sábado, 15 de setembro de 2012

Acordo entre Brasil e Cuba tenta driblar embargo







Dilma Rousseff, ao lado do presidente de Cuba, Raúl Castro, em Havana, durante a visita da presidenta à Cuba em janeiro desse ano.

Roberto Stuckert Filho/Presidência da República


Em visita à ilha cubana no último dia 30 de agosto, o ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, reiterou o plano de cooperação entre as duas nações, que visa modernizar a produção agrícola e industrial do país governado por Raul Castro.

De acordo com a Agência Brasil, a visita do ministro Pimentel teve como foco o acordo para ampliação do Porto de Mariel, com investimentos de aproximadamente US$ 900 milhões, sendo 80% do financiamento vindo do governo brasileiro.

A obra será realizada pela construtora Odebrecht por meio de uma subsidiária cubana e deve ser concluída em 2013. Com essa obra, os especialistas cubanos estimam que seja possível receber um número maior de embarcações de grandes dimensões.

O porto de Mariel fica em um lugar estratégico entre o canal do Panamá e as ilhas do Caribe, e poderá servir como um importante distribuidor de mercadorias para as indústrias que se instarem em Cuba. A ampliação portuária deve gerar 3.600 empregos diretos e 1.960 indiretos.

“Aqui se está fazendo um esforço, que não é fácil, de atualizar o modelo e trazer mudanças que eles mesmos reconhecem que são necessárias para estimular a economia”, disse o embaixador brasileiro em Havana, José Felício para a agência de notícias espanhola Efe.

Em entrevista para o IANotícia, Ted Henken, presidente da Associação de Estudos da Economia de Cuba, da faculdade de Baruch, em Nova York, afirmou que esse acordo é visto de maneira positiva, podendo encorajar os países da América Latina a buscarem parcerias com Cuba. “Se esses investimentos derem frutos, poderá aumentar a confiança de outros governos da região em cooperar com Cuba”.

O professor lembra que tais medidas são necessárias para driblar o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos desde 1962, com a mentalidade de que o bloqueio poderia barrar uma ascensão do regime comunista pelo mundo. Mesmo após o fim da Guerra Fria e as disputas entre o comunismo e o capitalismo, o embargo continua até hoje, sendo uma pauta delicada para a diplomacia americana.

Troca de tecnologia também está em pauta

O plano de cooperação econômico-comercial pode estender-se, também, ao setor da saúde e infraestrutura. Ambos os governos afirmaram que o acordo deve estar em prática pelos próximos quatro ou cinco anos.

Entre os campos explorados, estão o envio de médicos cubanos para zonas remotas brasileiras e a transferência de tecnologia cubana para a produção de remédios que não são feitos no Brasil.

Já o governo da presidenta Dilma Roussef seria responsável pela ajuda no setor agrícola, oferecendo o conhecimento para a rotatividade da produção de milho e soja.

“Toda a América Latina tem uma posição unânime em relação ao bloqueio dos Estados Unidos à Cuba e a maneira de ajudar a reduzir os prejuízos ao bloqueio é com o apoio econômico e financeiro”, explicou o embaixador José Felício.

Em janeiro, a presidenta Dilma Rousseff esteve em Cuba. Ela visitou o país no auge da abertura econômica. Castro tem apelado para que se aprofundem os debates sobre as mudanças na economia interna e defende o que chama de “mudança de mentalidade”.

Em 2010, Castro instaurou um processo de abertura da economia do país, promovendo mudanças na economia do país. As decisões envolvem o estímulo à demissão voluntária dos funcionários públicos, a liberação de compra de automóveis e imóveis, a permissão para atividades autônomas e o incentivo à agricultura familiar.

Segundo o Itamaraty, as relações comerciais entre Brasil e Cuba cresceram 30%, entre 2006 e 2010. Os números passaram de US$ 376 milhões, em 2006, para US$ 488 milhões, em 2010. No ano passado, o crescimento chegou ao total de US$ 570 milhões.
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