segunda-feira, 25 de maio de 2015

O golpe dos Irmãos Koch

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Algumas especulações geopolíticas


Antes de reproduzir uma notícia importante, sobre a aprovação na Câmara do banco dos Brics, permitam-me algumas especulações.
Algumas podem parecer paranoicas, mas estamos diante de uma virada geopolítica tão grande, com movimentos tão definidos, que podemos nos dar ao direito de suprir o que não sabemos com um pouco de imaginação.
Mesmo que nos faltem elementos para fechar o quebra-cabeça, isso não afetará o resultado final da análise, que é baseado em fatos: a China está trazendo para o Brasil os recursos que os EUA estão tirando. Exemplo: enquanto o sistema judiciário americano tenta ferrar a Petrobrás, a China está assinando acordos sucessivos para emprestar dinheiro à estatal, já anunciou investimentos aqui da ordem de R$ 200 bilhões para cima, e acertou com o Brasil a criação do banco dos Brics, que alocará outros bilhões na infra-estrutura brasileira.
Passei uma tarde inteira, na quarta, conversando com parlamentares, da Câmara e do Senado, e uma das teorias que circulam naqueles ambientes é a seguinte: a conspiração midiático-judicial-tucana para destruir a cadeia de indústrias do setor de petróleo é financiada pelos EUA, em especial pelas indústrias Koch, de propriedade dos irmãos Koch, os empresários mais ricos dos Estados Unidos.
Os irmãos Koch atuam em quase todas as etapas do setor, e são grandes especuladores no mercado mundial de petróleo.
Os Koch são ainda os principais financiadores do partido republicano, em especial de suas franjas mais radicais, como o Tea Party.
Outra teoria, e essa é a mais plausível de todas, porque há mais fatos: vários desses grupos “jovens”, que organizam marchas antigoverno no Brasil recebem dinheiro americano. Vem pra rua, Revoltados on Line, Movimento Brasil Livre, essa turma toda recebe, em alguns casos até sem o saber, dinheiro dos Koch ou de outro grupo vinculado à direita americana e às suas empresas de petróleo.
Os irmãos Koch fazem lobby pelo fim da lei de conteúdo nacional, e pelo fim do monopólio da Petrobrás como operadora, para que eles mesmo possam oferecer seus serviços e produtos à Petrobrás. Ou mesmo substituir a Petrobrás.
Corre à boca pequena no congresso que os tucanos não estão preocupados com a crise na cadeia de indústrias ligada ao petróleo e à construção civil, sob ataque político violentíssimo de setores conspiracionais do Ministério Público, porque o dinheiro deles já está garantido pelo Tio Sam.
O alto tucanato foi aos EUA, dias atrás, e seus membros foram homenageados num regabofe com bilionários.
Não me entendam mal. Ao contrário do clichê que se tem de um blogueiro progressista, não sou nenhum esquerdista antiamericano. Ao contrário, acho que o Brasil deveria desenvolver muito mais parcerias com os EUA, sobretudo nos campos da tecnologia da informação, ciências e cultura.
Mas evidentemente não faz sentido destruir a indústria brasileira de petróleo e substituí-la por empresas controladas pelos irmãos Koch, que representam o que existe de mais golpista, corrupto e reacionário nos EUA. Se existia corrupção na relação entre as indústrias brasileiras e a Petrobrás, com a entrada dos Koch essa corrupção seria alçada a uma magnitude muitíssimo superior.
A relação entre o dinheiro americano e a política brasileira ficou clara durante as eleições de 2014. Sempre que Dilma caía nas pesquisas, as ações da Petrobrás subiam, empurradas por pressões especulativas exercidas a partir da bolsa de Nova York.
O capital internacional, que ainda existe e não é delírio de mentes paranoicas esquerdistas, tem sede nos EUA e defende, em primeiro lugar, os interesses econômicos e políticos dos EUA.
É aí que mora o problema: os EUA nunca tiveram uma visão generosa para com o Brasil, porque nunca dependeram de nós para nada. Com exceção, talvez, do café, que não tem importância estratégica nenhuma.
Já a China realmente precisa do Brasil, porque depende de nossos produtos agropecuários e minerais. Interessa à China que o Brasil se mantenha forte, estável e em crescimento, com uma política independente dos EUA, e por isso ela está ajudando o Brasil a superar a atual crise.
Os fundamentos da indústria brasileira foram lançados na década de 40, quando o então presidente Getúlio Vargas usou a geopolítica da época para obter grandes financiamentos dos EUA.
Dilma está fazendo a mesma coisa. Está jogando o jogo macro da geopolítica para trazer ao Brasil grandes investimentos em infra-estrutura.
E de quebra ainda conseguirá desinfetar a maioria dessas conspirações midiático-judiciais, cuja principal arma seria espremer e ressecar a economia brasileira.
A história do poder americano sugere fortemente que mantenhamos o nível de paranoia em estado de alerta. Mas se quisermos nos ater estritamente aos fatos públicos, nossa análise não muda muita coisa.
Em termos gerais, as pressões políticas que vem dos EUA continuam negativas. E não é porque os EUA são malvados e os chineses, bonzinhos.
Os EUA, à diferença da China, não têm interesse, por exemplo, em financiar a nossa infra-estrutura.
No frigir do bolinho de arroz, isso é o que importa: obter recursos, muitos recursos, para financiar nossos trens, metrôs, portos e estradas.
Conseguimos isso com a China, o que forçará os EUA a também alocarem recursos aqui, se não quiserem perder influência e negócios.
Enfim, parece que Dilma, desta vez, soube ficar do lado certo do vento.
Leia a notícia abaixo. É de hoje.
Câmara aprova Banco do Brics que tem como prioridade financiar infraestrutura
22 de Maio de 2015
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (21) a criação de um banco de desenvolvimento com atuação internacional ligado ao Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os países representam 42% da população mundial, 26% da superfície terrestre e 27% da economia mundial. O principal objetivo do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) é financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável – públicos e privados – dos próprios membros do bloco e de outras economias emergentes.
O NBD será uma instituição aberta a qualquer membro das Nações Unidas. Os sócios fundadores, no entanto, manterão poder de voto conjunto de pelo menos 55%. Além disso, nenhum outro país individualmente terá o mesmo poder de voto de um membro dos Brics.
Para o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), Claudio Puty, a aprovação do banco representa uma nova fonte de recursos para financiar projetos em áreas estratégicas aos países do bloco. “O investimento em infraestrutura é essencial ao desenvolvimento e à retomada do crescimento econômico brasileiro”, afirma. O secretário lembra que a criação do NBD “é ainda mais relevante em um momento que o Brasil está prestes a lançar um plano de investimentos em infraestrutura”, comentou. Os recursos da nova instituição, acredita o secretário, poderão ajudar no financiamento privado dos empreendimentos.
“Uma condição necessária ao planejamento de investimento de longo prazo é reconhecer os limites orçamentários que os países em desenvolvimento enfrentam. Assim é preciso buscar formas distintas e inovadoras de financiamento que combinem recursos públicos e privados. É nesse sentido que o NBD se institui como instrumento estratégico para o desenvolvimento dos países do bloco”, destaca Puty.
Capital
O acordo autoriza o novo banco a operar com um capital de US$ 100 bilhões. Este valor pode ser alterado a cada cinco anos pelo Conselho de Governadores, órgão máximo da administração do NBD, formado por ministros dos países fundadores.
Além dos empréstimos, o NBD poderá fornecer assistência técnica para a preparação e implementação de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável aprovados pela instituição; criar fundos de investimento próprios; e cooperar com organizações internacionais e entidades nacionais, públicas ou privadas.
http://www.ocafezinho.com/2015/05/22/algumas-especulacoes-geopoliticas/#more-28628

domingo, 24 de maio de 2015

STF debate projeto de nova Loman que cria mais vantagens para a magistratura brasileira

O novo projeto estaria criando uma infinidade de vantagens para os juízes.O novo projeto estaria criando uma infinidade de vantagens para os juízes.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, enviou aos demais ministros da corte a minuta de anteprojeto do Estatuto da Magistratura, que altera a Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979.
O presidente do STF pretende discutir com os demais colegas alterações no texto antes de mandar o projeto ao Congresso Nacional, onde será votado. No entanto, o novo projeto estaria criando uma infinidade de vantagens para os juízes.
Segundo a nova Loman, um juiz de primeira instância receberá: R$ 31.542,16 de salário a partir de 2015; R$ 1.577,10 a cada cinco anos de magistratura; R$ 1.577,10 de auxílio-transporte, pois não conta com carro oficial; R$ 1.577,10 de auxílio-alimentação; R$ 6.308,43 de auxílio-moradia; R$ 3.154,21 de auxílio-plano de saúde. No total, neste cenário simplório, o juiz receberá ao final do mês R$ 45.734,05.
Esse valor ainda aumenta com o enquadramento do magistrado em outras situações previstas na legislação.
Se o magistrado tiver um filho, receberá mais R$ 1.577,10 de auxílio-creche e outros R$ 1.577,10 como auxílio-plano de saúde para o dependente. Os rendimentos sobem para R$ 48.888,25.
Se ele tiver um segundo filho, um pouco mais velho e que estude em escola privada, receberá mais R$ 1.577,10 de auxílio-educação. E mais R$ 1.577,10 de auxílio-plano de saúde para este segundo dependente. Sobem os rendimentos para R$ 52.042,45.
Caso o juiz tenha em seu currículo um curso de pós-graduação, receberá ao fim do mês R$ 53.619,55. Se ele tiver o título de mestre, vamos a R$ 56.773,76. Na hipótese de ter seguido uma extensa carreira acadêmica e, além de pós-graduação, tiver título de doutor, seus rendimentos vão a R$ 61.505,08.
Na hipótese de acumular alguma função administrativa no foro, o contra-cheque subirá a R$ 72.019,13. Se este juiz julgar mais processos do que recebe no ano, ele receberá dois salários adicionais por ano. Dividindo esse valor por 12 para facilitar nossa conta, os rendimentos do magistrado subiriam mensalmente a R$ 77.276,15.
Participando de mutirões de conciliação ou de outras atividades especiais, o juiz receberá a mais, por dia, R$ 1.051,40.
No caso de um juiz mais antigo, que já tenha chegado ao topo da carreira e que tenha alcançado o tempo necessário para se aposentar, ele receberá mais R$ 1.577,10 por ano se decidir continuar trabalhando.
Além desses valores, há outros benefícios na lista, como ajuda de custo para capacitação ( de R$ 3.154,21 a R$ 6.308,43) , auxílio para o caso de ser designado para localidade de difícil acesso (R$ 10.514,05), auxílio-mudança (de até R$ 94.626,48 em parcela única).
Nessa contas todas é possível ainda incluir a venda de metade dos 60 dias de férias a que têm direito os juízes. Apesar de o Supremo ainda estar julgando se o juiz deve ser indenizado por não usufruir dos 60 dias de férias, a proposta de novo estatuto já estabelece essa possibilidade.
http://www.sindjusma.org/subpage.php?id=2695_stf-debate-projeto-de-nova-loman-que-cria-mais-vantagens-para-a-magistratura-brasileira.html

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O RECADO DAS ARMAS - OS MILITARES E A DEMOCRACIA.





(Jornal do Brasil) - Segundo declarações dadas em Mimoso, no Estado do Mato Grosso, divulgadas pelo jornalista Jacques Gosch, do Rdnews, do mesmo estado, o Comandante do Exército, General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, declarou, nas comemorações do sesquicentenário do nascimento do Marechal Cândido Rondon, que os "manifestantes que reivindicam uma intervenção militar contra a presidente Dilma Rousseff nas ruas ou nas redes sociais estão completamente fora da realidade".

Segundo o Comandante do Exército, "não é papel das Forças Armadas fiscalizar o governo, derrubar o governo ou interferir na vida política do país"..."os manifestantes que pedem intervenção militar precisam compreender as normas da democracia brasileira antes de propor soluções sem fundamentação legal."

"Isso absolutamente não procede. Não tem nenhum fundamento. O Exército é uma força de sustentação do Estado de Direito e deve obediência à Presidente da República, que é nossa Comandante-em-Chefe."

As declarações do Comandante do Exército são didáticas e esclarecedoras, e deveriam servir de exemplo para outras áreas da administração pública, no sentido da orientação da população, muitas vezes manipulada pelos que torcem pelo "quanto pior melhor", e adoram disseminar boatos e desinformação, também a propósito das forças armadas, com táticas como a "invenção" de militares que não existem e o uso não autorizado de assinaturas de oficiais honrados da ativa e da reserva em manifestos de araque.

Os militares mais inteligentes e esclarecidos, não podem, como membros das forças armadas, expressar, diretamente, juízo de valor político.

Mas sentem - independentemente de sua posição política particular - que boa parte da resistência - e problemas - que os governos do PT vêm enfrentando, a ponto de o Brasil estar sendo reconhecidamente, descaradamente, espionado por potências estrangeiras, advêm da adoção de posições nacionalistas em áreas como a economia, as relações externas e a defesa nacional.

Não pode agradar àqueles que se consideram nossos tutores históricos ou eternos - por suposto destino manifesto - o fato de o Brasil ter passado da décima-quarta para a sétima economia do mundo, em apenas 12 anos, saindo de 504 bilhões de dólares de PIB em 2002 para 2 trilhões e 300 bilhões de dólares agora, segundo o Banco Mundial.

Não pode agradar a nossos concorrentes pela liderança continental, ou, pelo menos, aos seus segmentos mais imperialistas e conservadores, que o Brasil tenha estendido sua influência do Cone Sul ao Caribe, por meio de instrumentos como o BNDES, o Mercosul, a CELAC, a UNASUL, e, sobretudo, do Conselho de Segurança da América do Sul, que tem possibilitado estreita cooperação entre as forças armadas da região, no sentido da manutenção da paz e da colaboração no desenvolvimento de meios de defesa contra potências extra regionais, com a compra de lanchas de patrulha fluvial, pelo Brasil, em países como a Colômbia, a venda de aviões aqui fabricados para diferentes países latino-americanos; e a participação de países como a Argentina - antes considerados como nossos  arqui-inimigos - no desenvolvimento de projetos conjuntos como o avião KC-390, da Embraer.

Não pode agradar a esses mesmos segmentos, que se expressam por meio de editoriais em jornais conservadores estrangeiros, que o Brasil mantenha uma postura independente e não alinhada na ONU e em outros fóruns internacionais; que tenha pago sua dívida com o FMI; que pleiteie mais poder nessa instituição e no Banco Mundial; que tenha estabelecido uma aliança estratégica com alguns dos maiores países do mundo, entre eles três potências espaciais e atômicas - China, Rússia, Índia, para oferecer ao planeta alternativa política e econômica à tutela dos Estados Unidos e da Europa, neste novo século; assim como nossa aproximação, também no âmbito do BRICS, com a África do Sul, para o estabelecimento de um eixo entre as duas maiores potências militares da região, para fazer frente estratégica e diplomaticamente à expansão da OTAN para o sul do Atlântico. 

Assim como não pode agradar a esses setores conservadores e imperialistas estrangeiros, que o Brasil tenha voltado a produzir blindados, como os Guarani; que ele tenha construído uma nova base de submersíveis, que ele tenha montado uma fábrica própria e esteja construindo um submarino atômico e mais quatro convencionais. Ou que tenha alcançado a motorização própria de mísseis navais tipo Exocet; que esteja desenvolvendo mísseis de cruzeiro como o AV-MT 300 Matador, com 300 quilômetros de alcance; ou voltado a fabricar e a exportar barcos patrulha para países como a Namíbia; ou modernizado  e voltado a exportar sistemas de mísseis como o Astros 2020 da Avibras; ou, com a participação de outros países, jatos militares cargueiros capazes de transportar até tanques, como o KC-390; radares como a família SABER da Bradar; a desenvolver caças de última geração como o Gripen NG-BR, com a Suécia; e fabricar, pela primeira vez, nossos próprios rifles de assalto, capazes de disparar até 600 tiros por minuto, como o IA-2, da IMBEL; ou mísseis Ar-Ar A-Darter como os que estamos desenvolvendo com a África do Sul.     

O militar é o cidadão fardado. Ele é pai, ele é filho, ele é irmão. O militar brasileiro preza o campo de manobras, a bandeira da Pátria desfraldada ao sol, o avanço dos tanques e da infantaria, a “Selva!”profunda da Amazônia, o vento que sustenta o corpo do paraquedista em queda livre, que bate no rosto do marinheiro no convés da embarcação,  na pista do porta-aviões ou na torre do submarino, ainda molhado, que acabou de emergir.

O militar brasileiro honra seu uniforme, tem - desde a escola e a academia - orgulho de se perfilar e desfilar com seus companheiros de farda, mas não se sente diferente, nem superior. Ele toma sua cerveja, gosta de assar uma carne, passeia com a família, frequenta a igreja, o cinema, leva o filho ao futebol e, quando é o caso de que possa se alistar como eleitor, comparece à sua Seção Eleitoral, exercendo, como qualquer brasileiro – seu pai, seu irmão, seu sobrinho, seu avô - o direito que tem de influenciar e decidir, pelo voto secreto e universal, o destino de sua cidade, de seu estado e de seu país.

O militar brasileiro preza o bom combate. A disputa limpa, homem contra homem, guerreiro armado contra seu oponente, o calor da luta, a vitória honrada, fruto da estratégia, do esmerado preparo, da determinação. Ele tem orgulho de defender, contra o eventual inimigo estrangeiro, as cores da Nação.

Os heróis do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, são aqueles, que, hoje, em tempos de paz, estão participando, direta e indiretamente,  do desenvolvimento de nossas novas armas, e da proteção do país, assim como heróis das nossas três forças, são os que pereceram na defesa das costas brasileiras e na Campanha da Itália, que deram sua vida pela liberdade e a democracia, nas águas do Atlântico e na montanha, em lugares como Monte Castello, Castelnuovo, Montese, Collechio, Fornovodi Taro - onde o Brasil fez quase 15.000 prisioneiros em uma única batalha , obtendo a rendição incondicional do General OtttoFretter Pico, comandante da 148 Divisão Wermacht, e do General Mario Carloni, comandante da Divisão BersaglieriItalia, evitando que essa importante força escapasse para a Alemanha, e capturando centenas de caminhões e veículos militares .

Os brasileiros que caíram em nossa mais gloriosa guerra, o fizeram porque estavam combatendo o nazismo. Um regime em que não havia voto e a tortura e o assassinato eram moeda corrente. Os nossos pracinhas – cuja memória nunca é demais reverenciar – lutaram para que os brasileiros pudessem, um dia, votar diretamente em seu Presidente e livremente expressar suas ideias.

Aos macarthistas de plantão é preciso lembrar que o confronto entre as nações, agora, se dá muito mais no campo geopolítico do que no ideológico.

À China, não interessa expandir o seu bem-sucedido modelo de "um país, dois sistemas", que introduziu as modernas técnicas de produção capitalista em um país comunista com uma economia amplamente, em mais de 80%, estatizada, para outras nações, até para não arranjar concorrentes, como a maior base industrial do mundo.

Assim como não interessa a Cuba - que acaba de reatar relações diplomáticas com os EUA - exportar sua "revolução" a não ser que sejam seus “revolucionários” modelos de medicina tropical, de combate ao analfabetismo e de fomento ao esporte, de que são testemunhas os mais de 3 milhões de turistas estrangeiros que recebe todos os anos.

E, muito menos interessa meter a mão em cumbuca à Coreia do Norte, totalmente isolada, que está muito mais para mentecaptomunista do que para comunista, se formos considerar e dar ouvidos às notícias - algumas absolutamente incríveis - que nos chegam pela imprensa "ocidental" como a de que o Baby Doc às avessas que governa aquele país teria mandado executar um general, o seu Ministro da Defesa, por ter adormecido durante um desfile.

O discurso anticomunista, hoje, serve ao que quase sempre serviu no passado. Manter o status quo daqueles que não desejam perder seus privilégios, dentro de cada país, e atacar e enfraquecer os governos, nações, alianças e regiões que se oponham ao status quo consolidado, nos últimos 200 anos, pela dominação dos Estados Unidos da América do Norte, e, secundariamente, da Europa, sobre o resto do mundo, incluído o Brasil, mesmo que muitos brasileiros adorem emular os EUA e ajam como se já fôssemos de fato, e há tempos, uma colônia norte-americana.

Uma das principais razões para o Brasil estar sendo atacado, nesse contexto, é ter facilitado a aproximação, depois do balão de ensaio do IBAS (a aliança estratégica que nos une à Índia e à África do Sul) de potências que os conservadores norte-americanos - que usam o discurso anticomunista como meio de defender seus interesses - gostariam de manter afastadas e divididas, como a Índia, a China e a Rússia.

Não fazendo fronteira com nenhuma dessas nações, nem estando situado em sua região de influência, o Brasil - até mesmo por não ter ambições territoriais - tem atuado, desde o início da criação do BRICS, como um algodão entre cristais, facilitando a relação e ajudando a dirimir problemas no âmbito do grupo, e a viabilizar uma aliança contra a qual o "ocidente" sempre torceu, a ponto da imprensa ocidental tentar desancá-la, sabotá-la e desacreditá-la a todo momento, sempre que tem uma oportunidade.

O BRICS é perigoso para a hegemonia cultural, política, econômica e militar anglo-saxã, não apenas como exemplo, mas, principalmente, porque seus membros têm cacife para criar alternativas viáveis para o desenvolvimento econômico e social dos países mais pobres.

Alternativas que não passam por instituições sob o controle dos EUA e da Europa, como o FMI e o Banco Mundial, onde o poder e as cotas decisórias há muito não correspondem à importância do Brasil, China, Rússia e Índia no mundo atual.

Esta é a razão que está por trás da criação do Banco do BRICS e do fundo de reservas de seus países membros, para auxílio recíproco, aprovados pela Comissão de Relações Externas da Câmara dos Deputados esta semana.

A China é, hoje, o maior credor dos Estados Unidos. Pequim tem quase 4 trilhões de dólares em reservas internacionais. Nova Deli e Moscou têm mais de 350 bilhões de dólares cada, e o Brasil, com 373 bilhões de dólares (mais do que a Rússia ou a Índia, neste momento) acaba de voltar à condição de, isoladamente, terceiro maior credor externo dos Estados Unidos, segundo a página oficial do próprio tesouro norte-americano: http://www.treasury.gov/ticdata/Publish/mfh.txt

Se enganam, portanto, aqueles, que, na internet, ou nas ruas, acham que aos militares brasileiros, como cidadãos, interessa voltar ao tempo em que o Ministro das Relações Exteriores do Brasil tirava os sapatos no aeroporto, nos Estados Unidos, para deixar ser revistado; ou que devíamos 40 bilhões de dólares ao FMI; ou assinávamos voluntariamente tratados que nos impediam de pesquisar ou desenvolver armamento atômico.

O nacionalismo e o desenvolvimentismo, foram o esteio de governos militares como os do general Ernesto Geisel, que enfrentou os radicais das forças armadas e peitou os Estados Unidos, em episódios como o da assinatura do acordo nuclear Brasil-Alemanha.

Só o nacionalismo - que pode se projetar  para um regionalismo integrativo e pragmático na América do Sul - e o desenvolvimentismo podem conduzir o Brasil ao lugar que merece, como o quinto maior país em território e população e a sétima economia do mundo; e os adversários do PT deveriam estar preocupados em criar projeto nesse sentido que corrigisse os eventuais erros e omissões do atual governo, no lugar de querer se contrapor a esse objetivo, patriótico, permanente, nacional, com a defesa do neoliberalismo, da desnacionalização do patrimônio público, da entrega das reservas do présal - cuja lei de royalties deveria ser modificada para incluir também parte dos gastos com defesa - e o desmonte do BNDES, que tem sido essencial para a evolução da indústria bélica nacional.

Ao falar como falou - mesmo que o tenha feito fortuitamente, respondendo a indagação eventual do repórter que o entrevistava - o Comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas passou clara, serena e inequívoca mensagem.

As armas não têm coloração política. Não são socialistas, nem anticomunistas, nem "capitalistas", nem fascistas, nem conservadoras. Elas servem aos interesses permanentes da nacionalidade, que são o engrandecimento e o fortalecimento da Pátria, e o fazem sob o mandato do Povo Brasileiro, consubstanciado no Artigo Primeiro do texto constitucional, que reza: "todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido" por representantes eleitos, começando por aquele que tenha sido contemplado pela maioria dos votos como candidato à Presidente da República, a quem cabe, entre outras atribuições, a de Comandante Supremo das Forças Armadas.

Esse foi o recado das armas. Em defesa da Lei, da Constituição e da Democracia.
http://www.maurosantayana.com/

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Conquistadores ou estupradores? Descobridores ou genocidas? A língua como instrumento de poder


cortesespana
(Hernan Cortés, o “herói” da nota de mil pesetas)
Imaginem a cena: navegadores astecas chegam à Espanha, matam milhares de pessoas, sequestram e assassinam o rei, roubam todos os artefatos em ouro e prata e derretem tudo, e estupram as princesas, com as quais têm filhos. Como eles seriam chamados? Certamente “bárbaros”, “monstros”, “assassinos”. Pois foi exatamente isso que os espanhóis fizeram no México e no Peru em nome de Deus e da coroa, mas são chamados “conquistadores”, “descobridores”, “colonizadores” e até “heróis”.
A história da América é também uma história dos eufemismos, de como as palavras escolhidas para definir o que de fato aconteceu após a chegada dos europeus foram importantes para forjar uma versão oficial, mais “nobre”, de uma matança. Pinçados a dedo, estes vocábulos são a prova viva de como a história é narrada sob a ótica dos vencedores: a língua foi utilizada como instrumento de poder para subjugar todo um continente.
Hernan Cortés (1485-1547), o “conquistador da América”, protagonizou um banho de sangue no México, mas é tido como “herói” na Espanha, onde se tornou até efígie de cédula na época das pesetas. Era, na verdade, um saqueador que roubou todo o ouro dos astecas, uma civilização evoluída que conhecia inclusive a escrita. Quando entrou em Tenochtitlán, a cidade sagrada dos astecas, o primeiro que fez foi acorrentar os pés do imperador Moctezuma, o que lhe causou “não pouco espanto”, nas palavras do próprio Cortés.
Moctezuma acreditava que a chegada dos espanhóis era a concretização das profecias sobre o retorno do deus Quetzalcóatl, e não opôs resistência. Passados alguns meses, os chefes astecas foram convencidos a fazer um grande desfile com todo o povo ricamente paramentado, como era de seu costume fazer e como se estivessem a sós, sem visitantes. Foram então chacinados pelos “descobridores”.
“Começaram a cortar sem nenhuma piedade, naquela pobre gente, cabeças, pernas e braços, e a estripar, sem temor a Deus, uns partidos pela cabeça, outros cortados ao meio, outros atravessados pelas costas; uns caíam logo mortos, outros fugiam arrastando as tripas até cair. (…) E não contentes com isso os espanhóis foram atrás dos que subiram ao templo e dos que se esconderam entre os mortos, matando quantos podiam estar à mão. O pátio ficou com grande lodo de intestinos e sangue que era coisa espantosa e de grande lástima ver tratar assim a flor da nobreza mexicana que ali faleceu quase toda”, narra um cronista da época, Juan de Tovar, no Códice Ramirez.
Como se chama isso? “Conquista” ou “genocídio”? Morto Moctezuma a pedradas pelos seus próprios súditos ou a punhaladas pelos invasores (as versões variam), os espanhóis são derrotados pelos astecas em seguida. Mas Cortés e seus homens se organizam para voltar à carga. Cortam a água potável que chegava a Tenochtitlán por um inovador aqueduto e também a comida. Famintos e sedentos, os mexicas acabam derrotados em nova chacina e o último senhor asteca, Cuauhtémoc, é torturado e depois enforcado. Calcula-se que pelo menos 100 mil índios morreram durante a “conquista”; do lado inimigo, entre 50 e 100 espanhóis apenas. Um massacre.
Com Francisco Pizarro (1476-1541) no Peru não foi diferente. Chegando a Cajamarca, logrou capturar o imperador Atahualpa após este se negar a reconhecer a Bíblia (!). O inca propôs então encher de ouro e de prata o quarto onde estava preso duas vezes em troca de sua liberdade. Pizarro aceitou e recebeu o resgate (84 toneladas de ouro e 164 de prata), mas, como qualquer sequestrador sem palavra, ordenou a execução de Atahualpa, estrangulado. Os tesouros roubados pelos espanhóis do Peru foram ainda mais valiosos do que os saqueados por Cortés no México.
O mais impressionante, para mim, foi descobrir que tanto Pizarro quanto Cortés tiveram a desfaçatez de, ainda por cima, se unirem e terem filhos com as princesas dos impérios que destruíram. Os únicos filhos conhecidos de Pizarro, que chegou com 57 anos ao Peru, nasceram de duas princesas incas: a primeira, Quispe Sisa, filha do imperador Huayna Capac, e a segunda, Cuxirimay, viúva do próprio Atahualpa. Cortés engravidou três filhas de Moctezuma. Uma delas, estuprada pelo espanhol, rejeitou a criança que nasceria, Leonor Cortés de Moctezuma. Um prato cheio para Freud…
Que palavras, portanto, saem na real dessa história? “Tortura”, “assassinato”, “sequestro”, “roubo”, “estupro”, “chacina”. Nenhuma delas gloriosa. De todos os cronistas da “descoberta” da América, o único que foi honesto em nomear o que houve por seu verdadeiro nome foi o frei Bartolomeu de las Casas, que sempre falou em “tragédia”, “destruição” e “história sangrenta” em suas obras e jamais as beneficiou com qualquer adjetivo louvável.
http://socialistamorena.com.br/

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O KC-390 DA EMBRAER E A QUEDA DO AIRBUS A-400M





A queda de um avião A-400M, da Airbus, em Sevilha, na Espanha, no último sábado, que causou, infelizmente, várias vítimas fatais, poderá influir diretamente nas chances da aeronave de transporte militar KC-390, da Embraer, nos mercados internacionais.  

Embora os dois aviões tenham diferenças substanciais – o A-400M é um pouco maior, tem maior raio de ação, e é turboélice, enquanto o KC-390 da Embraer tem aviônica totalmente computadorizada (fly-by-wire) e é um jato, oferecendo mais agilidade e velocidade em missões de intervenção e emergência civil ou de defesa – eles se destinam, basicamente, para o mesmo mercado: como tanques de combustível para abastecimento em voo de outras aeronaves e no transporte de tropas e equipamentos pesados, como tanques, e pretendem substituir centenas de velhos Hércules C-130, da Lockheed Martin, que estão em operação em todo o mundo.
O custo de desenvolvimento do A-400M, previsto inicialmente em 3,453 bilhões de euros (10 bilhões de reais), subiu para 5,500 bilhões de euros (16,5 bilhões de reais) em pouco mais de sete anos, o que mostra que alterações desse tipo em projetos pioneiros e altamente tecnológicos são comuns, e não apenas no Brasil ou em empresas como a Petrobras. A Airbus, que também vende aviões civis, é uma companhia estatal, direta e indiretamente controlada pela França e Alemanha, e, marginalmente, pela Espanha, que tem uma participação de 6%. No Brasil, embora o sucesso da Embraer seja atribuído à sua privatização, quem comanda a empresa, decide e financia o desenvolvimento de seus maiores projetos, principalmente na área militar, é, também, o governo brasileiro, que detêm uma “golden share” – espécie de ação estratégica deixada por Itamar Franco – que lhe dá poder de veto em caso de venda das ações da companhia para grandes controladores estrangeiros e em decisões relacionadas à defesa nacional. Assim como o submarino nuclear brasileiro em construção, e os tanques Guarani fabricados em Sete Lagoas, ou a nova família de rifles IA-2, fabricada em Itajubá – esse avião é um projeto do governo Lula, que autorizou o seu desenvolvimento pela Embraer e a FAB e o financiamento da Finep e do – agora sob ataque – BNDES, com participação minoritária da República Tcheca, Argentina e de Portugal, que também adquiriram exemplares do KC-390.

A queda do A-400M na Espanha e a suspensão temporária de seu uso em vários países é um revés para a Airbus, que pode ter perdido para a Embraer ao menos dois clientes – a África do Sul, sócia do Brasil no BRICS, que desistiu da compra de oito A-400M, e a Suécia, parceira do Brasil no novo caça Gripen NG-BR, que já demonstrou interesse no avião brasileiro, que já está voando (vídeo) desde fevereiro.

O interessante, é que no "ocidente" o KC-390 não está despertando muita atenção, mas, no nosso sócio no BRICS, a China:

https://www.youtube.com/watch?v=qL-SzJjD76g
http://www.maurosantayana.com/

Quadro comparativo do Brasil de 2002 com o de 2013, em todas as áreas



Tirado de: http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/09/quadro-comparativo-do-brasil-de-2002.html?m=1

Com este quadro você vai ter argumentos baseados em dados, com fontes seguras e oficiais (especificadas ao final), para conversar com amigos e familiares e assim conseguir fazer uma comparação entre os governos Lula e Dilma e os anteriores, que as candidaturas Marina e Aécio querem trazer de volta.

É isso que está em jogo: a continuidade do governo de mudanças Lula-Dilma ou a volta ao passado. Compare.

O BRASIL REAL - DE 2002 A 2013
Por Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira. Fonte: Pátria Latina


1. Produto Interno Bruto: 
2002 – R$ 1,48 trilhões
2013 – R$ 4,84 trilhões 

2. PIB per capita:
2002 – R$ 7,6 mil
2013 – R$ 24,1 mil

3. Dívida líquida do setor público: 
2002 – 60% do PIB
2013 – 34% do PIB

4. Lucro do BNDES:
2002 – R$ 550 milhões
2013 – R$ 8,15 bilhões

5. Lucro do Banco do Brasil: 
2002 – R$ 2 bilhões
2013 – R$ 15,8 bilhões

6. Lucro da Caixa Econômica Federal:
2002 – R$ 1,1 bilhões
2013 – R$ 6,7 bilhões

7. Produção de veículos: 
2002 – 1,8 milhões
2013 – 3,7 milhões

8. Safra Agrícola: 
2002 – 97 milhões de toneladas
2013 – 188 milhões de toneladas

9. Investimento Estrangeiro Direto: 
2002 – 16,6 bilhões de dólares
2013 – 64 bilhões de dólares

10. Reservas Internacionais:
2002 – 37 bilhões de dólares
2013 – 375,8 bilhões de dólares

11. Índice Bovespa: 
2002 – 11.268 pontos
2013 – 51.507 pontos

12. Empregos Gerados: 
Governo FHC – 627 mil/ano
Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

13. Taxa de Desemprego: 
2002 – 12,2%
2013 – 5,4%

14. Valor de Mercado da Petrobras: 
2002 – R$ 15,5 bilhões
2014 – R$ 104,9 bilhões

15. Lucro médio da Petrobras: 
Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano
Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano

16. Falências Requeridas em Média/ano: 
Governo FHC – 25.587
Governos Lula e Dilma – 5.795

17. Salário Mínimo: 
2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)
2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

18. Dívida Externa em Relação às Reservas:
2002 – 557%
2014 – 81%

19. Posição entre as Economias do Mundo:
2002 - 13ª
2014 - 7ª

20. PROUNI – 1,2 milhões de bolsas

21. Salário Mínimo Convertido em Dólares:
2002 – 86,21
2014 – 305,00

22. Passagens Aéreas Vendidas:
2002 – 33 milhões
2013 – 100 milhões

23. Exportações:
2002 – 60,3 bilhões de dólares
2013 – 242 bilhões de dólares

24. Inflação Anual Média:
Governo FHC – 9,1%
Governos Lula e Dilma – 5,8%

25. PRONATEC – 6 Milhões de pessoas

26. Taxa Selic:
2002 – 18,9%
2012 – 8,5%

27. FIES – 1,3 milhões de pessoas com financiamento universitário

28. Minha Casa Minha Vida – 1,5 milhões de famílias beneficiadas

29. Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

30. Capacidade Energética: 
2001 - 74.800 MW
2013 - 122.900 MW

31. Criação de 6.427 creches

32. Ciência Sem Fronteiras – 100 mil beneficiados

33. Mais Médicos (Aproximadamente 14 mil novos profissionais): 50 milhões de beneficiados

34. Brasil Sem Miséria – Retirou 22 milhões da extrema pobreza

35. Criação de Universidades Federais: 
Governos Lula e Dilma - 18
Governo FHC - zero

36. Criação de Escolas Técnicas:
Governos Lula e Dilma - 214
Governo FHC - 11
De 1500 até 1994 - 140

37. Desigualdade Social: 
Governo FHC - Queda de 2,2%
Governo PT - Queda de 11,4%

38. Produtividade: 
Governo FHC - Aumento de 0,3%
Governos Lula e Dilma - Aumento de 13,2%

39. Taxa de Pobreza:
2002 - 34%
2012 - 15%

40. Taxa de Extrema Pobreza:
2003 - 15%
2012 - 5,2%

41. Índice de Desenvolvimento Humano:
2000 - 0,669
2005 - 0,699
2012 - 0,730

42. Mortalidade Infantil:
2002 - 25,3 em 1000 nascidos vivos
2012 - 12,9 em 1000 nascidos vivos

43. Gastos Públicos em Saúde:
2002 - R$ 28 bilhões
2013 - R$ 106 bilhões

44. Gastos Públicos em Educação:
2002 - R$ 17 bilhões
2013 - R$ 94 bilhões

45. Estudantes no Ensino Superior: 
2003 - 583.800
2012 - 1.087.400

46. Risco Brasil (IPEA):
2002 - 1.446
2013 - 224

47. Operações da Polícia Federal:
Governo FHC - 48
Governo PT - 1.273 (15 mil presos)

48. Varas da Justiça Federal:
2003 - 100
2010 - 513

49. 38 milhões de pessoas ascenderam à Nova Classe Média (Classe C)

50. 42 milhões de pessoas saíram da miséria

FONTES:
47/48 - http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas
39/40 - http://www.washingtonpost.com
42 - OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU
37 - índice de GINI: www.ipeadata.gov.br
45 - Ministério da Educação
13 - IBGE
26 - Banco Mundial
http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=81992

domingo, 17 de maio de 2015

Mad Max: Fury Road ou o retorno dos verdadeiros bárbaros


Por Fábio de Oliveira Ribeiro
A barbárie ocupa um papel central no imaginário do que chamo “civilização branca dos olhos claros” (anglo-americana-australiana). Os outros povos, que tem a pele escura, morena, avermelhada e amarela, cujos olhos são predominantemente negros, marrons e apertados são objeto de discriminação aberta ou velada pelos donos do império que pretende definir as linhas militares de tensão pós-Guerra Fria, a divisão econômica do mundo e a forma como este mesmo mundo deve ser visto em obras cinematográficas que criam e opõe uma versão convencional do “nós” à imagem distorcida e depreciada dos “outros”, os bárbaros.
O cinema norte-americano em especial nasceu e cresceu produzindo exclusões simbólicas. Os índios, inimigos internos da “civilização branca dos olhos claros”, foram os primeiros bárbaros imortalizados em centenas de filmes. Malvados por natureza, os índios sempre preferiam morrer em seus cavalos a dar passagem para os pobres colonizadores que queriam suas terras. Os negros não tiveram sorte muito melhor. Quando não eram serviçais dóceis nas casas grandes cênicas, os negros eram rebeldes violentos ou pérfidos estupradores que perseguiam mulheres brancas ingênuas e indefesas. Impossível esquecer que eles dançam para King Kong e oferecem à fera gigantesca uma mulher branca.
Um terceiro grupo tradicionalmente excluído pelos filmes “made in USA” são os eternamente desagradáveis, sujos e irracionais mexicanos, cujas vidas inúteis são as vezes defendidas pelos membros da   “civilização branca dos olhos claros”. O quarto grupo demonizado por Hollywood foram os asiáticos: japoneses, coreanos, chineses e vietnamitas, foram durante décadas retratados como “gooks”, cuja morte era um imperativo categórico das guerras cinematográficas inspiradas em guerras reais bem menos heróicas.  Eternos excluídos simbólicos, alguns negros, mexicanos, asiáticos e  índios norte-americanizados acabaram sendo economicamente incluídos em razão de se tornarem figurantes e atores da própria desgraça.
Após a II Guerra Mundial, durante a Guerra Fria e até os dias de hoje, um outro grupo de excluídos simbólicos ajudou a construir a história do cinema norte-americano. Estou obviamente me referindo aos alemães e russos. Eles também são brancos de olhos claros, mas não podem pertencer à “civilização branca dos olhos claros” porque são racistas e marxistas. Eles encarnam algo que é tratado como um mal secular ou como um mal mais profundo, um do qual os norte-americanos, ingleses e australianos estão livres.
A imagem que a “civilização branca dos olhos claros” faz de si mesmo e espalha pelo mundo é diametralmente oposta à História e raramente é pautada por fatos. Impossível esquecer que o racismo científico nasceu na Inglaterra (Henry Thomas Buckle) e que os ingleses praticaram atrocidades terríveis em suas colônicas. A primeira Lei prescrevendo a esterilização compulsória de doentes mentais aprovada pela Alemanha nazista foi inspirada numa Lei que já estava em vigor nos EUA. Não é segredo que a Austrália tem uma dolorosa dívida com os nativos que foram escravizados e tiveram seus filhos roubados por colonos brancos. 
Os homens da “civilização branca dos olhos claros” raramente são retratados como bárbaros. Quando isto ocorre, eles geralmente foram revertidos à barbárie após o apocalipse ou depois de uma guerra nuclear ou de uma zumbítica peste. Por isto, filmes como "Mad Max: Fury Road" sempre atraem minha atenção. Neles é possível ver norte-americanos, ingleses e australianos representando o que eles realmente são.  A inevitabilidade política ou econômica de uma guerra nuclear ou o fim do mundo por imposição teológica tal como retratado na Bíblia (que os protestantes ingleses, norte-americanos e australianos acreditam ser uma descrição literal do passado e do futuro) fornece inspiração para este tipo de filme.
No imaginário dos engenheiros sociais e simbólicos da “civilização branca dos olhos claros” o fim do mundo é uma realidade inexorável. O mundo deles e o nosso vai acabar, quer porque os chineses, russos e latino-americanos não aceitam intromissões dentro de suas fronteiras, quer porque os “outros” povos competem por recursos escassos com os norte-americanos, ingleses e australianos. 
A barbárie parece ser o único estado em que os povos de língua inglesa conseguem ser felizes. O conflito armado não é para eles algo que pode ser evitado através da diplomacia. No estágio atual de desenvolvimento, aliás, norte-americanos, ingleses e australiamos vivem permanentemente em guerra e nem se dão ao trabalho de pedir autorização para a ONU para bombardear países soberanos. A própria ONU se tornou tão irrelevante que o governo Bush Jr. mentiu descaradamente no Conselho de Segurança da mesma para obter autorização para atacar o Iraque.
Civilização significa pluralismo cultural e tolerância religiosa. Nada disto se pode ser encontrado na história da Inglaterra, dos EUA e da Austrália.
Os filmes que tratam de uma regressão ao barbarismo são, na verdade, sintomas de uma doença que acomete os povos de língua inglesa. Os antepassados de muitos deles eram bárbaros que viviam além da Muralha de Adriano ou que reverteram à barbárie quando os romanos deixaram a Bretanha. Eles sonham em regressar ao estado de barbárie apenas porque são incapazes de admitir a verdade: sob o verniz de civilidade, sob as imensas camadas de riquezas materiais que eles amontoaram em suas cidades e mansões em razão de guerras externas, eles continuam sendo apenas bárbaros. Bárbaros que falam uma língua quase sem gramática e que é tão barulhenta quanto o rangido das armas mecanizadas que eles aperfeiçoaram para continuar fazendo o que os antepassados deles faziam num passado distante.
O barbarismo dos povos de língua inglesa é tão grande que eles conseguiram uma coisa fantástica. Eles transformaram uma religião que se notabilizou pela passividade e pelo respeito a vida no estandarte de guerra que seus exércitos sempre empunharam e que atualmente pretendem empunhar na Ucrania.
"Mad Max: Fury Road" é um filme bastante eloquente. Uma excelente representação do que foram, do que são e do que sempre serão os norte-americanos, britânicos e australianos. Imperdível, mas não pelas razões divulgadas pela grande imprensa.
http://www.jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/mad-max-fury-road-ou-o-retorno-dos-verdadeiros-barbaros