quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
ISRAEL CADA DIA MAIS ISOLADO DEVIDO A SUA AMBIÇÃO
Apoio egípcio à causa palestina isola Israel no Oriente Médio
Via Brasil de Fato por Gilson Sampaio em seu blog
Partido da Irmandade Muçulmana compromete-se a lutar pela restauração dos direitos do povo palestino
Baby Siqueira Abrão
Correspondente no Oriente Médio
O Partido da Justiça e da Liberdade, órgão político da Irmandade Muçulmana (IM) no Egito, reafirmou apoio à luta do povo palestino pelo restabelecimento de seus direitos e pela constituição de um Estado soberano. Vencedor das recentes eleições legislativas egípcias – as primeiras depois que a população derrubou a ditadura de 30 anos de Hosni Mubarak –, o partido conseguiu 46% dos assentos do novo Parlamento. Para uma organização impedida de participar da vida política egípcia durante dezenas de anos, é um fato marcante – mas não surpreendente.
Com uma rede de ajuda social nos países de maioria muçulmana, trabalho reconhecido internacionalmente, a IM tem grande influência na vida política desses países. Governos patrocinados por nações como os Estados Unidos, como era o caso do Egito de Mubarak, costumam colocar a Irmandade à margem da política, temerosos da transformação da aprovação que ela têm entre a população, em especial a mais necessitada, em votos. As eleições egípcias provaram que a hipótese estava correta.
A declaração de apoio à causa palestina foi feita pelo presidente do partido, Mohamed Morsi, durante a visita de Khaled Meshaal, chefe do escritório político do Hamás, ao Cairo. Meshaal cumprimentou o partido pelo resultado nas eleições, enfatizou o papel da população egípcia na sustentação da luta do povo palestino desde o início da ocupação israelense e agradeceu os esforços do governo do Egito para pôr fim à divisão entre os partidos palestinos e ao bloqueio a Gaza.
Morsi reafirmou que a causa palestina “esteve, está e estará sempre no coração do povo egípcio e no Partido da Liberdade e da Justiça”. Ele também lembrou que o apoio aos palestinos foi um dos pontos-chave da revolução egípcia, afirmando que a população do país sempre rejeitou as atitudes do governo Mubarak em relação à Palestina, principalmente a falta de suporte à resistência contra a ocupação sionista. Morsi acrescentou que apoiará o estabelecimento do Estado palestino “em todos os territórios ocupados, com Jerusalém como capital”. “Também trabalharemos pelo direito de retorno dos refugiados palestinos”, assegurou.
Mohammed Badi’a, líder da Irmandade Muçulmana, também manifestou apoio à Palestina. “É preciso completar o processo de reconciliação dos partidos palestinos rapidamente, com base em princípios que satisfaçam todas as partes e as una com força total para fazer frente ao projeto colonial israelense”, afirmou Badi’a.
Para o governo sionista, essas declarações significam o fim da expectativa da manutenção do acordo de paz assinado com Mubarak após a Guerra dos Seis Dias (1967), por ocasião da devolução do Sinai, região ao norte do Egito que foi ocupada pelas forças militares israelenses durante o conflito. Tanto o governo de Israel como o dos Estados Unidos vinham se esforçando para a preservação do acordo, acenando para os atuais dirigentes egípcios, ligados a Mubarak, com mais ajuda financeira e militar.
A IM, porém, já avisara que submeteria o acordo de paz entre Egito e Israel a plebiscito popular. Agora, com o resultado das eleições, as declarações oficiais de apoio à Palestina e a rejeição da população egípcia a Israel, é praticamente certo o fim do acordo. O país sionista ficará oficialmente ainda mais isolado no Oriente Médio, restando-lhe apenas o pacto de paz com a Jordânia. A Turquia, ex-parceira, cortou relações com Israel em consequência do ataque das forças navais israelenses ao navio Mávi Mármara e o assassinato, a sangue-frio, de nove pacifistas turcos que estavam na embarcação (em 2010, ela participava da Frota da Liberdade, que levava ajuda humanitária a Gaza e foi impedida com violência de seguir viagem, em águas internacionais). O governo turco deu por encerradas suas relações diplomáticas com Israel quando os dirigentes sionistas recusaram-se a pedir desculpas pelo ataque e pelos assassinatos.
Isolados também internacionalmente, recebendo críticas até mesmo do Conselho de Segurança da ONU e de países-parceiros, líderes da União Europeia, os sionistas aumentam a repressão aos palestinos por meio de ataques militares, da agressão por parte de colonos nacionalistas ultra-ortodoxos e de leis que intensificam o regime de apartheid – a mais recente proíbe os palestinos casados com as/os nascidos em Israel de receber cidadania israelense, o que causará a separação de centenas de famílias. Para analistas políticos como Mazin Qumsieh, professor doutor da Universidade de Belém, esse é um sinal típico de quem sabe que está perdendo o jogo. Para ele, a “aventura colonialista” dos sionistas caminha rapidamente para o final.
Uma leitura mais atenta das declarações dos líderes egípcios também indicam isso. Note-se que Morsi, do Partido Justiça e Liberdade, falou em “todos os territórios ocupados, com Jerusalém como capital”, e não nos territórios ocupados em 1967, com Jerusalém oriental como capital, o que aponta para uma luta contra a ocupação de toda a Palestina histórica, consolidada com a criação de Israel, em 1948. A afirmação de Ba’dia, líder da Irmandade Muçulmana, sobre o direito de retorno dos refugiados palestinos e a união dos partidos, “para fazer frente ao projeto colonial israelense”, pode ser analisada sob a mesma ótica. A Intifada Árabe, que o Ocidente batizou de “Primavera”, cada vez mais coloca os sionistas contra uma parede que eles mesmos construíram.
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