade em que nossos desejos, gostos, interesses e até movimentos são
controlados pela publicidade e pelo marketing das grandes
empresas.
9Obrigando você a depender de dinheiro para ter
qualidade de vida
No capitalismo, uma coisa é mais clara que o Sol:
você precisa de dinheiro para viver e ter “liberdade”. E para
ter dinheiro, deve trabalhar duro, muito duro — mesmo que a remuneração
paga por essa dureza seja absurdamente mais baixa do que você merece.
Se você não tem dinheiro, então não pode se
divertir, nem usar redes sociais, nem assistir a televisão, nem adquirir livros
em livrarias, nem comer em lanchonetes e restaurantes, nem comprar o produto
“sensação do momento”… E pior: não poderá comer, nem usufruir de luz elétrica,
nem de água encanada, nem acessar a internet, nem mesmo ter uma casa (a não ser
que você seja uma criança ou adolescente filho de pais que pagam ou pagaram
pela casa onde você mora). Não poderá sequer viver.
E para ter o dinheiro necessário para pagar tudo
isso, terá muito provavelmente que se submeter a condições detestáveis de
trabalho, a normas corporativas arbitrárias, à constante suscetibilidade de
sofrer abusos e humilhações, ao recebimento de um salário medíocre.
Isso é um pouco da “vida livre” que o
capitalismo proporciona a você.
10Inviabilizando que a vida religiosa seja uma opção
não capitalista de vida
Por muitos milênios, a vida religiosa foi,
pelo menos teoricamente, uma opção de vida que poderia ser adotada ao invés de
depender do trabalho na roça, no comércio, em expedições ou no exército. Mesmo
o cristianismo, por meios como o ascetismo, trouxe a muitas pessoas no passado
a possibilidade de viver uma vida não capitalista, dependente não
do lucro ou do salário de um emprego árduo, mas sim de doações dos fiéis.
Hoje isso parece ser algo do passado. O próprio
sacerdócio, no caso de vertentes cristãs como o pentecostalismo, se tornou um
trabalho orientado pela lógica capitalista do lucro e da
acumulação de dinheiro e bens materiais. Os fiéis não doam o dízimo mais tanto
por amor a Deus, mas sim como um pagamento obrigatório e uma forma de barganhar
com o Divino a aquisição de casa, carro, um novo emprego, mais sorte na vida, a
saída para situações difíceis etc.
E mesmo a vida ascética católica desapegada do
ganho de dinheiro parece estar perdendo a atratividade e a razão de existir num
mundo em que a vida orientada por valores religiosos tem sido substituída,
mesmo no coração dos próprios fiéis, pelo culto ao dinheiro, pelo apego
fanático ao ter em detrimento do ser.
Ou seja, está cada vez mais inviável ter uma vida
não capitalista por meio do ascetismo religioso nas sociedades ocidentais. O
capitalismo se torna ainda mais poderoso e onipresente do que as próprias
religiões.
Bônus: Manipulando o conceito de liberdade para
torná-lo tolerante a diversas formas de servidão
Está muito claro, diante dessas dez formas pelas
quais o capitalismo tolhe a liberdade dos seres humanos, que os seus defensores
manipulam o conceito de “liberdade” para torná-lo tolerante a diversas formas
de submissão.
Afirma-se, como neste ensaio de Milton Friedman sobre
a relação entre capitalismo e liberdade, que a liberdade econômica seria
“indispensável” para a liberdade política, que é definida por ele como “a
ausência de coerção de um homem (sic) sobre seu semelhante”. Só que temos visto
as consequências do exercício dessa liberdade econômica por parte dos
empresários, e elas não favorecem em nada as liberdades
individuais enquanto possibilidades de vivermos longe da coerção imposta por
outrem.
No mercado “livre” que tem sido defendido por
indivíduos como muitos grandes empresários e o Governo Temer, o que acontece é
que os trabalhadores são privados de quase todas as suas liberdades, como a de
viver de maneira não capitalista, a de aproveitar o tempo “livre” de acordo com
vontades verdadeiramente próprias, a de trabalhar sem ser submisso às
autoritárias normas de sua empresa… E são submetidos à coerção dos
patrões, da hierarquia organizacional das empresas, da publicidade, dos
marqueteiros, dos políticos de direita, do organismo macrossocial capitalista
como um todo…
Está bem evidente que, nesse sistema socioeconômico
e moral que dizem ser “o mais livre existente”, a servidão é tão ou mais pesada
do que na Idade Média.
Complemento: Por que os ricos também não são livres
no capitalismo
Ao longo deste texto, falei muito dos
trabalhadores, que são submetidos a uma sufocante situação de submissão e
ausência de liberdade pela ordem socioeconômica em que vivem. Mas e os
ricos — ou seja, os empresários, os políticos aliados das grandes
empresas, os latifundiários e os líderes religiosos que faturam alto com o
dízimo dos fiéis? Eles podem ser considerados livres?
A resposta é um sonoro não. Afinal, há
diversas formas de coerção, de imposição de medo, muitas delas bem sutis, que
influenciam o comportamento dos ricos e poderosos — pelo menos aqueles que
persistem em posturas anti-humanistas:
● O medo de perder sua riqueza material e
financeira e os privilégios sociais e políticos, uma possibilidade que é
considerada pela moral capitalista como uma espécie de quase morte;
● O medo de ser derrubado por políticos “aliados” caso contrarie os interesses do mercado;
● O medo de perder grande parte do acúmulo de riqueza, por causa de uma eventual redistribuição do lucro da empresa para toda a estrutura organizacional de subordinados, num contexto de reforma trabalhista socialista ou socialdemocrata, e uma possível reforma tributária que cobre impostos sobre grandes fortunas e grandes lucros;
● O medo de perder o poder de influenciar opiniões e ter o “comando” de uma ampla base de consumidores;
● O medo de se tornar “moralmente comparável” a um trabalhador qualquer, caso perca suas riquezas numa situação de falência;
● O medo de ser esmagado pela concorrência caso adote algum comportamento de livre-arbítrio empresarial;
● O medo de perder as eleições ou mesmo ter o mandato cassado caso desagrade os financiadores de sua campanha;
● No caso de muitos pastores e bispos, o medo de perder a riqueza trazida pelos dízimos, caso desmonte a estrutura “corporativa” de sua igreja e a torne uma “casa de Deus” que preze por valores cristãos como a humildade, a partilha e a caridade;
● O medo de ser preso caso a ordem capitalista dê lugar a um sistema político socialista ou socialdemocrata que seja implacável contra empresários corruptos e corruptores;
● Entre outros.
● O medo de ser derrubado por políticos “aliados” caso contrarie os interesses do mercado;
● O medo de perder grande parte do acúmulo de riqueza, por causa de uma eventual redistribuição do lucro da empresa para toda a estrutura organizacional de subordinados, num contexto de reforma trabalhista socialista ou socialdemocrata, e uma possível reforma tributária que cobre impostos sobre grandes fortunas e grandes lucros;
● O medo de perder o poder de influenciar opiniões e ter o “comando” de uma ampla base de consumidores;
● O medo de se tornar “moralmente comparável” a um trabalhador qualquer, caso perca suas riquezas numa situação de falência;
● O medo de ser esmagado pela concorrência caso adote algum comportamento de livre-arbítrio empresarial;
● O medo de perder as eleições ou mesmo ter o mandato cassado caso desagrade os financiadores de sua campanha;
● No caso de muitos pastores e bispos, o medo de perder a riqueza trazida pelos dízimos, caso desmonte a estrutura “corporativa” de sua igreja e a torne uma “casa de Deus” que preze por valores cristãos como a humildade, a partilha e a caridade;
● O medo de ser preso caso a ordem capitalista dê lugar a um sistema político socialista ou socialdemocrata que seja implacável contra empresários corruptos e corruptores;
● Entre outros.
Considerações finais
O que você leu neste artigo provavelmente fará você
chegar a uma incômoda conclusão: o capitalismo não é compatível com as
liberdades do ser humano. Submete desde os mais ricos até, com muito mais
força e crueldade, os trabalhadores dos estratos organizacionais mais baixos, a
uma ordem de servidão, submissão, coerção, controle, vigilância, medo e
autoritarismo.
Ser livre é algo muito distante da
realidade do status quo capitalista. Só irá se tornar algo
mais próximo da concretude quando a sociedade em sua maioria se perceber como
dominada, explorada e submetida a um estado de coisas que não deveria existir.
Assim
sendo, isso pode começar a partir de você. Adquira a consciência de que o
capitalismo tolhe de você, e não lhe proporciona, liberdade, felicidade e
riqueza e submete você a uma servidão mais estrita e cruel do que o
próprio feudalismo medieval. E ajude os movimentos sociais e políticos a
construir um mundo realmente livre.