domingo, 21 de outubro de 2012

Protesto violento exige renúncia do Governo de Portugal


Via IAnotícia

Branco Di Fátima


LISBOA, Portugal 16 de outubro de 2012 às 1:50 pm | Postado em:

Manifestantes colocam fogo em almofadas e cartazes na frente da Assembleia da República em Portugal - Foto Branco Di Fátima

As palavras de ordem eram ouvidas a quarteirões da Assembleia da República em Lisboa. “Está na hora, está na hora, de o governo ir embora”. Milhares de pessoas exigiram a renúncia imediata do primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, na noite desta segunda-feira, dia 15 de outubro, enquanto era entregue o Orçamento de Estado (OE) para 2013. Segundo a Polícia de Segurança Pública (PSP), pelo menos 11 pessoas (dez policiais) ficaram feridas e outras duas foram detidas nos confrontos entre a Tropa de Choque e os manifestantes.

O clima de tensão começou por volta das 20h. As grades que cercavam a Assembleia da República foram arrancadas pelos manifestantes. Pouco a pouco as estruturas de ferro vieram abaixo e foram arrastadas pela rua. Dezenas de pessoas ocuparam o jardim lateral do edifício. A Tropa de Choque formou um cordão de isolamento nas escadarias da Assembleia.



Grades que cercavam a Assembleia foram derrubadas durante o protesto - Foto Branco Di Fátima

Um grupo de manifestantes ateou fogo, por volta das 22h, em almofadas, cartazes e sacos de lixo. Bombas foram lançadas às chamas e explosões puderam ser ouvidas. Uma densa fumaça escura e o cheiro de pólvora tomaram conta da região. Enquanto a fogueira ardia, a multidão cantava a uma só voz: “Traz o coelho. Traz o coelho”, em alusão ao primeiro-ministro de Portugal.

Garrafas de vidro e pedras foram arremessadas contra os agentes da PSP. Pelo menos 250 homens da Tropa de Choque podiam ser vistos nos arredores do edifício. No entanto, na maior parte do tempo, a polícia não revidou às provocações. Muitas pessoas carregavam cartazes e faixas que pediam a demissão do governo. Cartões vermelhões eram balançados para simbolizar a ‘expulsão’ de Passos Coelho da administração do país.

O momento mais tenso da noite aconteceu por volta das 23h40, quando cerca de cem pessoas conseguiram chegar, pela lateral da Assembleia, próximo à residência oficial do primeiro-ministro. A polícia investiu com cães e cassetetes sobre o grupo. A correria foi generalizada e alguns manifestantes tiveram ferimentos leves. Lixeiras foram arrancadas do chão, alguns carros tiveram os vidros quebrados e um muro de latão que cercava um terreno baldio na região foi completamente destruído.

O protesto na capital lusitana começou por volta das 18h desta segunda-feira (15) e se prolongou até meia-noite. A manifestação, intitulada o ‘Cerco a S. Bento! Este não é o nosso Orçamento’, foi convocada nas redes sociais pelos movimentos 15 de Outubro e Sem Emprego. O objetivo era contestar as medidas de austeridade e o Orçamento de Estado, que prevê aumento significativo nos impostos no país.



Governo entrega Orçamento de Estado para 2013 na Assembleia da República - Foto Governo de Portugal

O Governo de Portugal entregou, nesta segunda-feira (15), o Orçamento de Estado para 2013 na Assembleia da República, em Lisboa. As medidas mais polêmicas são o aumento de cerca de 30% no Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) e a mudança dos escalões de cobrança do imposto de oito para cinco níveis.

O subsídio de desemprego será reduzido em 6%, enquanto o auxílio doença sofrerá um corte de 5%. As empresas do Estado terão que demitir 3% dos seus funcionários, num cenário em que a taxa de pessoas fora do mercado de trabalho já chegaria aos 16,4% em 2013. Os funcionários públicos também passarão a receber menos pelo trabalho em feriados e por hora extra.



Mudança do IRS em Portugal - Foto Governo de Portugal - Arte Branco Di Fátima

O aumento da tributação será sentido no rendimento das poupanças, nas pensões, nas transações financeiras e nos preços dos produtos de luxo e tabaco. O preço da gasolina deve subir a partir de janeiro. O texto oficial ainda prevê cortes de investimento nas áreas da saúde, educação e cultura.

O OE indica a privatização da companhia aérea TAP e da agência que administra os aeroportos do país no início do ano. O governo também estuda a viabilidade de privatizar a rede pública de rádio e televisão (RTP).

Os deputados e o governo debatem, nos dias 30 e 31 de outubro, o Orçamento de Estado. A votação final está marcada para 27 de novembro. Há rumores que o OE possa ser vetado pelo presidente da República, Cavaco Silva. Outras especulações apontam para a possibilidade dos deputados, apesar da maioria ser da base aliada do primeiro-ministro, rejeitarem o texto. O certo é que a fragilidade do governo cresce a cada dia.

Próximas Manifestações

Já os protestos devem se intensificar nas próximas semanas em todo o país. A União Geral de Trabalhadores (UGT), segunda maior central sindical de Portugal, convocou uma manifestação para 26 de outubro. Também são previstas ações para os dias de debate e da votação do OE na Assembleia da República. A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) agendou para 14 de novembro uma greve geral.

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