domingo, 29 de julho de 2012

A VIOLENCIA BATE RECORDES EM SÃO PAULO

Homicídios disparam em São Paulo e capital paulista atinge nível epidêmico de violência

De SpressoSP
Das 11 principais modalidades de crimes, oito tiveram aumento no mês de junho
Felipe Rousselet
Registro de mortes em confronto com a polícia aumentou 9,4% (Foto: Beraldo Leal / Flickr)
Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o número de homicídios em São Paulo cresceu 47% no mês de junho se comparado com o mesmo período de 2011. Somente em julho foram mortas 139 pessoas na capital paulista, uma média de 4 homicídios por dia.
O aumento do número de homicídios na capital alavancou também o índice estadual. Em todo o estado houve um aumento de 21% nos casos em relação a junho de 2011. Em todo o primeiro semestre de 2012, houve um aumento de 8,3% no número de homicídios em relação ao ano passado. Com o aumento no número de mortes, a capital paulista registrou 13 homicídios para cada 100.000 habitantes em junho, índice que coloca a cidade, de acordo com critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde), na situação de violência epidêmica.
O dado da quantidade de homicídios dolosos divulgado pela Secretaria de Segurança Pública não leva em consideração os mortos em confronto com a PM, os chamados autos de resistência, e latrocínios (roubo seguidos de morte). No caso dos roubos seguidos de morte, houve um aumento de 50% em São Paulo. Na capital paulista, os latrocínios tiverem um aumento de 19,6% nos seis primeiros meses do ano. Já os registros de mortes por policiais militares aumentou 9,4% no primeiro semestre de 2012.  A Polícia militar já matou 140 pessoas este ano, contra 128 casos registrados nos seis primeiros meses de 2011.
Mesmo assim, a resposta do governador Geraldo Alckmin será investir “fortemente em policiamento”, segundo declarações à imprensa. Em entrevista à Rede Brasil Atual, o presidente da Fundação Criança e vice-presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente da OAB, Ariel de Castro Alves, afirma que “aumentar o policiamento seria o mesmo que aumentar as execuções sumárias em um cenário de total descontrole da PM e dos demais setores da Polícia Militar. Em geral, esses grupos de extermínio atuam com a participação de agentes do Estado”, afirma .
O Ministério Público Federal (MPF) entrará com uma ação civil pública pedindo o afastamento do comando da Polícia Militar de São Paulo e a intervenção federal no estado. Segundo o procurador da República Matheus Baraldi Magnani, em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, a ação será apresentada hoje (26), durante audiência pública que reunirá diversos representantes da sociedade civil e de movimentos sociais para exigir medidas concretas para acabar com o “extermínio de jovens”, prática atribuída pelas entidades a policiais.
O mês de junho foi tenso para a segurança pública na capital paulista. Seis policiais militares foram mortos supostamente a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital). Após as mortes, moradores de bairros da periferia, como o Parque Bristol, reclamaram de estarem sendo submetidos a toques de recolher, pela Polícia Militar, para que as ruas fiquem vazias e os policiais pudessem retaliar os supostos ataques sem que testemunhas presenciassem as ações.
Porém, os dados referentes as mortes provocadas pela polícia militar no estado de São Paulo evidenciam que a corporação matou mais pessoas no mês de maio, que antecedeu os ataques, do que em junho. Em maio foram 52 casos, alta de 44% em relação a abril. Em junho o número voltou a cair e ficou em 29 casos, menor número registrado em 2012.
Para o ouvidor da Polícia Militar, Luiz Gonzaga Dantas, o pico de assassinatos cometidos pela PM pouco antes da onda de violência contra policiais pode ser uma coincidência. Entretanto, ele diz não ser possível descartar a hipótese de retaliação do crime organizado. “No momento em que policiais agem fora da lei há uma represália da parte do crime, que é o que pode ser que tenha havido nesses momentos em que a gente observa ataques de um lado e ataques de outro”, afirmou Dantas em entrevista para a BBC Brasil.



Outros indicadores
Não foram só os homicídios que aumentaram na cidade de São Paulo, 8 das 11 principais modalidades de crime registraram aumento na capital no mês de junho. Os destaque fica por conta das tentativas de homicídio, que tiveram aumento de 89%. As únicas três modalidades de crimes que tiveram queda foram roubos a bancos, furtos e furtos de carros. Veja os indicadores da criminalidade na capital paulista em junho.

Homicídios  + 47%
Latrocínios  + 50%
Roubos em geral  + 9,4%
Roubos de carros  + 5,7%
Roubos de cargas  + 28%
Tentativas de homicídio  + 89%
Estupros  + 68%
Lesões corporais dolosas + 7%
Roubos a bancos  - 53%
Furtos  - 8,1%
Furtos de carros  - 8,1%

Comparando os indíces do primeiro semestre de 2012 com os números do mesmo período do ano passado, a situação é ainda pior. Apenas duas modalidades de crimes tiveram redução: extorsões mediante sequestro (- 15,4%) e furtos (-1,9%). Na comparação semestral, o destaques negativos ficam por conta dos homicídios (+ 24,4%), estupros (+24,2%) e roubos de carros (+ 22,5%).


Violência na periferia
Após os ataques de criminosos contra a Polícia Militar em junho, moradores da periferia de São Paulo denunciaram que mortes suspeitas estavam ocorrendo como forma de retaliação. O número de homicídios por distritos da capital paulista reforçam a denúncia dos moradores. Dos 30 distritos mais violentos, 29 estão localizados na periferia. A exceção é o distrito da Sé, que aparece em décimo segundo lugar devido ao elevado número de furtos na região.
Com relação ao número de homicídios, somente em quatro bairros da zona sul (Parque Antônio, Capão Redondo, Jardim Herculano e Parelheiros) foram registrados 101 homicídios – mais de 70% dos homicídios registrados em toda a cidade.

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