http://www.netmundi.org/pensamentos/category/karl-marx/page/4/ |
Marx analisando o sistema capitalista de produção, ja tivera descobrido em 1844 que tal sistema nao teria como viver sem clises cíclicas. Lenin, leitor de Marx, por outro lado, descobriu já em 1916, que o capitalismo levaria inevitavelmente ao imperialismo.
O motivo é bem simples. O sistema capitalista por ser um sistema sem controle central, momentos de superprodução e de escassez se alternariam invariavelmente. Hora se produz muito e falta consumo, hora se produz pouco e sobrevém a escassez.. Enquanto a auto-regulação não ocorre, crises de oferta e demanda assumem o controle.
Marx também entendeu que o sistema capitalista é linear e por isso precisa estar sempre em crescimento, precisa estar sempre produzindo, do contrario vem recessão, desemprego e caos.
Marx compreendeu que ao avançar as forças produtivas, isto é, a produção industrializada, chegaria um momento que seria preciso destruir o que fora produzido para poder reproduzir novamente e assim fomentar a economia (1848, p-16).
A historia demonstrou o quão Marx estava correto em suas analises, tanto é que os momentos onde a economia mundial mais despontou, foi justamente durantes e após as guerras.
Qualquer que tenha estudado o minimo de história mundial sabe que os EUA somente despontou como potencia econômica mundial após a segunda guerra mundial. Essa guerra foi de fundamental importância para o sucesso da economia americana.
Bem, não sei se eles (EUA) descobriram isso lendo Marx ou aprenderam na pratica mesmo, só sei que os EUA aprenderam como ninguém o quão Marx e suas teses estavam corretas.
A cada momento de crises do capitalismo e a chegada de recessões, la vai os EUA (com demais países capitalistas) se envolver em guerras. O discurso é sempre o mesmo:
"Combater regimes autoritários, o terrorismo, o fanatismo e levar a democracia".
Foi assim no Iraque, Afeganistão, Líbia, etc.
O presente texto trata deste assunto e tenta demonstrar como que Marx estava correto em suas analises, bem como em suas teses:
"A historia sempre se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa" e "A historia das sociedades até hoje é a historia das lutas de classes".
Repare que apesar dos esforços da grande mídia repetir exaustivamente que o marxismo é ultrapassado, suas teses nunca estiveram tal atuais e condizente com a realidade social contemporânea.
Infelizmente a bola da vez será o povo iraniano.
Para aos meus críticos e também aos céticos que sempre me acusam de "paranoico" e criador de teorias conspiratórias malucas, digo que quem viver verá, pois a historia é o senhor da razão.
Segue:
por Luiz Eça
Nos últimos 2 meses, Bibi Netanyahu e seu Ministro da Defesa, Ehud Barak, intensificaram sua propaganda de guerra ao Irã.
Diante da oposição de chefes militares, o premier israelense declarou que decidir sobre uma declaração de guerra é função dos políticos que estão no governo. Aos militares, cumpre acatar ordens.
Tendo o Presidente Shimon Peres afirmado que como um ataque de Israel somente adiaria os planos iranianos de produzir armas nucleares, isso tornaria a atuação conjunta com os EUA necessária, assessores de Bibi praticamente mandaram ele se calar.
Disseram que Peres esquecera o papel do presidente em Israel, não deveria falar sobre o que não lhe cabia.
Preocupados com essa escalada do governo em direção à guerra, dois importantes pronunciamentos atingiram a opinião pública israelense.
Cálculos do Business Data Israel estimavam o custo da guerra em 42 bilhões de dólares, apenas em danos à economia. O que é muito para um país cuja receita em 2011 foi de 67 bilhões de dólares. Ainda mais porque esta estimativa não considera os grandes gastos a mais decorrentes da alta dos preços do petróleo, criada pela guerra.
Por sua vez, Mofaz, líder do Kadima, partido de oposição, fez um duro pronunciamento anti guerra no Knesset (parlamento de Israel).
“Nos últimos meses,” ele afirmou, “ Israel tem promovido uma extensa e incansável campanha com o objetivo único de preparar o terreno para uma prematura aventura militar.”
Ele relacionou-a às eleições presidenciais americanas, insinuando que Bibi deseja usar o ataque ao Irã para favorecer Romney: “Sr.Primeiro Ministro, você intenta uma crua, rude, improcedente, precipitada e arriscada intervenção nas eleições americanas. Conte-nos a quem você está servindo e para que? Por que você está enfiando suas mãos nas urnas do eleitorado americano?”
Condenou também os ministros pró-guerra por “fazerem ameaças e plantarem as sementes do medo e do terror.”
“Sr. Primeiro Ministro, você está criando pânico, tentando nos assustar e nos aterrorizar. E, na verdade, nós estamos assustados : assustados por sua falta de discernimento…assustados porque vocês estão executando uma política perigosa e irresponsável.”
Mofaz terminou advertindo sobre a possível retaliação que os civis israelenses teriam de sofrer caso houvesse um ataque não provocado contra o Irã por um programa de armas nucleares que esse país não tem.
Respondendo às advertências de militares e políticos, Ehud Barak afirmou que somente uns 500 civis deveriam morrer num contra-ataque iraniano, mas seriam muitas vezes mais, caso o Irã viesse a ter armas nucleares.
O Ministro da Defesa Civil, Maran Vilnai, repetiu Barak, em entrevista ao jornal Maariv.
Falou que, desencadeado um conflito com o Irã, haveria uma chuva de mísseis caindo sobre as cidades israelenses, mas que matariam não mais do que 500 civis.
Refletindo esse clima, os jornais israelenses, na última semana, aventaram a possibilidade ou mesmo probabilidade, de um bombardeio israelense antes das eleições americanas de novembro.
Em 15 de outubro, o jornal Ynet News, publicou uma entrevista com uma alta autoridade anônima (analistas crêem que se trata de Ehud Barak) sobre uma proposta feita por Bibi de renunciar a um ataque unilateral.
Obama precisaria apenas subir o tom contra o Irã.
E Obama topou. Em discurso na AIPAC (maior lobby judaico-americano), ele afirmou que os EUA não permitiriam que o Irã tivesse um programa nuclear e que Israel tinha todo o direito de agir independentemente.
Com isso, violou o art.2 (4) da Carta das Nações Unidas que proíbe o uso de força e mesmo a ameaça do uso de força contra um país caso não haja perigo iminente por parte dele.
Esse artigo ficou um tanto desmoralizado depois que Bush, quando invadiu o Iraque,fez exatamente o que era proibido e não aconteceu nada.
Mas Bibi quis mais.
Tanto o povo (conforme pesquisa), quanto os militares e vários líderes de opinião eram contra que Israel bombardeasse o Irã sozinho. Tudo bem se os americanos viessem junto.
Isso traria grandes vantagens: com os poderosos aviões de Tio Sam mandando ver ao lado da força aérea israelense, os estragos seriam maiores, tanto nas instalações nucleares iranianas, quanto em seus sistemas de lançamentos de mísseis.
De um lado, o programa militar do Irã seria atrasado por muitos e muitos anos; de outro seu poder de retaliação seria muito menor, causando baixas igualmente menores.
Daí a proposta feita por Bibi: ele renunciaria a seus planos unilaterais desde que os EUA mudassem sua linha vermelha, tornando-a igual à de Israel.
Explicando melhor: a linha vermelha americana é o inicio do programa militar nuclear iraniano. Isso acontecendo, os EUA prometeram que atacariam.
Já a linha vermelha de Israel é simplesmente a capacitação iraniana para produzir bombas nucleares.
Assumindo a linha vermelha israelense como a dos EUA, Obama automaticamente ficaria comprometido com o ataque ao Irã em prazo curto.
Mais do que se pensa, pois, para muitos experts na matéria, enriquecer o urânio como Teerã está fazendo demonstra capacidade nuclear.
E o Irã não vai renunciar ao enriquecimento do urânio, necessário para produção de eletricidade e objetivos medicinais. Mesmo porque as leis e acordos internacionais lhe dão esse direito.
A jogada de Bibi é magistral.
Evidentemente, ele não espera que Obama concorde em mandar seus bombardeios e vasos de guerra contra o Irã antes das eleições. O povo americano está farto de guerras, reagiria mal se o seu país embarcasse em mais uma.
Isso poderia significar muitos votos em Romney, talvez a vitória da dupla R-R.
Tudo bem para Bibi, que os americanos só ataquem depois das eleições.
Aceitando a linha vermelha israelense, Obama ficaria comprometido a participar do bombardeio assim que fosse comprovada a capacitação nuclear iraniana. O que seria logo.
Re-eleito será difícil para ele fugir à sua palavra. Teria de topar a solução dos linha dura de Israel.
Até agora Obama não respondeu se aceita ou não mudar sua linha vermelha.
Alguns analistas sustentam que Bibi vai esperar até setembro, pela reunião da Assembléia Geral da ONU.
Será um excelente momento para Obama anunciar ao mundo que cedeu e vai aceitar a linha vermelha de Israel como sua.
Claro, ele pode negar-se, manter a posição americana de considerar casus belli com o Irã só o início inequívoco de um programa nuclear militar.
Que, aliás, seria fácil de detectar: as agências de inteligência americana com fotos e filmes de satélites, sensores e outros aparelhos super-avançados de espionagem não deixam escapar nada do que acontece nas instalações nucleares do Irã.
Se, apesar dos compromissos, Obama insistir em ficar de fora, então Bibi atacará.
Em outubro, logo depois da Assembléia da ONU.
Ele tem como certo que Obama acabaria intervindo. O temor de perder o voto judeu-americano é muito grande.
Especialmente na Florida que é o estado com mais votos eleitorais entre aqueles seis que não tem um histórico de posição definida por um determinado partido e onde o voto judeu pesa.
Mas a entrada dos EUA na guerra só poderia acontecer num segundo momento, depois da retaliação iraniana e da morte de centenas, talvez de milhares de cidadãos israelenses.
Barak já disse: morreriam muitos mais se o Irã construir seus armamentos nucleares.
De um modo ou de outro, a guerra parece certa.
Sem motivo justo como a do Iraque. Possivelmente mais destruidora porque o Irã não é o Iraque, tem um exército muito bem armado e superiormente motivado; seu povo, mesmo os oposicionistas, vai defender seu país, até por uma questão de orgulho nacional.
O que faz lembrar uma frase de Karl Marx:
”A História sempre se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa"...A historia das sociedades até hoje é a historia das lutas de classes.
OBS: Para quem se interessar, segue mais noticias:
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Planos de guerra de Israel para atacar o Irão "antes das eleições nos EUA"
Via Resistir.info por Michel Chossudovsky
O Canal 10 de Israel sugere, violentamente, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está "determinado a atacar o Irão antes das eleições nos Estados Unidos" e que o "momento para a acção está a ficar mais próximo". "Israel está agora "mais próxima do que nunca de um assalto destinado a aniquilar a iniciativa nuclear do Irão".
A reportagem neste momento sugere que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak acreditam firmemente que o presidente Obama "não teria outra escolha senão dar apoio a um ataque israelense" [se] fosse travado antes das eleições presidenciais de Novembro.
O repórter militar da estação de TV, Alon Ben-David, ao qual no princípio deste ano foi dado acesso vasto à Força Aérea de Israel quando esta treinava para um possível ataque, relatou que, uma vez que as sanções agravadas contra o Irão deixaram de obrigar a uma suspensão do programa nuclear iraniano nos últimos dois meses, "do ponto de vista do primeiro-ministro, o momento para a acção está a ficar mais próximo".
Perguntado pelo âncora do noticiário na reportagem da TV em língua hebraica sobre quão próximo estava agora Israel de "uma decisão e talvez um ataque", Ben-David disse: "Parece que estamos mais próximos do que nunca".
Parece que, disse ele, Netanyahu não estava à espera de uma muita discutida possível reunião com o presidente Barack Obama, após a Assembleia-Geral da ONU em Nova York no próximo mês – na verdade, "não está claro que haverá uma reunião". Em qualquer caso, disse Ben-David, "duvido que Obama pudesse dizer qualquer coisa que convencesse Netanyahu a atrasar um possível ataque".
Há considerável oposição a um assalto israelense a instalações nucleares do Irão, observou a reportagem – com o presidente Shimon Peres, o chefe do Estado Maior Geral do Exército e generais de alta patente, a comunidade de inteligência, o líder da oposição Shaul Mofaz, "e naturalmente os americanos", todos alinhados contra uma acção israelense nesta fase.
Mas, observou Ben-David, é o governo israelense que terá de tomar a decisão e aí Netanyahu está "quase garantido" com uma maioria. Outros media hebraicos na terça-feira informaram também que Netanyahu enviou um alto responsável, o Conselheiro de Segurança Nacional Yaakov Amidror, para actualizar o idoso líder espiritual do Shas, o ultra-ortodoxo partido da coligação, Rabbi Ovadia Yosef, sobre o estado do programa nuclear iraniano, a fim de tentar ganhar o apoio dos ministros do Shas no governo para um ataque ( Times of Israel , ênfase acrescentada).
Numa reportagem anterior, Richard Silverstein apresenta pormenor de um documento militar vazado (traduzido do hebraico) que esboça a natureza do proposto "ataque de pavor e choque" ao Irão proposto por Netanyahu:
O ataque israelense será aberto com um assalto coordenado, incluindo um ciber-ataque sem precedente que paralisará totalmente o regime iraniano e a sua capacidade de saber o que está a acontecer dentro das suas fronteiras. A internet, telefones, rádio e televisão, satélites de comunicação e cabos de fibra óptica que conduzem a instalações críticas – incluindo as bases de mísseis em Khorramabad e Isfahan – serão postos fora de acção. A rede eléctrica por todo o Irão será paralisada e as subestações com transformadores absorverão danos severos das munições de fibra de carbono as quais são mais finas do que um cabelo humano, provocando curto-circuitos eléctricos cuja reparação exige a sua remoção total. Isto seria um trabalho de Sísifo considerando as munições de estilhaçamento(cluster) que seriam lançadas, algumas com retardadores de tempo e algumas activadas remotamente através da utilização de um sinal de satélite.
Uma barragem de dezenas de mísseis balísticos seria lançada de Israel em direcção ao Irão. Mísseis balísticos com alcance de 300 km seriam lançados de submarinos israelenses nas vizinhanças do Golfo Pérsico. Os mísseis não seriam armados com ogivas não convencionais [WMD], mas sim com munições de alto poder explosivo equipadas com pontas reforçadas destinadas especialmente a penetrar alvos endurecidos.
Os mísseis atingirão seus alvos – alguns explodindo acima do solo como aqueles que atacaram o reactor nuclear em Arak – o qual é destinado a produzir plutónio e trítio – e a instalação vizinha para a produção de água pesada; as instalações para a produção de combustível nuclear em Isfahan e as instalações para enriquecer hexafluoreto de urânio. Outros explodiriam abaixo do solo, como na instalação Fordo.
Uma barragem de centenas de mísseis de cruzeiro aniquilará sistema de comando e controle, instalações de investigação e desenvolvimento e as residências de pessoal sénior no aparelho de desenvolvimento nuclear e de mísseis. A inteligência reunida ao longo de anos será utilizada para decapitar completamente as fileiras dos profissionais e dos comandos do Irão nestes campos.
Após a primeira onda de ataques, a qual será seguida pela segunda, o satélite radar "Blue and White", cujos sistemas capacitam-no a efectuar uma avaliação do nível de dano feito aos vários alvos, passará sobre o Irão. Só depois de descriptar rapidamente os dados do satélite, a informação será transferida directamente para aviões de guerra a dirigirem-se encobertamente rumo ao Irão. Estes aviões da FAI serão armados com dispositivos electrónicos de guerra anteriormente desconhecidos do público mais vasto, nem mesmo revelado ao nosso aliado estado-unidense. Este equipamento tornará os aviões israelenses invisíveis. Aqueles aviões israelenses que participam no ataquem danificarão uma lista curta de alvos que exigem um novo assalto.
Dentre os alvos aprovados para ataque estão: silos de mísseis balísticos Shihab 3 e Sejil, tanques de armazenagem de componentes químicos de combustíveis para foguetes, instalações industriais para produzir sistemas de controle de mísseis, fábricas de produção centrífuga e mais.
Richard Silverstein sublinha o facto de que há considerável oposição ao plano de Netanyahu-Barak para bombardear o Irão.
Será que esta oposição israelense prevalecerá se Netanyahu e seu ministro da Defesa tomassem a decisão de executar um plano de ataque?
Será Netanyahu um político dos EUA por procuração?
Quem está a apoiar Netanyahu? Há poderosos interesses económicos nos EUA que estão a favor de um ataque ao Irão.
Será isto um projecto de guerra israelense ou é o primeiro-ministro de Israel um procurador dos EUA a actuar por conta do Pentágono?
O que acontece se Netanyahu der a ordem para atacar? Será que esta ordem será executada pelo alto comando de Israel apesar da vasta oposição dentro das Forças Armadas de Israel?
A questão não é se Washington dará um sinal verde a Israel antes das eleições nos Estados Unidos como transmitido pelos medida israelenses.
A questão fundamental desdobra-se em duas:
1. Quem ao nível político decide acerca do lançamento desta guerra? Washington ou Tel Aviv?
2. Quem em última análise decide – em termos de comando e controle militar – por em execução um teatro de guerra em grande escala no Médio Oriente: Washington ou Tel Aviv?
Israel é de facto um posto militar avançado dos EUA no Médio Oriente. As estruturas de comando estado-unidense e israelense estão integradas, com consultas estreitas entre o Pentágono e o Ministério da Defesa de Israel. Como informado em Janeiro último, um grande número de soldados dos EUA estão estacionados em Israel. Jogos de guerra conjuntos entre os EUA e Israel também estão contemplados.
Planos de guerra EUA-Israel-NATO contra o Irão têm estado em andamento desde 2003 incluindo a instalação e acumulação de sistemas de armas avançados.
As reportagens dos media israelense são enganosas. Israel não pode sob quaisquer circunstância travar uma guerra contra o Irão sem o apoio militar dos EUA e da NATO.
Sistemas de armas avançadas foram instalados. Os EUA e Forças Especiais aliadas bem como operacionais de inteligência já estão no terreno dentro do Irão. Drones militares dos EUA estão envolvidos em actividades de espionagem e reconhecimento.
Bombas nucleares tácticas B61 contra casamatas ( Bunker buster B61 ) destinam-se a serem utilizadas contra o Irão em retaliação pelo seu alegado programa de armas nucleares.
As acções militares contra o Irão são coordenadas com aquelas relativas à Síria.
Do que estamos a tratar é de uma agenda militar global, centralizada e coordenadas pelo US Strategic Command ( USSTRATCOM ) envolvendo logística complexa, ligação com várias entidades militares e de inteligência. Em 2005, o USSTRATCOM foi identificado como "o principal Comando Combatente para integração e sincronização dos vastos esforços do Departamento da Defesa no combate a armas de destruição em massa". Esta integração do Comando Combatente também incluía coordenação com aliados da América incluindo a NATO, Israel e um certo número de estados árabes da linha de frente, os quais são membros do diálogo Mediterrâneo da NATO.
Neste contexto mais vasto da guerra imperial coordenada pelo USSTRATCOM em ligação com o US Central Command ( USCENTCOM ), o plano de ataque de Netanyahu contra o Irão induz a ilusão de que Tel Aviv ao invés de Washington decide acerca do travar de uma guerra ao Irão.
As reportagens dos media israelenses mencionadas acima transmitem a impressão de que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak estão em posição de actuar independentemente de Washington, bem como de forçar Obama a apoiar um ataque de Israel ao Irão.
A noção de que Israel poderia actuar sozinho e contra os interesses dos EUA faz parte de uma campanha de desinformação subtil. Há uma antiga prática de politica de Washington de encorajar seus aliados próximos a darem o primeiro passo na direcção da guerra, com o Pentágono a puxar os pauzinhos nos bastidores.
Não tenhamos ilusão, os planos de guerra contra o Irão, os quais têm estado nos estiradores do Pentágono desde 2003, são estabelecidos aos mais altos níveis em consulta e coordenação com Tel Aviv e a sede da NATO em Bruxelas.
Se bem que Israel participe na condução da guerra, não desempenha um papel central predominante no estabelecimento da agenda militar.
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32428
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Tiros de aviso russos: o conflito sírio arrisca degenerar em guerra mundial
Via Correio da Cidadania
THIERRY MEYSSAN
A crise síria mudou de natureza. O processo de desestabilização que devia abrir a porta a uma intervenção militar legal da aliança atlântica falhou. Tirando a máscara, os Estados Unidos evocaram publicamente a possibilidade de atacar a Síria sem o aval do Conselho de Segurança, como fizeram no Kosovo. Seria fingir ignorar que a Rússia de Vladimir Putin não é a de Boris Yeltsin. Após se ter assegurado do apoio chinês, Moscou disparou dois tiros de aviso em direção a Washington. A continuação das violações do direito internacional pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e pelo CCG (Conselho de Segurança do Golfo) arrisca agora abrir um conflito mundial.
Quando da celebração da vitória contra o nazismo, a 9 de junho último, o presidente Vladimir Putin insistiu na necessidade, para a Rússia, de estar pronta para novos sacrifícios. O presidente Vladimir Putin inaugurou o seu terceiro mandato sob o signo de afirmação da soberania do seu país face às ameaças diretamente lançadas contra a Federação Russa pelos Estados Unidos e pela OTAN. Moscou denunciou muitas vezes o alargamento da OTAN, a instalação de bases militares junto às suas fronteiras e a implantação do escudo antimíssil, a destruição da Líbia e a desestabilização da Síria.
Nos dias seguintes à sua entronização, o senhor Putin passou em revista a indústria militar russa, as suas forças armadas e o seu dispositivo de aliança (1). Ele manteve esta mobilização escolhendo fazer da Síria a linha vermelha a não ser cruzada. Para ele, a invasão da Líbia pela OTAN é comparável à da Tchecoslováquia pelo III Reich, e a da Síria – se viesse a ocorrer – seria comparável à da Polônia que desencadeou a 2ª Guerra Mundial.
Toda a interpretação do que se passa no Levante em termos de assuntos internos sírios e de revolução/repressão é não somente falso, mas irrisório em relação às verdadeiras manobras, derivando da simples comunicação política. A crise síria é, antes de mais nada, uma simples etapa da “remodelação do Oriente Médio alargado, “uma nova tentativa de destruir o ‘eixo da Resistência’, e a primeira guerra da ‘geopolítica do Gás Natural’” (2). O que se joga atualmente na Síria não é saber se Bashar el-Assad irá democratizar as instituições que recebeu de herança ou se as monarquias wahabitas do Golfo irão destruir o último regime laico da região e impor o seu sectarismo, mas que fronteiras separam os novos blocos, OTAN e OCS (Organização de Cooperação de Xangai). (3)
Alguns dos nossos leitores tiveram provavelmente um sobressalto à leitura do parágrafo anterior. Com efeito, há meses, que a mídia ocidental e a do Golfo martelam diariamente que o presidente el-Assad encarna uma ditadura sectária em proveito da minoria alauíta, enquanto a sua oposição armada encarna a democracia pluralista.
Um simples olhar sobre os acontecimentos basta para desacreditar esta apresentação mentirosa. Bashar el-Assad convocou sucessivamente eleições municipais, um referendo e eleições legislativas. Todos os observadores foram unânimes em afirmar que os escrutínios decorreram de forma limpa. A participação popular atingiu mais de 60% enquanto os ocidentais as qualificaram de “farsas”, e a oposição armada que eles apoiam impediu os cidadãos de se dirigirem às urnas nos quatro distritos que controlam. Ao mesmo tempo, a oposição armada multiplicou as ações não só contra as forças de segurança, como contra os civis e todos os símbolos de cultura e do multi-confessionalismo. Assassinaram os sunitas progressistas, depois mataram ao acaso alauítas e cristãos para obrigar as suas famílias a fugirem. Queimaram mais de mil e quinhentas escolas e igrejas. Eles proclamaram um efêmero Emirado islâmico independente em Baba Amr, onde instituíram um tribunal revolucionário que condenou à morte mais de 150 descrentes, degolados um a um em público pelo seu carrasco.
E não é o piedoso espetáculo de alguns políticos transviados, reunidos no seio de um Conselho Nacional Sírio no exílio, exibindo um projeto democrático de fachada desligado da realidade no terreno dos crimes do Exército “Sírio” Livre, que irá mascarar por muito tempo a verdade. De resto quem pode crer que o regime laico sírio, cuja exemplaridade era gabada ainda há pouco, teria virado uma ditadura confessional, enquanto que o Exército “Sírio” Livre, apoiado pelas ditaduras wahabitas do Golfo e obedecendo às ordens de pregadores takfiristas, seria um estandarte do pluralismo democrático?
A evocação pelos dirigentes dos EUA duma possível intervenção internacional sem mandato da ONU, ao modo como a OTAN desmembrou a Iugoslávia, suscitou inquietação e cólera em Moscou. A Federação Russa, que até aqui se mantinha em posição defensiva, decidiu tomar a iniciativa. Esta mudança estratégica deveu-se à urgência da situação do ponto de vista russo, e à evolução favorável sobre o terreno na Síria (4).
Moscou propôs criar um Grupo de Contato sobre a Síria, que reuniria o conjunto dos Estados interessados, quer dizer respectivamente os Estados vizinhos, as potências regionais e internacionais. Trata-se de substituir por um fórum de diálogo o atual dispositivo belicoso posto em marcha pelos Ocidentais sob o título orwelliano de “Conferência dos Amigos da Síria”.
A Rússia continua a apoiar o plano Annan – que é de fato a retomada ligeiramente modificada do plano apresentado por Serguei Lavrov à Liga Árabe. Ela deplora que este plano não seja aplicado, mas atira a culpa sobre a facção da oposição que pegou em armas.
Segundo A.K. Lukashevich, um dos porta-vozes do ministério dos Negócios Estrangeiros, o Exército “Sírio” Livre é uma organização ilegal face ao Direito Internacional. Mesmo que ele assassine diariamente 20 a 30 soldados sírios, ele é publicamente apoiado pelos Estados da OTAN e do CCG em violação ao plano Annan (5).
Colocando-se como pacificador face a uma OTAN belicista, Vladimir Putin pediu à OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) para preparar a colocação de “chapkas azuis” na Síria, tanto para separar os beligerantes sírios como para combater as forças estrangeiras. Nicolai Bordyuzha, secretário-geral da OTSC, confirmou que dispunha de 20.000 homens preparados para este tipo de missão e disponíveis no imediato (6). Seria a primeira vez que a OTSC colocaria uma força de paz fora do antigo espaço soviético. Atingido em cheio, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tentou sabotar a iniciativa, propondo-se subitamente a organizar ele também um grupo de contato.
Reunindo em Washington o grupo de trabalho sobre as sanções da Conferência dos Amigos da Síria, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, ignorou a proposta russa e reforçou a ideia a favor de uma mudança de regime. (7)
Na Turquia, parlamentares da oposição visitaram os campos de refugiados sírios. Eles constataram a ausência de mais de um milhar de refugiados registrados pelas Nações Unidas no campo principal e, por outro lado, a presença de um arsenal no campo. Interrogaram então na Assembleia o primeiro-ministro Recep Tayyp Erdogan, exigindo que ele revele o montante de ajuda humanitária atribuída aos refugiados fantasmas.
Os deputados consideram que o campo de refugiados é uma cobertura para uma operação militar secreta. Ele abriga na realidade combatentes, principalmente líbios, que o utilizam como base de retaguarda. Os deputados colocaram a hipótese de que estes combatentes sejam os que se infiltraram no distrito de Houla quando o massacre foi ali perpetrado.
Estas informações confirmam as acusações do embaixador russo no Conselho de Segurança, Vitaly Churkin, segundo as quais o representante especial de Ban Ki-moon na Líbia, Ian Martin, utilizou os meios da ONU destinados aos refugiados para encaminhar para a Turquia combatentes da Al-Qaeda (8).
Na Arábia Saudita, a fratura entre o Rei Abdallah e o clã dos Sudeiris manifestou-se de novo. A convite de Abdallah 1º, o Conselho dos Ulemas publicou uma fatwa estipulando que a Síria não é uma terra de jihad. Mas, ao mesmo tempo, o príncipe Faisal, ministro dos Negócios Estrangeiros, apelava a armar a oposição contra o “usurpador Alauíta”.
O dia de quinta-feira, 7 de junho, foi rico em acontecimentos. Enquanto Ban Ki-moon e Navi Pillay, respectivamente secretário-geral e alto-comissário para os Direitos Humanos, apresentavam a sua acusação contra a Síria diante da Assembleia Geral da ONU, Moscou procedia a dois tiros de mísseis balísticos intercontinentais.
O míssil Bulava tira o nome de uma antiga arma eslava que servia de bastão de marechal dos exércitos cossacos.
O coronel Vadim Koval, porta-voz do RSVN (Forças Russas Espaciais Estratégicas), admitiu o teste de um Topol – lançado de um silo perto do Cáspio –, mas não confirmou o de um Boulava a partir de um submarino no Mediterrâneo.
No entanto, o disparo foi observado em todo o Oriente próximo, de Israel à Armênia, e não existe nenhuma outra arma conhecida que possa deixar tais rastros no céu (9).
A mensagem é clara: Moscou está pronto para a guerra mundial, se a OTAN e o CCG não se conformarem às obrigações internacionais, como as definidas pelo plano Annan, e persistirem em alimentar o terrorismo.
Segundo as nossas informações, este tiro de advertência foi coordenado com as autoridades sírias. Da mesma forma que Moscou tinha encorajado Damasco a liquidar o Emirado islâmico de Bab Amr assim que a autoridade do presidente el-Assad foi confirmada pelo referendo constitucional, encorajou o presidente a liquidar os grupos de mercenários presentes no país assim que o novo Parlamento e o novo primeiro-ministro tomassem posse. Foi dada a ordem de passar de uma posição defensiva à ação ofensiva para proteger a população do terrorismo. O exército nacional passou, pois, ao ataque aos bastiões do Exército “Sírio” Livre. Os combates dos próximos dias anunciam-se difíceis, tanto mais que os mercenários dispõem de morteiros, mísseis antitanque e agora de mísseis terra-ar.
Para fazer baixar a tensão, a França aceitou de imediato a proposta russa de participação num Grupo de Contato ad-hoc. Washington despachou com urgência Frederic C. Hof para Moscou. Contradizendo as declarações da véspera da secretária de Estado, Hillary Clinton, o senhor Hof aceitou o convite russo.
Basta de lamentos sobre a extensão dos combates ao Líbano, ou de mentir sobre uma possível regionalização do conflito. Depois de 16 meses em que desestabilizam a Síria, a OTAN e o CCG criaram uma situação sem saída que pode agora degenerar em guerra mundial.
Cronologia de fatos:
7 de maio: investidura do presidente Vladimir Putin
8 de maio: nomeação de Dmitry Medvedev como primeiro-ministro.
9 de maio: celebração da vitória contra a Alemanha nazista.
10 de maio: visita ao complexo militar-industrial russo.
11 de maio: recepção do presidente Abkhaze
12 de maio: recepção do presidente Ossétia do Sul.
14-15 de maio: encontro informal com os chefes de Estado da OTSC.
18 de maio: visita do Instituto de pesquisa de defesa Cyclone.
25 de maio: revista dos submarinos atômicos.
30 de maio: reunião com os principais responsáveis da Defesa.
31 de maio: reunião do Conselho de Segurança russo.
4-7 de junho: visita à China, cúpula da OCS .
7 de junho: visita ao Cazaquistão durante o tiro de míssil Topol .
Notas:
1) Agenda do presidente Putin.
2) “ La Syrie, centre de la guerre du gaz au Proche-Orient “, par Imad Fawzi Shueibi, Réseau Voltaire, 8 mai 2012.
3) “ Moscou et la formation du Nouveau Système Mondial “, par Imad Fawzi Shueibi, Traduction Marie-Ange Patrizio, Réseau Voltaire, 13 mars 2012.
4) “ L’affaire de Houla illustre le retard du renseignement occidental en Syrie “, par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 2 juin 2012.
5) “ Comment of Official Representative of the Ministry of Foreign Affairs of Russia A.K. Lukashevich on the Question of Interfax related to the statement made by Representative of so-called Free Syrian Army S.Al-Kurdi “, Ministère russe des Affaires étrangères, 5 juin 2012.
6) “Syrie: Vladimir Poutine propose une Force de paix de l’OTSC”, Réseau Voltaire, 3 juin 2012.
7) “Friends of the Syrian People Sanctions Working Group”, déclaration à la presse d’Hillary Clinton, Département d’État, 6 juin 2012.
8) “ La Libye, les bandits-révolutionnaires et l’ONU “, par Alexander Mezyaev, Traduction Julia, Strategic Culture Foundation (Russia), Réseau Voltaire, 17 avril 2012.
9) “ 7 juin 2012 : la Russie manifeste sa supériorité balistique nucléaire intercontinentale “, Réseau Voltaire, 8 juin 2012.
Thierry Meyssan, francês, é jornalista, ativista político, fundador da Rede Voltaire e da Conferência Axis for Peace (Eixo para a Paz).
Fonte: Rede Voltaire.
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