O gênero romance é ilustrado com o texto ‘As Trevas da Caverna’, em O
Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder.
“Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna
subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos
pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás deles ergue-se um muro alto
e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se
elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas
figuras, elas projetam bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as
pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali
desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela
prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm àquelas sombras projetadas na parede
da caverna. Depois se consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha
que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro?
Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos
contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele
conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais
dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os 80
olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá
animais e flores de verdade, de que as figuras na parede não passavam de imitações baratas.
Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vem os animais e as flores. Ele
vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza,
assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas
na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza,
desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda
continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim
que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de
trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a
parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe. Por fim acaba
matando-o”.
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BIBLIOGRAFIA:
-CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2004.
-GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia: romance da história da Filosofia. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.
-PLATÃO. A República. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural Ltda, 1997.
-POSSAMAI, Darlei. Filosofia no Ensino Médio: O Genero Historia em quadrinhos numa perpectiva de letramento, Tubarão - SC, 2006.
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