quinta-feira, 8 de março de 2012

BANCOCRACIA


Bankgangsters - os financiadores de armas nucleares


Via SOA-Brasil

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BANCOCRACIA E OS BANKGANGSTERS
A indústria mundial de armas nucleares é financiada e mantida viva por mais de 300 bancos, fundos de pensão, companhias de seguros e gestores de ativos, segundo um estudo divulgado pela Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican).

Thalif Deen

Bancos são os financiadores de armas nucleares

Relatório

“Não confiem na bomba: o financiamento mundial dos produtores de armas nucleares”

Estas instituições realizam substanciais investimentos na produção de armas atómicas. O estudo, de 180 páginas, diz que as nações com poderio nuclear gastam mais de 100 mil milhões de dólares por ano fabricando novas ogivas, modernizando as velhas e construindo mísseis balísticos, bombardeiros e submarinos para lançá-las.

Grande parte deste trabalho é feito por grandes empresas como BAE Systems e Babcock International, na Grã-Bretanha, Lockheed Martin e Northrop Grumman, nos Estados Unidos, Thales e Safran, na França, e Larsen & Toubro, na Índia.

“Instituições financeiras investem nestas companhias fornecendo empréstimos e comprando ações e títulos”, afirma o documento, considerado o primeiro de seu tipo.

Com o título Don’t Bank on the Bomb: The Global Financing of Nuclear Weapons Producers (Não confiem na bomba: o financiamento mundial dos produtores de armas nucleares), o estudo fornece detalhes das transações financeiras com 20 empresas intensamente envolvidas na fabricação, manutenção e modernização das forças atómicas norte-americanas, britânicas, francesas e indianas.

É necessária uma urgente campanha coordenada mundial pelo desinvestimento em armas nucleares, destaca o informe. Um movimento assim poderia ajudar a frear os programas de modernização e fortalecimento de armamentos e impulsionar as negociações para uma proibição universal desse tipo de bombas. “Deixar de investir nas companhias de armas nucleares é uma forma efetiva de o mundo corporativo avançar para a meta de uma abolição nuclear”, indica o estudo.

O trabalho exorta as instituições financeiras a deixarem de investir na indústria armamentista atómica.

“Qualquer uso de armas nucleares violaria o direito internacional e teria catastróficas consequências humanitárias. Ao investir nos fabricantes, as instituições financeiras estão, na verdade, a facilitar a construção de forças atómicas”, alerta.

Na introdução do informe, o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, afirma: “ninguém deveria obter lucro com esta terrível indústria da morte, que ameaça a todos nós”.

Tutu exorta as instituições financeiras a apoiarem os esforços para eliminar a ameaça atómica, e destaca que o fim dos investimentos foi vital na campanha para acabar com o apartheid (sistema de segregação racial contra a maioria negra) na África do Sul. A mesma tática pode e deve ser empregada para enfrentar a criação mais maligna do homem: a bomba nuclear, sugere.

Por sua vez, Tim Wright, diretor de campanhas da Ican e coautor do estudo, disse à IPS que algumas das instituições identificadas no trabalho já expressaram a sua “intenção de adotar políticas proibindo os investimentos em fabricantes de armas atómicas”. A campanha para que cessem os investimentos “provavelmente terá maior êxito em países onde a oposição às armas é mais forte”, por exemplo, nos escandinavos e no Japão, acrescentou. Wright destacou que cada vez mais bancos reconhecem que se deve aplicar algum tipo de critério ético aos investimentos, e que apoiar a fabricação de armas capazes de destruir cidades inteiras em um instante é algo claramente contrário à ética.

Das 322 instituições financeiras identificadas no informe, cerca da metade tem sede nos Estados Unidos e um terço na Europa. O estudo também denuncia instituições da Ásia, Austrália e Oriente Médio.

As mais envolvidas com a indústria de armas nucleares são Bank of America, BlackRock e JP Morgan Chase, nos Estados Unidos, BNP Paribas, na França, Allianz e Deutsche Bank, na Alemanha, Mitsubishi UFJ Financial, no Japão, BBVA e Banco Santander, na Espanha, Credit Suisse e UBS, na Suíça, e Barclays, HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotland, na Grã-Bretanha.

Consultado sobre se seria viável uma campanha para boicotar estas entidades, Wright declarou à IPS que “se os bancos resistirem a ceder, os clientes terão que buscar alternativas éticas”. Muitos outros bancos, particularmente pequenos, negam-se a ter qualquer ligação com esta indústria, destacou. “Se as pessoas começarem a debandar em massa, isto enviará um forte sinal ao banco, de que o seu apoio às companhias de armas nucleares é inaceitável. No caso das instituições multinacionais, uma campanha coordenada de boicote em vários países seria efetiva”, acrescentou.

O estudo também cita Setsuko Thurlow, sobrevivente da bomba atómica lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade japonesa de Hiroshima em 1945, que fez um apelo para que se invista de forma ética e para não se contribuir com atividades que ameacem a Terra.

Envolverde/IPS

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