Por José Manzaneda
Os grandes meios de imprensa internacionais continuam apresentando como “jornalistas independentes” aqueles que, a partir de Cuba, mandam notícias para a imprensa estrangeira, mas são realmente contratados e pagos pelo Governo dos Estados Unidos.
Uma boa parte dos cerca de 115 presos cubanos que o governo da ilha libertou entre 2010 e 2011, depois de um acordo humanitário com a Igreja Católica e o antigo governo da Espanha, foram apresentados então nos veículos de imprensa internacionais como “jornalistas independentes”, que haviam sido condenados em Cuba por seus conteúdos informativos críticos. Mas os meios que assim os apresentaram omitiram convenientemente para quem trabalhavam e quem os pagava.
Há alguns días, o jornalista norteamericano Tracey Eaton, em seu blog sobre Cuba “Ao longo do Malecón”, fazia saber uma nova evidência de que a “imprensa independente” cubana é altamente dependente do Governo que bloqueia a seu próprio país. Tracey Eaton tornou pública a contratação, pela Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana (SINA), a virtual embaixada, de Dan Gabriel, um ex membro da CIA que trabalhou no Iraque e no Afeganistão. Sua função será contratar, dirigir e pagar aos ditos “jornalistas independentes” de Cuba.
Este ex agente da CIA e perito em comunicação, relações públicas, redes sociais de Internet e guerra cibernética, deverá gerir uma equipe de uns 10 “jornalistas independentes” cubanos, que por sua vez, cumprirão um programa de trabalho bem definido: deverão gerar “no mínimo cinco histórias por semana”, incluindo “blocos de noticias em vídeos entre 2 e 5 minutos, imagens brutas, (…) gravar eventos, entrevistas, fragmentos de áudio, (…) e fotos, (…)de acordo com o preço programado”.
Desde a década de 1990 o escritorio diplomático dos EUA na capital cubana, a SINA, se dedica a capacitar e financiar desde sua sede a esta chamada “imprensa independente”. O objetivo: fabricar notícias adequadas que, posteriormente, percorrem o mundo através dos grandes meios de comunicação, apresentando Cuba como um país fracassado, repressivo e necessitado de ser – finalmente—objeto de intervenção. Já em 1993 se fundava na própria SINA a denominada “Associação de Jornalistas Independentes”, que era apresentada então perante a imprensa estrangeira –dando prova de seu conceito particular de independência—por um diplomata norteamericano.
O citado ex agente da CIA Daniel Gabriel trabalhou 10 anos em ações encobertas da CIA e chegou a completar 6 visitas ao Afeganistão e Iraque em apoio às chamadas “Operação Liberdade Duradoura” e “Operação Liberdade Iraquiana”, quer dizer, dando cobertura propagandística às invasões militares de ambos os países, com um saldo –recordemos—de centenas de milhares de mortos.
Existe quem todavia negue que ditos “jornalistas independentes” cubanos sejam peões pagos por Washington em sua estratégia de intervenção em Cuba. E quem ainda assinalam como violação da liberdade de imprensa a aplicação a estas pessoas, por parte do Governo cubano, das sanções penais contidas em suas leis anti-ingerência, muito similares –por certo—às que existem nos EUA e na Europa. Mas evidências como as estampadas pelo jornalista Tracey Eaton fazem com que sejam a cada dia mais raras.
(tradução livre: Roberto Ferreira da Costa)
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