terça-feira, 18 de setembro de 2012

Veja, Serra e Demóstenes e o pecado capital do PT

Via Correio do Brasil

Beto Almeida





O PT, em seus primórdios, também era atacado pela mídia
Qualquer movimento popular que chega ao poder, pelas armas ou pelo voto, tem como preocupação central expor ao povo as razões de sua luta, suas motivações, suas energias fundamentais, seus propósitos, suas alianças, seus programas, suas estrategias e, principalmente, suas ações práticas, voltadas para atender os pressupostos básicos de sua filosofia política, em atendimento evidente à realidade segundo a qual a luta política é, essencialmente, luta de classes, que se expressa no controle político do Estado. Por isso, a providência imediata do movimento político antes e depois de chegar ao poder é o lançamento de sua própria publicação, tornando-a mais visível possível no plano da comunicação pública, de modo a disputar, no mercado das idéias, o seu lugar, engajando-se na luta ideológica.

É uma ingenuidade imaginar que se chega ao poder e nele se possa permanecer sem que as ideias que chegaram ao poder não disponham de um canal essencial para que sejam difundidas, em vez de esperar que essa tarefa seja realizada pela mídia sustentada, fundamentalmente, pelo capital bancário especulativo, por exemplo, como é o caso brasileiro, ao longo de toda a Nova República, substituta do regime militar, sob orientação do Consenso de Washington, ainda, predominante, nas suas formulações ideológicas.

Essas idéias são antigas e foram elas que levaram Getúlio ao suicídio, em 1954, como alternativa política para lutar contra a desnacionalização econômica. O lulismo-dilmismo, no poder, tenta manter uma estratégia nacionalista, utilizando os bancos estatais como porta-estandarte, que, agora, os próprios europeus, em colapso econômico, buscam imitar, como demonstra a repórter Assis Moreira, no Valor Econômico, nessa segunda feira. Igualmente, Barack Obama, no início da bancarrota financeira, em 2008, tentou o mesmo, defendendo um banco de fomento norte-americano para reverter a financeirização econômica desregulamentada, para salvar a economia sufocada pela especulação bancocrática privada. Por não ter controlado o sistema financeiro e imposto uma estatização do crédito, para sustentar a produção e o consumo, o colosso capitalista imperialista se encontra em apuro total.

Vale dizer, a solução de Getúlio Vargas, que criou o BNDES e o colocou a serviço dos investimentos no capitalismo nacional, continua sendo a luz pela qual os cegos se buscam pautar, enquanto a grande mídia anti-nacional, entreguista, bancocrática, insiste na sua loucura antinacionalista, tentando anular, politicamente, os agentes dessa estratégia, como foi o caso de Lula e, agora, de Dilma. Getúlio Vargas é solução global no plano econômico e político.

Cadê a imprensa nacionalista que o PT não criou para fazer o que a Última Hora, criada por Getúlio e editada por Samuel Wainer, fez em defesa dos interesses populares? Tremendo vacilo histórico da esquerda. Infelizmente, o PT não entendeu até hoje que o poder popular exige um jornal popular, maior lição de comunicação deixada por Getúlio, que jamais pagou para apanhar.

Uma suposta reportagem da Veja, na qual o publicitário Marcos Valério, sem dar entrevistas, “revelaria” seus segredos em que “incriminaria” Lula como o responsável pelo chamado mensalão – uma grosseira montagem – faz surgir novamente, com força, a necessidade de um jornal popular, democrático, de massas.

Sem ele, as forças progressistas ficam reféns, inertes e sem qualquer capacidade de resposta diante da verdadeira campanha de demolição de Lula, do PT e dos valores políticos defendidos pelas forças populares.

Nos países em que há governos populares na América Latina, foram criados mecanismos de comunicação popular, seja com nova leis de comunicação, como na Argentina, Venezuela e Equador, fortalecendo a TV e o rádio públicos, mas também houve o florescimento de jornais populares com capacidade de fazer a batalha de idéias com a imprensa conservadora sistematicamente sintonizada com as ideologias e os interesses dos EUA, e dos oligarcas nativos.

A decisão recente da Secom de inverter a política de distribuição descentralizada das verbas publicitárias federais da era Lula, que alcançavam numerosas cidades, veículos, inclusive os de menor porte, é um retrocesso. Favorece os conglomerados de mídia que estão em campanha permanente, sonhando com a desestabilização do governo Lula e agora daDilma, e também com a inviabilização definitiva de Lula., com a novela do ‘mensalão’.

É pagar para apanhar.

Enquanto isso, não se fortalece a comunicação pública e estatal, prevista na Constituição, pois o governo não avança na aplicação do artigo 224 da Constituição.

Nem é preciso esperar um novo marco regulatório para isto, é preciso aplicar o princípio constitucional na distribuição de novas concessões de rádio e tv que privilegie a comunicação pública, visando claramente alcançar o equilíbrio com a comunicação privada, escandalosamente predominante, seja em número de concessões, seja no maior bocado de verbas publicitárias – recursos públicos – que o governo lhe presenteia.

São exatamente estes conglomerados, representantes do capitalismo informativo/desinformativo, que querem golpear a Voz do Brasil, programa que enorme audiência, talvez o único a fornecer informações sem o crivo deformado do mercado para uma grande massa de brasileiros, em todos os grotões deste país, massa que é praticamente proibida da leitura de revistas e jornais.

É preciso apoiar a decisão da Liderança do PT na Câmara Federal, que retirou este projeto apadrinhado pela ABERT da pauta de votações. Sua aprovação seria grave retrocesso no direito de informação do povo brasileiro e um golpe contra uma experiência positiva e concreta de regulamentação informativa hoje em prática no país.

Para completar, TVs e Rádios comunitárias são impedidas do acesso a mídias institucionais.

Porém, havendo decisão política, o sonho de um novo jornal como o Última Hora, não é algo tão inalcançável.

Aliás, os congressos do PT já aprovaram a construção de um jornal de massas. Só falta aplicar. Quem elege três vezes um presidente da República, tem força e apoio para esta nova empreitada democratizadora , indispensável, urgente.

Beto Almeida é jornalista.  Publicado originariamente no blog Independência Sul Americana
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Os Segredos de Civita, parte 2. Os planos da quadrilha incluíam Serra no Planalto e Demóstenes no STF

Via  Mello

Se você não leu a parte I, clique aqui e confira Os segredos do tucanoduto. Civita acusa: 'Serra me usou como um boy de luxo. Mas agora vai todo mundo para o ralo'. Ou então, prossiga:

Com a segurança de quem transitava com desenvoltura pelos gabinetes oficiais, inclusive os palacianos, e era considerado um parceiro preferencial pela cúpula tucana, o presidente do Grupo Abril e da revista Veja Roberto Civita afirma que, primeiro FHC, mas, depois e até hoje, Serra “comandava tudo". Em sua própria defesa, diz que como operador das reportagens encomendadas contra o PT não passava de um “boy de luxo" de uma estrutura que tinha o então presidente e seu candidato no topo da cadeia de comando. "FHC era o chefe, hoje é Serra”, repete Civita às pessoas mais próximas.

A afirmação se choca com todas as versões apresentadas por Serra desde que o livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro, foi lançado, de que tudo era “lixo, lixo, lixo”.

A ira de Roberto Civita desafia a defesa clássica do ex-presidente FHC de que não sabia do Tucanoduto e nada teve a ver com o esquema arquitetado em seu primeiro mandato para sua reeleição. “Todo mundo sabe que ele comprou a emenda de sua reeleição. Sem contar os escândalos na área da saúde, comandada por Serra. E mais a lista de Furnas, a privataria, o Banestado, o Proer”...

Amigos contam que o que mais deprime Civita é a situação quase falimentar do Grupo Abril. A Veja se sustenta com anúncios. Para obtê-los deve produzir edições com tiragens de mais de um milhão de exemplares, que não se pagam com as assinaturas e vendas nas bancas. “Estamos queimando a casa [Grupo Abril – Nota do Blog] para produzir lenha para a Veja. Até cópia xerox, proibi na empresa”.

A rota de fuga de Serra evoluiu mais tarde para a negação completa, com a tese nefelibata de que a privataria tucana nunca existiu, tendo sido apenas uma armação do PT para chegar ao poder. A narrativa de Civita coloca Serra não apenas como sabedor de tudo o que se passava - Sanguessugas, Vampiros, Proer, Banestado, Privataria -, mas no comando das operações."Há até um vídeo na internet em que FHC confirma isso" [o vídeo é este aqui- Nota do Blog].

“O chefe é Serra. O objetivo era colocá-lo na presidência e Demóstenes [ex-senador cassado Demóstenes Torres, que também foi expulso do DEM – Nota do Blog] no Supremo. Com Demóstenes e Gilmar Mendes lá, o Brasil seria nosso”. No entanto, Demóstenes foi derrubado por operação da PF e Serra mais uma vez derrotado na luta pelo Planalto. “Agora, nem a prefeitura. Nossa salvação seriam os livros didáticos que ele colocaria nas escolas. Mas, agora, nem isso”...

Civita não esconde que se encontrou com Serra diversas vezes no Palácio do Planalto. Ele faz outra revelação: “Do FHC ao Serra era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”. A frase famosa e enigmática de José Serra — "Tudo que eu faço é do conhecimento de FHC” — ganha contornos materiais depois das revelações de Civita sobre os encontros em palácio. Roberto Civita reafirma que pode acabar nas barras do Supremo Tribunal, mas faz uma sombria ressalva. “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Serra porque eu, o Paulo Preto e o FHC não falamos”, disse na semana passada a um dos únicos amigos do bar da periferia que tem freqüentado anonimamente.

“Mas, se eu quebrar, não vou sozinho. Produzi um vídeo com quatro cópias”... Nesse instante, o telefone de Civita tocou e ele se afastou. Foi possível ouvir apenas “Diogo, já estamos promovendo seu livro na revista e pagando os processos. Estou na lona. O dinheiro acabou”... (continua amanhã)

(O Blog diz que as afirmações foram feitas a diversos interlocutores. Procurado por nossa equipe, que atravessou a Dutra numa Kombi comprada com o Bolsa-Twitter, Civita não foi encontrado, não quis dar entrevista, mas não desmentiu nada. A maior parte desta reportagem foi copiada da própria Veja, trocando apenas os nomes das pessoas para dar veracidade às informações. Tentamos também contacto através de nosso celular. Mas nosso plano Infinity da Tim não permitiu que nenhuma ligação se completasse.Por isso não conseguimos entrevista com Civita, Serra ou FHC, mas, frisamos, nenhum deles desmentiu nada)

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