Do original: Bibi e a exploração do Holocausto.
Via o Olhar o Mundo e GS blog
Luiz Eça
Em seu livro, ‘A indústria do Holocausto’, o professor Norman Finkelstein, filho de judeus sobreviventes de Auschwitz, ele afirma que o holocausto com “h” maiúsculo é uma indústria que “ apresenta como vítimas o grupo étnico mais bem sucedido dos EUA e mostra como indefeso um país como Israel, uma das maiores potências militares do mundo, que oprime ‘os não judeus’ em seu território e áreas de influência.”
Bibi Netanyahu, Primeiro Ministro de Israel, vem explorando veementemente o holocausto para justificar seus planos de bombardear o Irã.
Em 2006, antes mesmo de se tornar primeiro ministro, ele declarou, numa conferência de judeus americanos, que o Presidente Ahmadinejad estava preparando “um outro Holocausto” contra Israel.
“Estamos em 1938”, afirmou Bibi“ o Irã é a Alemanha. E o Irã está correndo para se armar com a bomba atômica. Falando na conferência anual da AIPAC (maior lobby israelo -americano), ele fez, mais uma vez, um paralelo entre o Irã e a Alemanha nazista. Lembrou um telegrama enviado pelo Congresso Judeu Mundial aos EUA, em 1944, pedindo que bombardeassem Auschwitz. E declarou: ‘Hoje nós temos um estado que é nosso. E o objetivo do estado judeu é defender vidas judaicas e assegurar o futuro judeu”.
Foi muito aplaudido pelo pessoal da AIPAC, mas não em debates na Rádio e na Televisão de Israel.
Intelectuais, militares e jornalistas criticaram a vulgarização da memória do Holocausto e a desnecessária escalada nas tensões num momento em que os EUA está pedindo comedimento.
Muitos debatedores apontaram as óbvias diferenças: Israel é uma nação judaica soberana com seu próprio exército e não existia durante a 2ªGrande Guerra, quando os judeus europeus estavam indecisos.
“Israel não é um gueto”, disse Shaul Mofaz, antigo chefe militar e ministro da defesa.
Dan Haluz, outro antigo chefe militar, declarou que a comparação com o Holocausto estava fora de lugar.
Eu acrescentaria que, se for para comparar o episódio da Alemanha nazista contra os judeus, o Irã está mais próximo dos judeus dessa época e Israel mais próxima dos alemães.
De fato, assim como os alemães, Israel, com suas centenas de bombas nucleares, é uma ameaça muito maior ao Irã do que o contrário.
A declaração de Ahmadinejad de que Israel seria varrida do mapa é irrelevante, pois o presidente iraniano já esclareceu várias vezes que não pretende atacar os israelenses, que referia-se ao que acreditava ser a fatal extinção do estado sionista e sua substituição por uma Palestina, igual para todas as raças que a habitarem.
E, mesmo que os judeus de Israel duvidem disso, lembraria que Ahmadinejad não é a maior autoridade no Irã: quem manda mais no país, inclusive na política externa, é o Supremo Lider, o aiatolá Khamenei. Que pode ser fanático e agressivo, mas não é mentiroso. E já afirmou muitas vezes que lançar bombas nucleares é um grave pecado para o islamismo.
Por sua vez, Israel pode ser comparada à Alemanha nazista, no episódio do Holocausto.
Ao contrário da República Islâmica do Irã, que nunca ameaçou bombardear Israel, o governo de Telaviv, desde os tempos de Bush, vem anunciando periodicamente suas intenções de bombardear as instalações nucleares do Irã.
A memória do holocausto é excepcionalmente dolorosa para o povo judaico.
O temor de que algo semelhante possa vir a acontecer pode atingir com grande força emocional boa parte da população.
Netanyahu sabe disso e está usando o Irã como um fantasma, pronto a repetir o nazismo na sua fúria devastadora.
Ele, claramente, visa, através dessa associação, obter o apoio do povo para uma guerra, que ele coloca, cinicamente, como defensiva.
Como disse Yad Bauer, um estudioso do Holocausto: “Invocar Auschwitz é um recurso barato para ganhar a atenção do público.”
Sobre a eficiência desse recurso, cabe citar Abrahan Lincoln: “Você pode enganar todas as pessoas algum tempo, algumas pessoas todo o tempo, mas não pode enganar todas as pessoas todo o tempo”.
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