segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A ONU alerta para a desaparição dos peixes em 2050

Via Rebelion

Pesca sustentável necessária
Ecoportal

Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti


Os governos dos países mais industrializados do mundo aportam 27 bilhões de dólares como subsídios para as empresas pesqueiras que não praticam pesca sustentável. Esse dado veio à luz depois da publicação de um estudo da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.

Dois terços das subvenções são proporcionadas pelos países europeus, Estados Unidos, Japão, China, Coréia do Sul e Taiwan. Isso se explica ao observar-se que nos países ricos se consome o triplo de peixe em relação aos menos desenvolvidos. Tal desproporção na demanda faz com que esses governos tenham que recorrer à importação. Para isso, as empresas subvencionadas acodem às áreas de pesca estrangeiras, e ali obtém seus recursos, por que suas reservas pesqueiras se esgotaram há tempo.

A maior parte dos financiamentos públicos vai parar na construção de embarcações, cada vez melhor equipadas tecnologicamente, assim como para o combustível necessário.

Os setores pesqueiros locais não podem competir com essa pesca industrial, caracterizada por seu sistema de arrastão para conseguir capturas em massa de forma rápida.

Os 12 milhões de pescadores artesanais vêem reduzir-se suas possibilidades de obter renda. Observam impotentes como os poderosos navios estrangeiros esgotam seus recursos, e pouco a pouco vão desaparecendo as condições que lhes permitiam ganhar a vida.

As áreas mais afetadas pelo espólio são a África Ocidental e o Pacífico Sul, do Chile ao Peru, até as ilhas da Oceania.

No Senegal, 7% da população se dedica ao setor pesqueiro, e algumas cidades costeiras dependem de forma quase exclusiva da pesca. Essa situação também propicia escassez de alimentos para boa parte das populações litorâneas empobrecidas, já que seu principal sustento é o peixe.

Apesar da luta para evitar essa super exploração, as multinacionais buscam mecanismos para continuarem pescando intensivamente. O governo senegalês suspendeu seus acordos com a União Européia, mas agora essas multinacionais se transformaram em empresas mistas, ou seja, passam a fazer parte de empresas locais. Também ocorrem manobras pouco transparentes, como a concessão de licenças para pescar em áreas protegidas.

Outro caso ilustrativo pode ser encontrado no Chile. A Fundación Centro de Investsigaciones y Informaciones Periodísticas (CIPER), assegura que as reservas de juréis caíram 90% em somente vinte anos, um ritmo inadmissível.

Além de tudo, a atividade estrangeira leva os recursos marinhos da população local e deixa pouco dinheiro – entre 2% e 6% das receitas, e em compensação, em seus países, em muitos casos o preço pago vai parar em administrações corruptas, que não o investem no bem comum.

A pesca industrial joga fora 15 milhões de toneladas de peixes, 50% de suas capturas, enquanto que com os métodos tradicionais a quantidade descartada é quase nula. A pesca artesanal emprega 24 vezes mais trabalhadores e contamina sete vezes menos. Além disso, a pesca industrial não seria rentável sem o apoio de seus governos.

Parece que há razões suficientes para apoiar a pesca tradicional nos países empobrecidos. Também as há para levantar-se contra os abusos que cometem as embarcações de propriedade de instituições autoras de crimes sociais e ambientais, que operam impunes em meio a ambigüidades legislativas e graças à manobras ilícitas para obtenção de licenças.

A União Européia se encontra submergida na elaboração da reforma da sua Política Comum de Pesca. Ela se propõe a proibir e penalizar aspectos como os descartes, peixes jogados de volta mortos ao mar por seu escasso valor no mercado, ou o sistema de arrastão nos fundos marinhos, culpado também pela retirada do plâncton e dqa conseqüente destruição da cadeia trófica marinha. Entretanto, essa medida de controle somente será tomada em relação ao território europeu.

Milhões de pessoas ficarão sem trabalho nem comida. A pesca abusiva devasta o ecossistema marinho e extingue, de maneira progressiva, as espécies que lá vivem. A ONU já advertiu que, a continuarem as coisas assim, o planeta ficará sem peixes no ano de 2050. É necessário exigir o fim das subvenções para os que não fazem pesca sustentável e a elaboração de uma legislação clara a nível internacional que garanta uma atividade pesqueira respeitosa com o meio ambiente e com as pessoas.

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